quarta-feira, 31 de agosto de 2011

CAÓTICA POLÍTICA DE SEGURANÇA PÚBLICA E DEFESA NACIONAL

Hiram Reis e Silva, Porto Alegre, RS, 31 de agosto de 2011

Os pouco mais de 150 moradores da maloca de Karamambatai, situada há menos de 10 quilômetros ao norte da Maloca da Serra do Sol, são indígenas da República Cooperativista da Guiana, que falam fluentemente o idioma inglês e desconhecem o que vem a ser o verde amarelo da bandeira brasileira. (Eliéser Girão Monteiro Filho)

Mais uma vez, reportamos as considerações de nosso caro Ir:. Eliéser Girão Monteiro Filho, Secretário de Segurança Pública de Roraima, sobre questões que afetam a Segurança Pública e a Soberania de nosso país. Depois das funestas ações patrocinadas pelos obliterados entreguistas encastelados na Presidência da República, Supremo Tribunal Federal (STF) e Fundação Nacional do Índio (FUNAI) cabe, agora, ao General Monteiro tentar contornar as consequencias desses atos impatrióticos cometidos contra o povo de Roraima e a Nação brasileira.

O último rei muçulmano de Granada, Abu Abd Allāh Muhammad XII (dinastia Nasrida), depois de ter perdido seu reino, rompeu em prantos, e sua mãe censurando-o disse: “Choras como mulher o que não soubeste defender como homem”.

Preocupado com a possível criação de uma “Nação Guarani” dentro do Estado do Mato Grosso do Sul lançamos mais uma vez um alerta a respeito do resultado deste verdadeiro imbróglio que teve como artífice principal o então Ministro da Justiça, Tarso Genro, o Trotskista Surtado. A Nação Guarani, se criada, será uma réplica ampliada da Terra Indígena Raposa E Serra do Sol e abrigará, sem dúvida, em terras brasileiras - paraguaios, argentinos, bolivianos e uruguaios.

- Segurança Pública e Defesa Nacional

Fonte: Gen Eliéser Girão Monteiro Filho (foto), Secretário de Segurança Pública de Roraima.

Desde que o mundo foi criado, os homens e as nações são identificados por suas posses, sendo considerados ricos ou pobres. Essa classificação também é um determinante para o grau de avanço de uma sociedade, bem como para definir o poderio bélico que precisa ter para a defesa de seus bens.

Assim como as pessoas, os países também são classificados conforme seus posicionamentos, o que tem conduzido a reuniões em blocos conforme interesses comuns ou imposições. A liberdade de escolha fica em função da força de cada país, principalmente em função da situação financeira e, quando muito da situação política.

Essas classificações, na verdade, podem ser entendidas como discriminatórias. No século passado, a discriminação foi caracterizada ao ser efetuada uma catalogação de países por seu índice de desenvolvimento.

Desse raciocínio foram divididos por categorias: países de primeiro mundo, para aqueles que tinham tecnologia, matéria prima e desenvolvimento avançado; países subdesenvolvidos ou em desen­volvimento, para os enquadrados na situação intermediária; e países de terceiro mundo, para aqueles que não dispunham de tecnologia, e possuíam índices de desenvolvimento mais atrasados e insignificante poder dentro do complexo mercado financeiro internacional.

Na atualidade, um país que se considera grande precisa ter seus direitos assegurados pela força de seu povo. Assim, precisa ter convicção de seus poderes na mesma proporção de suas riquezas, naturais ou não. Para a proteção desses bens precisa desenvolver seus meios de defesa, tanto no tocante à defesa externa, quanto à defesa interna.

Tratando da defesa externa ou segurança nacional, podemos advir que o fato de não nos envolvermos diretamente numa guerra de defesa ou de conquista, há quase 150 anos, deixa a população e os políticos pensarem em não priorizar a destinação de recursos para esse fim. Mesmo no período dos governos militares, entre 1964 e 1985, os investimentos na área de segurança nacional foram muito abaixo da média mundial e principalmente do continente sul-americano.

Essa atitude agravou um desequilíbrio ainda maior na atualidade, quando outras nações do continente, especialmente a República Bolivariana da Venezuela, provocaram uma corrida ao mercado mundial de armamento para adequarem suas Forças Armadas ao que de mais moderno existe em uso.

Assim, podemos inferir que os governos brasileiros que se sucedem no poder têm sempre apresentado justificativas para postergarem os custosos e difíceis investimentos para as Forças Armadas e indústria de material de defesa. Por outro lado, a atenção da população e dos meios de comunicação em todas as cidades do Brasil tem sido pautada pelo descontentamento em relação à situação da segurança pública. São momentos diários em que os gestores públicos são execrados, quer pela inércia ou pela inapetência de prevenirem ou reprimirem os atos contrários aos direitos constitucionais de propriedade, de liberdade e de ir e vir. A segurança pública deixou de ser uma questão secundária ou um problema individual. As constantes ameaças que grupos armados têm feito aos poderes constituídos, criando áreas onde a entrada do Estado não é bem vinda, ou até mesmo permitida, mostra a urgência da providência.

Sob a justificativa de proteção aos direitos, sob a justificativa de proteção aos direitos humanos, preservação das liberdades individuais e maior justiça social, houve uma profusão de tolerâncias e até mesmo leniéricias, ultrapassando todos os limites e gerando um descontrole em todos os Estados da federação, principalmente nas maiores cidades. Os dias passam e os fatos se repetem numa frequência de incidência dos mesmos erros de ontem, e nada da estrutura democrática consegue romper a situação nem estancar o sangramento da perda da moral e dos valores pela sociedade.

Temos constatações de falha da gestão, em função de indefinições políticas em todos os níveis de governos, e de posturas que não acompanharam a evolução dos direitos do homem, mantendo práticas do passado, totalmente inadequadas ao presente. São ações e inações policiais que, à luz do direito, ou até mesmo de uma simples avaliação de uma criança, estão literalmente na contramão do que se pretende ao ser humano. Quando das reuniões bilaterais de Segurança feitas entre os países vizinhos, mostra-se plenamente inadequada a organização existente no Brasil, por dividir competências de segurança pública e de defesa nacional em regiões de fronteira, entre instituições pertencentes a diferentes ministérios.

É plenamente inaceitável que a violência policial seja considerada como o procedimento padrão para o trato com o cidadão. Hoje, a tônica das ações tem que prever a segurança pública com cidadania, procurando oferecer um policiamento de proximidade ao cidadão, motivando a participação do mesmo nas ações destinadas a sua proteção. Exemplos positivos são pouco identificados, ou melhor, rendem menor atenção por parte da mídia ou da população. Logo, no dia a dia das redações, o percentual de matérias que mostram atitudes negativas ultrapassa em muito aquele de atitudes consideradas positivas. Mesmo assim, na tentativa de recuperar o tempo perdido, alguns gestores da segurança pública têm envidado esforços para reverter essa situação, com ações que priorizam prevenir e reprimir o crime.

Se considerarmos que há necessidades maiores de segurança em regiões de fronteira, quer seja de segurança pública ou de defesa nacional, seria obrigatório que os poderes assim agissem, priorizando reforço de doutrina e de recursos para os Estados localizados nessas áreas geográficas. Em Roraima, apesar dos esforços atuais, considerando-se a situação geográfica de estarmos numa tríplice fronteira e termos quase 2.000 quilômetros de perímetro de fronteira, temos observado que essas prioridades por parte do governo federal estão aquém da necessidade, considerando-se o que tem sido distribuído aos demais Estados da federação.

Os recursos oriundos da segurança pública, isto é, do Fundo Nacional de Segurança Pública, e do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania, são os indutores da evolução tecnológica e das ações por parte das corporações policiais, principalmente nos Estados com menores possibilidades de receita, como Roraima. E, se não bastassem essas reclamações, relativas à segurança pública, podemos perguntar se o mesmo também acontece em relação à defesa nacional, pois as unidades militares das Forças Armadas sediadas em Roraima deveriam ter prioridade de meios e de pessoal, e sabemos que os orçamentos não têm sido generosos. Como novidade relacionada à defesa nacional, o governo federal, no contexto da Estratégia Nacional de Defesa, anunciou recentemente a criação de mais pelotões especiais de fronteira na Amazônia. Ora, essa estratégia da criação de pelotões na fronteira foi muito útil no século passado, mais precisamente em meados do século, quando se priorizou a vivificação da fronteira.

No presente momento, com as exclusões que têm sido criadas, principalmente pelo Poder Executivo Federal, na prática de demarcações de terras indígenas que teimam em chamar de política indigenista, ao retirarem de dentro de terras em área de fronteira populações que ali residiam há mais de 100 anos, com a justificativa de que são terras destinadas exclusivamente aos brasileiros de origens indígenas, esse tipo de estratégia é injustificável.

Precisam as Forças Armadas brasileiras reforçarem seus efetivos, atualizarem suas doutrinas e reforçarem a estratégia da dissuasão, com a aquisição de material bélico de primeira grandeza, mostrando aos demais países que uma aventura em relação aos direitos do Brasil poderá lhes ser muito cara.

Apresentemos ainda, tanto em relação à segurança pública, quanto á defesa nacional, algumas considerações da área fundiária adotadas pelo Ministério Público Federal, sob orientações difíceis de serem entendidas, quais sejam:

• Os povos indígenas tém o direito de constituir suas próprias estruturas de segurança das terras que lhe estão sendo destinadas. Reforçados que são pelos fatos de que somente pessoas autorizadas podem circular nessas regiões, gerando uma exclusão inaceitável de que os gestores da segurança pública estão ou estariam dentro desse universo de pessoas não autorizadas;

• Esses povos indígenas têm sido considerados como Nações Indígenas por grande parte da sociedade brasileira, até mesmo por instituições de ensino superior e grandes formadores de opinião. E, pior ainda, pela quase totalidade das demais nações, em função do que os representantes do Poder Executivo, membros do Ministério das Relações Exteriores, fizeram quando da assinatura da Declaração Internacional dos Direitos dos Povos Indígenas;

• E, finalmente, sob a bandeira dos programas sociais, meramente assistencialistas, indígenas de países vizinhos têm sido atraídos para virem se registrar no Brasil. Exemplos claros podem ser vistos no estudo da população da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima. Os pouco mais de 150 moradores da maloca de Karamambatai, situada há menos de 10 quilômetros ao norte da Maloca da Serra do Sol, são indígenas da República Cooperativista da Guiana, que falam fluentemente o idioma inglês e desconhecem o que vem a ser o verde amarelo da bandeira brasileira.

Soluções para os problemas listados existem e provavelmente são do conhecimento das autoridades. Precisamos de uma decisão política para o combate eficaz, que esperamos não tardar, para que aqueles que atuam fora da lei não se sintam agradecidos e protegidos. Para combatermos a situação atual da segurança pública, precisamos reconhecer as falhas na doutrina vigente e corrigirmos as ações do Estado, principalmente aquelas voltadas para a raiz social dos problemas que levam o cidadão à prática do crime, e para o apoio à ressocialização dos recém saídos do sistema penal.

Precisamos, também, realizar uma efetiva integração dos dois sistemas de segurança, se possível adotando uma postura de unificação dos mesmos sob uma única subordinação. Essa integração na área das fronteiras terá que envolver os demais órgãos federais, estaduais e municipais, principais atores presentes na região de fronteiras, tais como: as Forças Armadas, as Policias Federai e Rodoviária Federal, a Secretaria da Receita Federal, os órgãos do Sistema de Segurança Pública dos Estados e Municípios localizados dentro da região da faixa de fronteira.

Dever sem considerados também outros atores que estejam envolvidos diretamente na atividade, como por exemplo, a Fundação Nacional do lndio e a Fundação Nacional de Saúde. Assim sendo, afirmamos que a realidade atual precisa ser revista, sob pena de num futuro breve virmos a admitir que uma perda territorial seja algo natural e aceitável.

E pior, que para algumas localidades do Pais, precisaremos pedir a autorização aos donos do crime para circularmos ou oferecermos à população os serviços do Estado. Se desejarmos mudanças, temos que alterar o comportamento atual, caso contrário tudo continuará como antes. A decisão pertence a cada um de nós, brasileiros e, a cada dois ou quatro anos, eleitores.

A sorte esta lançada!

– Blog e Livro

Os artigos relativos ao “Projeto–Aventura Desafiando o Rio–Mar”, Descendo o Solimões (2008/2009), Descendo o Rio Negro (2009/2010), Descendo o Amazonas I (2010/2011), e da “Travessia da Laguna dos Patos I (2011), estão reproduzidos, na íntegra, ricamente ilustrados, no Blog http://desafiandooriomar.blogspot.com.

O livro “Desafiando o Rio–Mar – Descendo o Solimões” está sendo comercializado, em Porto Alegre, na Livraria EDIPUCRS – PUCRS;

- na rede da Livraria Cultura (http://www.livrariacultura.com.br);

- na Livraria Dinamic – Colégio Militar de Porto Alegre;

- ou pode ainda ser adquirido através do e–mail: hiramrsilva@gmail.com.

Para visualizar, parcialmente, o livro acesse o link:

http://books.google.com.br/books?id=6UV4DpCy_VYC&printsec=frontcover&dq=hiram+reis+e+silva&hl=pt-BR&ei=O0BcTt_wNart0gGK3PCPAw&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=1&ved=0CC4Q6AEwAA#v=onepage&q=hiram%20reis%20e%20silva&f=true

Coronel de Engenharia Hiram Reis e Silva

Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA); Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS); Vice-Presidente da Academia de História Militar Terrestre do Brasil/Rio Grande do Sul; Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS); Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional

Site: http://www.amazoniaenossaselva.com.br

E–mail: hiramrs@terra.com.br


VOCÊ FICARIA DE PÉ?

Esta é uma história verdadeira que aconteceu a alguns anos, na Universidade da Carolina do Sul, nos Estados Unidos


Havia um professor de filosofia que era um ateu convicto.

Sempre sua meta principal era tomar um semestre inteiro para provar que DEUS não existe.
Os estudantes sempre tinham medo de argui-lo por causa da sua lógica impecável.
Por 20 anos ensinou e mostrou que jamais haveria alguém que ousasse contrariá-lo, embora, às vezes surgisse alguém que o tentasse, nunca o venciam.
No final de todo semestre, no último dia, fazia a mesma pergunta à sua classe de 300 alunos:
- Se há alguém aqui que ainda acredita em Jesus, que fique de pé!
Em 20 anos ninguém ousou levantar-se...
Sabiam o que o professor faria em seguida. Diria: - Porque qualquer um que acredita em Deus é um tolo! Se Deus existe impediria que este giz caísse ao chão e se quebrasse.
Esta simples questão provaria que Ele existe, mas, não pode fazer isso!
E todos os anos soltava o giz, que caia ao chão partindo-se em pedaços.
E todos os estudantes apenas ficavam quietos, vendo a DEMONSTRAÇÃO.
A maioria dos alunos pensavam que Deus poderia não existir. Certamente, havia alguns cristãos, mas, todos tiveram muito medo de ficar de pé.
Bem... há alguns anos chegou a vez de um jovem cristão que tinha ouvido sobre a fama daquele professor. O jovem estava com medo, mas, por três meses daquele semestre orou todas as manhãs, pedindo que tivesse coragem de se levantar, não importando o que o professor dissesse ou o que a classe pensasse. Nada do que dissessem abalaria sua fé... ao menos era seu desejo.
Finalmente o dia chegou. O professor disse:
- Se há alguém aqui que ainda acredita em Jesus, que fique de pé!
O professor e os 300 alunos viram atônitos, o rapaz levantar-se no fundo da sala.
O professor gritou:
- Você é um TOLO!!! Se Deus existe impedirá que este giz caia ao chão e se quebre!
E começou a erguer o braço, quando o giz escorregou entre seus dedos, deslizou pela camisa, por uma das pernas da calça, correu sobre o sapato e ao tocar no chão simplesmente rolou, sem se quebrar.
O queixo do professor caiu enquanto seu olhar, assustado, seguia o giz.
Quando o giz parou de rolar levantou a cabeça... encarou o jovem e... saiu apressadamente da sala.
O rapaz caminhou firmemente para a frente de seus colegas e, por meia hora, compartilhou sua fé em Jesus. Os 300 estudantes ouviram, silenciosamente, sobre o amor de Deus por todos e sobre seu poder através de Jesus.


Muitas vezes passamos por situações em que acreditamos que "nosso giz" vai quebrar, mas Deus, com sua infinita sabedoria e poder faz o contrário, por isso, você tem duas opões:

1ª- Não crer em Deus
2ª- Crer que Deus existe e para Ele nada é impossível, até um giz cair e não se quebrar.

Nos tempos atuais, as pessoas se preocupam mais com a parte material, trabalhar o tempo todo, sem se preocupar ficar mais com a família e muito menos, pensar em procurar Deus, ir a uma igreja ouvir o que Deus tem a nos dizer.
Muitos são como esse professor, não crêem que Deus existe.
muitos passam por dificuldades e já não crêem mais em Deus e não têm mais nenhuma esperança quanto ao futuro.
Devemos colocar nossa esperança em Deus e crer que Ele pode tudo, Ele resolve. Não podemos nos entregar ao desânimo, tristeza, pois Deus nos ama e nunca nos abandona.
Temos que conversar com Ele, em qualquer momento de sua vida, principalmente se estiver passando por dificuldades, embora que, se tivermos felizes, também devemos compartilhar nossa alegria com Deus, através de agradecimentos, cânticos e louvores ao nosso Bom Jesus, que nos ama e nos quer felizes e que levemos essa alegria as pessoas que precisam de nós, pois existem muitas pessoas em situações piores.
Nunca perca a fé em Cristo Jesus, pois é ela que vai fazer você conseguir enfrentar qualquer obstáculo que surgir em sua vida e fazer com que você tenha coragem e fique em pé.

EU ESTOU DE PÉ!!!

ALGUÉM ME ACOMPANHA?

terça-feira, 30 de agosto de 2011

OBNUBILADOS NOS REFOLHOS

Hiram Reis e Silva, Porto Alegre, RS, 30 de agosto de 2011

(...) Lula transformou-se em um marqueteiro de si mesmo”. (Paulo Brossard)

Paulo Brossard de Souza Pinto

O ex-ministro, advogado, jurista, professor e político brasileiro Paulo Brossard nasceu em Bagé, RS, no dia 23 de outubro de 1924, filho de Francisco de Souza Pinto e Alila Brossard de Souza Pinto. Formou-se em Direito, em 1947, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul e ministrou aulas na Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Foi eleito Deputado Estadual pelo PL nos anos de 1954, 1958 e 1962 e, depois da Revolução de 1964, filiou-se ao MDB sendo eleito, em 1966, Deputado Federal. Eleito senador em 1974 foi primeiro vice-presidente nacional do MDB no período de 1975 a 1979. De 1978 a 1980, foi líder da bancada no Senado até a criação do PMDB. Foi Consultor-geral da República do governo Sarney e mais tarde Ministro da Justiça até sua nomeação para ministro do Supremo Tribunal Federal, em 1989, cargo que lhe garantiu um assento no Tribunal Superior Eleitoral corte para a qual foi eleito presidente em 1992. Aposentou-se do Supremo Tribunal Federal em 1994.

Brossard sempre foi um homem determinado e mordaz nas suas críticas aos governos e desgovernos. Embora o artigo abaixo tenha sido escrito há alguns meses vale a pena reportá-lo já que, infelizmente, a grande mídia amordaçada e compromissada não lhe tenha dado o devido e necessário destaque. O próprio título merece uma reflexão à parte, Obnubilado significa escurecendo e Refolho a parte mais íntima da alma.

Obnubilados nos Refolhos

Fonte: Paulo Brossard, quinta-feira, 28 de abril de 2011

Depois da Festa dos bandidos a Conta dos otários

A 31 de dezembro de 2010, findou-se o octonado do presidente Luiz Inácio, que proclamou ter sido o maior e melhor de todos os governos.

No dia 1º de janeiro de 2011, teve início o quadriênio da senhora Dona Dilma e, sem demora, o Banco Central elevou o juro básico, ao mesmo tempo em que deixava claro que outros aumentos estavam previstos.

Já agora, mal completados 60 dias de governo, o mesmo Banco Central, aumentou pela segunda vez em meio por cento o juro básico, que passou para 11,75%, tudo por conta da inflação. Desta maneira, o Brasil cresceu na liderança mundial do juro real, descontada a inflação, agora a 6,1% ao ano, ficando a Austrália em segundo lugar, com 2% ao ano.

Não votei na senhora presidente, mas me parece conveniente, senão necessário, salientar que, enquanto ao governo do ex-presidente cabem todas as benemerências, as maleficências vêm sendo imputadas ao governo que se inaugura. Assim, a inflação apregoada surgiu de inopino no dia 1º, 2 ou 3 de janeiro, e dela não se sabia gorda e luzidia antes de 31 de dezembro, guardada nos refolhos oficiais para aparecer no dia 19 de janeiro a motivar o primeiro Ukase do Banco Central? Ou alguma coisa está mal contada nessa estória?

Afinal, houve o propósito de mascarar a inflação para não obnubilar o maior e melhor de todos os governos, deixando à malícia a incumbência de colocar no colo da senhora presidente, entre as flores da posse, a febre que se alastra? Sem falar em inapagável traço burlesco, o ministro da Fazenda do maior e melhor dos governos continua sendo o ministro da Fazenda do governo que acaba de descobrir uma conta de “saldos a pagar” que rivaliza com o dobro do custo estimado do trem bala do Rio a São Paulo.

Outro dado de particular relevo envolve a responsabilidade do ex-presidente da República, depois de terem sido quitados R$ 28 bilhões, destinados por ele no ano eleitoral, sobrevêm mais de R$ 98 bilhões a pagar, ou seja, quase o dobro do corte ou do “condicionamento” decretado pela atual presidente. Bastaria esse número para retratar o montante excepcional do gasto. Tenho receio de não ser exato em tais dados, mas o que me parece sem sombra de dúvida é que um governo regularmente organizado não pode gastar somas desta ordem de maneira anárquica. Nem de longe falo em desvios ou locupletamentos, pois não tenho elementos a respeito, mas me limito a registrar o fato em sua objetividade. E estes são espantosos. De tal maneira que, segundo a mesma fonte, o governo de Dona Dilma estaria examinando a hipótese de não honrar despesas bilionárias contraídas pelo governo qualificado de “o maior e melhor de todos os governos em todos os tempos”.

Não sei qual será a decisão da senhora presidente diante da seleção de despesas contratadas pelo governo do ex-presidente, sabendo-se, contudo, que o cancelamento de contratos poderia alcançar R$ 39,9 bilhões. Os números são astronômicos e a facilidade com que se agia em matéria de dinheiro público autoriza o mais complacente observador a duvidar da sentença do presidente Luiz Inácio, segundo o qual o seu governo teria sido o maior e o melhor de todos os governos do país em todos os tempos.

Blog e Livro

Os artigos relativos ao “Projeto–Aventura Desafiando o Rio–Mar”, Descendo o Solimões (2008/2009), Descendo o Rio Negro (2009/2010), Descendo o Amazonas I (2010/2011), e da “Travessia da Laguna dos Patos I (2011), estão reproduzidos, na íntegra, ricamente ilustrados, no Blog http://desafiandooriomar.blogspot.com.

O livro “Desafiando o Rio–Mar – Descendo o Solimões” está sendo comercializado, em Porto Alegre, na Livraria EDIPUCRS – PUCRS;

- na rede da Livraria Cultura (http://www.livrariacultura.com.br);

- na Livraria Dinamic – Colégio Militar de Porto Alegre;

- ou pode ainda ser adquirido através do e–mail: hiramrsilva@gmail.com.

Para visualizar, parcialmente, o livro acesse o link:

http://books.google.com.br/books?id=6UV4DpCy_VYC&printsec=frontcover&dq=hiram+reis+e+silva&hl=pt-BR&ei=O0BcTt_wNart0gGK3PCPAw&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=1&ved=0CC4Q6AEwAA#v=onepage&q=hiram%20reis%20e%20silva&f=true

Coronel de Engenharia Hiram Reis e Silva

Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA); Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS); Vice-Presidente da Academia de História Militar Terrestre do Brasil/Rio Grande do Sul; Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS); Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional.

Site: http://www.amazoniaenossaselva.com.br - E–mail: hiramrs@terra.com.br

OS PRINCIPAIS TEMORES MASCULINOS: PROBLEMAS NA PRÓSTATA, DISFUNÇÕES SEXUAIS E DECADÊNCIA FÍSICA

Não tem nem o que questionar: quando se fala em urologia e principalmente em saúde masculina, o primeiro nome da agenda e da confiança dos principais políticos, empresários e brasileiros em geral é o do médico Miguel Srougi (foto).

Considerado o número 1 do Brasil em cirurgias de câncer de próstata (já realizou 2.900), atende em seu consultório gente como o presidente Lula, José Alencar, José Serra, Geraldo Alckmin, Joseph Safra, Lázaro Brandão, Abílio Diniz e Antônio Ermírio de Moraes, entre outros pesos pesados. Professor titular de urologia da Faculdade de Medicina da USP, pós-graduado pela Harvard Medical School, em Boston, nos Estados Unidos, 35 anos de carreira, uma dezena de livros publicados e outra centena de artigos espalhados mundo afora, Srougi tem a simplicidade daqueles que muito sabe, pouco ostentam e continuam lutando.

Ele se dedica integralmente ao que faz - trabalha todos os dias, das 7 da manhã às 10 da noite -, abriu mão da vida pessoal - é casado, pai de dois filhos - e não tem receio de dizer que se envolve demais com seus pacientes. "Sofro muito e esse sofrimento é um dos fatores de sucesso da minha carreira, porque acabo me entregando mais aos doentes." Embora viva intensamente entre os limites das dores da perda e alegrias dos resgates da vida, Srougi, aos 60 anos, se abastece lecionando na Faculdade de Medicina, "uma de minhas razões existenciais”.

No ano passado inaugurou um moderno centro de ensino e pesquisa para seus alunos, garimpando verbas junto aos seus pacientes poderosos. A sala ganhou o nome de Vicky Safra, mulher de Joseph Safra - em homenagem ao banqueiro que doou a maior parte dos recursos. Nesta entrevista, o maior especialista em câncer de próstata do país afirma que "todo homem nasce programado para ter a doença" e que, se viver até os 100 anos, inevitavelmente vai contraí-la. Fala ainda sobre medos, fantasmas masculinos, impotência, novos tratamentos e seus sonhos pessoais. E conta por que trocou o Hospital Sírio-Libanês pelo Oswaldo Cruz depois de 30 anos. A seguir, os principais trechos

ASSOMBROS MASCULINOS

Os homens têm certa sensação de invulnerabilidade - isso faz parte da cabeça deles. Passam boa parte da sua vida livre de todos os incômodos que a mulher tem, fazendo com que relaxem mais com a sua saúde. Com o passar dos anos, começam a perceber a sua vulnerabilidade e passam a dar um pouco mais de valor aos cuidados médicos. O que mais os atemoriza hoje? Problemas com a próstata, disfunções sexuais e a decadência física, que mexe muito com a cabeça das mulheres, mas também com a deles. As mulheres pautam muito a vida em função da beleza e os homens, da força, da virilidade, da capacidade de agir, raciocinar. E na hora em que surgem falhas nessas áreas, ele percebe que, talvez, não seja aquele ser imortal que achava que fosse.

ENVELHECIMENTO

Há dois profundos temores hoje nos homens: o primeiro é o crescimento benigno da próstata, um fenômeno que ocorre em praticamente todos eles: ela aumenta de tamanho depois dos 40 anos e, dessa forma, o canal da uretra fica ocluído. Isso faz com que o homem comece a urinar sucessivas vezes, a não ficar em uma reunião prolongada, tem de levantar à noite, prejudica o sono, acorda mal, pode ter descontroles de urina.

O crescimento benigno é quase inexorável: todos os homens vão ter em maior ou menor grau - felizmente, apenas um terço, 30%, tem sintomas mais significativos que exigem apoio médico. Nesses casos, há medicações que desobstruem parcialmente a uretra e fazem o indivíduo urinar e viver melhor; apenas de 4% a 5% dos homens têm de fazer uma cirurgia para desobstruir a uretra por causa desse crescimento benigno.

Essa é uma cirurgia, que se faz com segurança e sem os inconvenientes de uma cirurgia maior nos casos de câncer. Ela remove apenas o fator obstrutivo, o homem passa a viver melhor e sem nenhuma seqüela. Esse crescimento não tem causa conhecida, surge por um desequilíbrio hormonal no homem maduro, ou seja, as células da próstata passam a se proliferar em decorrência dos hormônios. Não tem como prevenir. Existem algumas medidas, mas nenhuma consistente.

OBESOS E FUMANTES

Existe a idéia de que o obeso e os fumantes teriam menos crescimento benigno da próstata. O que é interessante é que a próstata seria o único lugar no organismo que eles deixam de ter todas as desvantagens, mas a realidade é meio dura: recentemente se apurou que eles são menos operados da próstata, mas não porque ela não cresce, mas pelo receio dos médicos de operá-los porque complicam mais e também porque muitas vezes não vivem o suficiente para ser operados - morrem antes. É uma realidade muito perversa.

REALIDADE NUA E CRUA

O câncer na próstata adquire maior relevância porque tem uma grande prevalência: 18% dos homens - um em cada seis - manifestarão a doença. E também porque o tumor, que ocorre com muita freqüência dentro da próstata, é eliminado com sucesso em 80%, 90% dos homens. Se esse tumor não é identificado no momento certo e se expande, saindo para fora da próstata, as chances de cura caem para 30%.

É um tumor muito comum e se for detectado a tempo, tem como resgatar esse paciente. Dos 18%, somente 3% morrem - a medicina consegue curar 15% dos homens, ou seja, a maioria. Mas vale dizer que todo homem nasce programado para ter câncer de próstata. Ou seja, nós temos, nas nossas células, genes que as estimulam a virar cancerosas e eles ficam bloqueados durante a nossa existência. Quando o indivíduo envelhece, esses mecanismos de bloqueio deixam de exercer o seu papel e o câncer começa a se manifestar. Com isso vai aumentando a freqüência da doença e todo homem que chegar aos 100 anos vai ter câncer de próstata.

SEM FANTASIA

O exame de toque - um dos meios de se detectar a doença - gera na cabeça dos homens fantasias negativas e receios, mas, na verdade, eles tem muito medo da dor. Tanto é que os que fazem pela primeira vez, no ano seguinte perdem o medo. Leva três ou quatro segundos e não dói. Então, um dos fatores de resistência é eliminado. Existe um segundo sentimento, que é muito forte: expressar, exteriorizar uma fraqueza se a doença for descoberta. O homem tem pavor disso porque, de acordo com todas as idéias evolucionistas, só vão sobreviver aqueles que forem fortes. É comum você descobrir um câncer no indivíduo, e ele entrar em pânico, não pela doença, mas porque as pessoas vão descobri-la. Porque o câncer é muito relacionado com morte, decadência física, perda da independência, dependência dos outros. O homem não aceita essa idéia, e prefere fechar os olhos e enfiar a cabeça debaixo da terra a enfrentar, mostrando para o mundo e às pessoas que ele é um ser mais fraco. Isso vai afetar a imagem dele, acha que vai perder poder sobre outras pessoas, porque ninguém obedece a um fraco, alguém que vai morrer. Isso vai contra a idéia que temos de ser mais fortes para sobreviver.

A PERFORMANCE DO ROBÔ

Estamos fazendo cirurgias com robô, que permite uma visão muito mais precisa do campo cirúrgico, elimina os tremores da mão do cirurgião, permite incisões pequenas, uma operação muito mais perfeita porque os movimentos dele são muito suaves. Isso é muito novo no Brasil. Fiz o primeiro caso a dois meses, no Sírio-Libanês. E agora, o Albert Einstein tem e o Oswaldo Cruz está adquirindo.

Nos Estados Unidos se faz cirurgia robótica em larga escala. Lá, o robô ganha em desempenho do cirurgião médio, mas ele ainda perde do habilitado. Tenho mais de 2.900 pacientes operados de câncer de próstata pessoalmente. Eu sou o terceiro cirurgião do mundo nesse quesito - só perco para dois americanos e eles estão parando de trabalhar. Apesar de ter essa grande experiência, quando comecei a operar, 35% ficavam com incontinência urinária grave. Agora são só 3%. Impotentes, todos também ficavam. Hoje, se o homem tem menos de 55 anos, a incidência é de 20% - antes era 100%.

Há também enxertos de nervos, porque a impotência se deve à remoção de dois nervos que passam perto da próstata e nós estamos fazendo esse enxerto quando somos obrigados a retirá-los nos casos em que o tumor fica grudado. Entre os pacientes que fizeram os enxertos, metade voltou a ter ereções com o tempo.

IMPOTÊNCIA, O QUE FAZER?

Esses novos remédios para tratar a disfunção sexual contornam 1/3 da impotência, tanto após a cirurgia quanto depois da radioterapia. Se os comprimidos não atuarem, existem injeções. Há ainda próteses penianas que são muito desenvolvidas e produzem uma ereção que quase não tem nenhuma diferença em relação à normal. Isso permite que o homem reassuma a vida sexual plenamente e que as mulheres tenham muita satisfação. Os homens ficam extremamente felizes - são hastes colocadas dentro do pênis. Não fica marca, nem cicatriz. Nos Estados Unidos, entrevistaram as mulheres sobre os homens que tinham prótese e as respostas foram positivas. Ela funciona muito bem.

O PAPEL DAS MULHERES

Os homens são resistentes: eles relutam muito em ir ao médico fazer um exame de próstata e só vão quando a mulher os empurra: dois terços dos pacientes no consultório de Miguel Srougi são trazidos por elas. "Ligam para marcar a consulta, os acompanham. A gente não vê mulheres jovens trazendo homens jovens para fazer exames. A gente vê mulheres maduras. Claro que o jovem não está na faixa de risco. Mas existe outro significado da importância da mulher. Primeiro, que ela é pragmática e incentiva o marido. "Mas, por que ela quer isso? "Porque quem ficou vivendo bem 30 anos e conseguiu superar todos os embates da vida conjugal é um casal que o tempo consolidou. E aí a mulher tem um sentido de preservação da família muito mais forte que o do homem. Passadas as tempestades e oscilações do relacionamento, ela não quer que o marido morra.

É real. Toda vez que tenho um paciente e ofereço dois tratamentos: um que aumente a existência dele, mas vai, por exemplo, causar alguma deficiência na área sexual. E ofereço outro tratamento, que cura menos, mas preserva melhor a parte sexual, o homem balança na decisão. A mulher nunca hesita. Ela prefere aquele que aumenta a existência, mesmo ocorrendo o risco de comprometer a vida sexual dele e do casal. Poucas vezes vi uma mulher aconselhar um tratamento que dê menos chance de vida e aumente a possibilidade de ele ficar potente. Dá para contar nos dedos. Ela quer o companheiro, quer preservar aquela pirâmide que foi construída, que é rica.

SOFRIMENTOS E PRIVILÉGIOS

Eu me envolvo muito com meus pacientes. Sofro muito. E esse sofrimento é um dos fatores do sucesso da minha carreira, de 35 anos. Nesse sofrimento eu acabo me entregando mais e mais aos doentes. Isso é ruim, porque não tenho vida pessoal, minha vida familiar é feita nos intervalos. Felizmente, os momentos bons prevalecem sobre os ruins. É por isso que eu sobrevivo. Um doente que coloca a cabeça no meu ombro e agradece por ter feito algo por ele, ou deixa correr uma lágrima na minha frente, me faz apagar, superar aqueles momentos em que me senti totalmente impotente. Uma das coisas importantes é o médico saber e demonstrar que a medicina não é infalível e ele não se sentir onipotente. O urologista tem um privilégio. O oncologista mexe com câncer avançado, já no fim do caminho - eu lido com o inicial. Eu consigo salvar muita gente. É um privilégio para mim.

MEDO DA SEPARAÇÃO

Nós não queremos morrer. Primeiro, pela incerteza do porvir. Segundo, porque a morte implica extinção e o ser humano não aceita a aniquilação. A nossa cabeça nasceu para ser imortal. A morte está relacionada com dor, sofrimento, à decadência física, à desfiguração, à perda do papel social, desamparo da família, perdas dos prazeres materiais, da independência. Mas a causa verdadeira é o nosso horror de nos separar das pessoas que amamos. Bem material não deixa ninguém feliz. Há tanta gente rica se suicidando, tomando droga para sair da realidade. Os médicos não compreendem isso. Se as pessoas têm medo de se afastar das pessoas do seu entorno, você precisa tratar o entorno também. Não é o médico que apóia o doente nas fases difíceis - é a família. Eles reagem raivosamente contra a família, querem afastá-la do processo, sem perceber que um doente só vai ter paz, tendo a morte pela frente ou não, se a família estiver ao lado.

A SAÍDA DO SÍRIO-LIBANÊS

Os verdadeiros templos na Terra são os hospitais - não as igrejas. Nas igrejas tem muito ouro, riqueza. Aqui não, você conhece o sofrimento, o valor da existência humana. Os orgulhosos e os soberbos ficam humildes, ricos e pobres são iguais; os ruins, os autoritários e os maldosos se tornam condescendentes: eles ficam despidos, tiram a máscara; é aqui que você conhece o que é viver, que resgata para a vida, não em uma igreja qualquer, que o sujeito entra lá, reza dez minutos e sai. Ele pode até sarar, cicatrizar a sua alma. Mas aqui nós curamos a alma e o corpo. Esse é o verdadeiro templo, onde o ouro é a vida. Você entende o impacto que a desigualdade social tem sobre o ser humano, a pobreza, a falta de instrução causa doenças. Depois de 30 anos no Sírio-Libanês eu mudei para o Oswaldo Cruz. Achar que eu vou ter novas salas, três enfermeiras a mais, é brutalizar o que passou pela minha cabeça. Mudei porque não estava vendo esse lugar como um templo. Eu vivo intensamente, por isso tenho esses sentimentos.

UM POUCO DE FILOSOFIA

A melhor forma de se transmitir as virtudes é pelo exemplo, pela coerência. Certa vez perguntaram para Sócrates como a virtude poderia ser transmitida - se pelas palavras ou conquistada pela prática. Ele não soube responder. Então, Aristóteles, depois de uns anos, respondeu: "A virtude só pode ser transmitida pela prática e por meio do exemplo". Aqui, eu posso tentar ser o exemplo. Mudando o cotidiano das pessoas, transformando a sociedade e construindo um novo mundo.

CINCO MEDIDAS PREVENTIVAS

Segundo Miguel Srougi, a prevenção ao câncer de próstata é feita de forma um pouco precária, porque não existem soluções para impedi-lo. Na prática, há o licopeno, que é o pigmento que dá cor ao tomate, à melancia e à goiaba vermelha. "Talvez diminua em 30% a chance, mas esse dado é controvertido, por causa disso a gente incentiva os homens a comerem muito tomate, só que deve ser ingerido pós-fervura, ou seja, precisa ser molho de tomate. Não pode ser seco ou cru."

A vitamina E também reduz teoricamente os riscos em 30%, 40%. Mas, se for ingerida em grandes quantidades, produz problemas cardiovasculares. Na verdade, se o homem quiser se proteger deve tomar uma cápsula de vitamina E por dia. Acima disso, não é recomendável. O terceiro elemento é o Selênio, um mineral que existe na natureza e é importante para manter a estabilidade das células, impedindo que elas se degenerem, que é encontrado em grande quantidade na castanha-do- Pará. "Qualquer homem pode ingerir em cápsulas, mas se ele comer duas castanhas por dia recebe certa proteção", diz o especialista.

Uma quarta medida é comer peixe, três porções por semana - rico em ômega3 e tem uma ação anticancerígena provável. E, uma quinta, tomar sol. "O homem que toma muito sol sintetiza na pele vitamina D, que tem forte ação anticancerígena”.

Currículo: graduado em Medicina pela Universidade de São Paulo em 1970, com Doutorado e Livre-Docência em Urologia pela Universidade de São Paulo. Realizou estágio de pós-graduação em Urologia na Harvard Medical School (Boston, EUA), em 1976-1977. Foi Professor Titular de Urologia da Escola Paulista de Medicina, da UNIFESP no período de 1996-2005 e, atualmente, é Professor Titular de Urologia na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. É autor ou co-autor de 322 trabalhos científicos publicados em revistas internacionais indexadas e de 172 capítulos em livros nacionais e internacionais, tendo como linhas de pesquisas "Fatores de Prognósticos e História Natural das Neoplasias Urológicas" e "Tratamento Cirúrgico do Câncer Urológico". Orientou 21 alunos de Pós-Graduação em Urologia na UNIFESP e na USP e participou da formação de 175 Especialistas na área de Urologia. É autor ou editor de 14 livros científicos. Atua como Membro do Conselho Editorial de 12 revistas médicas nacionais e internacionais, como Assessor Científico "Ad Hoc" da FAPESP, CNPq e da American Urological Association. Na Direção da Disciplina de Urologia da FMUSP estabeleceu intercâmbio internacional com a Harvard Medical School (EUA), Memorial Sloan Kettering Cancer Center (EUA), MD Anderson Cancer Institute, Miami University e Florida University at Celebration. Através de recursos obtidos de Instituições Privadas e Agências de Fomento criou a Unidade de Urologia do Hospital do Rim e Hipertensão da UNIFESP, Setor de Urologia do Hospital São Paulo da UNIFESP, Núcleo da Próstata da UNIFESP, Instituto da Próstata do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Centro de Inovação Tecnológica do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Casa do Estudante de Medicina da FMUSP, Laboratório de Investigação Médica 55 da FMUSP, Centro de Ensino e Pesquisa em Cirurgia "Vicky Safra". Reconstruiu o Setor de Ambulatório de Urologia do Hospital das Clínicas da FMUSP, Anfiteatro e Biblioteca da Divisão de Clínica Urológica do Hospital das Clínicas da FMUSP e Arena Cirúrgica da Divisão de Clínica Urológica do HCFMUSP. Recebeu 41 prêmios e honrarias na área médica e os títulos de Cidadão Goiano, Baiano, Rio-Grandense e Paraibano. Fora da atividade médica é articulista do jornal "Folha de São Paulo" e Presidente do Conselho Consultivo da Fundação Criança é Vida.

Endereço profissional: Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina, Departamento de Cirurgia. Av. Dr. Enéas de Carvalho Aguiar, 255 - ICHC – 7º andar - Divisão de Clínica Urológica - sala 710F - Cerqueira Cesar CEP 05403900 - São Paulo, SP – Brasil - Telefone: (11) 3069 6000.

SANTO ANTÔNIO DO CACHOERI

Hiram Reis e Silva, Porto Alegre, RS, 30 de agosto de 2011

É na tradição, nas antigas narrativas, nesses arquivos universais chamados erroneamente de lendas, é nos velhos contos que o homem poderá encontrar a sua verdadeira identidade mágica. (Mario Mercier)

O Irmão maçom Hamilton Souza (o Ariuca), de Oriximiná, Pará, além de cantor e compositor é um excelente contador de histórias e, a nosso pedido, fez um belo relato do que ele mesmo denominou de “Auto do Santo Antônio do Cachoeiri”.

Conta a lenda que um determinado cidadão que trabalhava como coveiro, em Óbidos, ao preparar uma cova encontrou uma imagem entalhada em madeira com características barrocas. Uma coisa totalmente inusitada porque nós não temos artesãos especializados em esculturas sacras de madeira neste estilo.

Durante a escavação o coveiro quebrou um dos dedos do pé da imagem, não sei se do pé esquerdo ou direito, que era negra e que mais tarde se atribuiu a Santo Antônio. Essa imagem foi trazida para cá e começou a ser cultuada, o grande lance mítico da história é que a imagem falava com o dono do Santo e relatava seus interesses. O dono do Santo em sonhos ou visões tratava diretamente com o Santo e traduzia para a Comunidade o que era do interesse do Santo.

E essa coisa foi ficando tão forte que os navegantes ao cruzarem o Paraná do Cachoeiri, que liga o Trombetas ao Amazonas, iam até lá para fazer promessas, pagar suas indulgências e cultuar o Santo Antônio. Com o aumento da popularidade do Santo e a morte de seu dono, o dom de falar com o Santo passou para a mulher do falecido. A igreja católica não aceitava o culto do Santo e as atividades religiosas que ali promoviam eram totalmente desvinculadas do Santo milagreiro, considerada pelos religiosos como uma atividade espúria, pois o Bispo, reticente, preferia não incluí-la no calendário religioso.

Certa feita ocorreram diversos fatos que tem registro factual, por exemplo:

1. O Santo solicitou à mulher do falecido que desejava que sua imagem fosse recuperada e pintada, e a sua nova dona, atendendo ao pedido do Santo, resolveu entregá-la a um Padre que encaminhou à Prelazia, em Óbidos, onde existia um especialista que se encantou com a imagem e mandou fazer uma réplica da imagem em gesso, e enviou a cópia para a dona da imagem.

Certo dia ela recebe o queixume do Santo, em sonho, que pedia que ela fosse buscar a sua imagem já que aquela que ali estava não era o Santo verdadeiro. Ela, imediatamente procurou o Padre que desconversou dizendo que aquela era a imagem verdadeira. Não se dando por satisfeita ela resolveu ir até Óbidos onde procurou o Bispo. O Bispo ratificou a afirmação do Padre e afirmou que já tinham feito a restauração da imagem sem cobrar nada e que ela se conformasse com isso.

Ela sem saber o que fazer e sendo pressionada, durante o sonho pelos queixumes do Santo, que afirmava que ela tinha a missão de recuperar a imagem roubada, ela acabou procurando o Ministério Público do Município e apresentou a queixa. O Ministério Público encaminhou uma Carta Precatória ao Bispo convocando-o para uma audiência. O representante da Igreja, na dita audiência, lá chegando foram tratadas das características da imagem e a dona do Santo relatou que a sua imagem era de madeira, etc... Aí o Bispo perguntou-lhe porque ela achava que aquela não era a sua imagem ao que ela respondeu que além do dedinho do pé quebrado, de ser de madeira, a sua imagem estava em um determinado local e numa determinada gaveta. O Bispo impressionado com a fidelidade do relato resolveu restituir a imagem à sua verdadeira dona.

2. Outro episódio absolutamente inusitado que teria ocorrido foi o fato de que depois disso resolveu-se organizar um evento religioso, uma quermesse, que ano a ano foi crescendo, juntamente com a Comunidade, acarretando lucro considerável para os organizadores da festa. O Paraná do Cachoeiri sofre com os fenômenos das terras caídas e o Santo Antônio veio, em sonho, para sua dona e disse queria que construíssem uma Capela para ele porque afinal de contas os festejos haviam gerado lucros significativos e não era justo que o Santo permanecesse morando numa choupana. Os organizadores não deram importância a essa história, embora a dona do Santo continuasse insistindo, e protelavam a construção da Capela de alvenaria dizendo que os recursos não eram suficientes e prometiam sua execução sempre para o ano seguinte.

Um dia desmoronou o barranco e o casebre que abrigava o Santo foi engolido pelas águas permanecendo no local apenas o altar do Santo. Fato documentado pela Dona Rosa, uma das devotas, mas fiéis do Santo Antônio do Cachoeiri se preocuparam em fotografar o local depois do ocorrido.

A dona do Santo faleceu passando o dom para a filha, cujo irmão em uma das quermesses resolveu vender cachorro quente durante o evento. O irmão foi impedido tendo em vista não ter pago o alvará na Prefeitura, nem as taxas devidas aos organizadores da festa que resolveu levar o Santo Antônio que pertencia à sua família. O impasse estava formado, como fazer a festa em homenagem ao Santo sem a sua imagem.

O fato dividiu a cidade num momento em que não havia nem promotor de justiça, nem juiz, nem prefeito na cidade e se encontrava apenas um defensor de justiça que é nosso irmão na maçonaria. E naquela história toda, claro que a pressão era da população que reivindicava afirmando que o Santo não era de propriedade de ninguém e como se tratava de um Santo milagreiro era de propriedade coletiva. Como é que o cara pega e leva o Santo, alguns afirmavam, é mas quem trouxe o Santo foi a família do cara e ele não tem o direito de vender cachorro quente, diziam outros.

O defensor público mandou que as forças policiais organizassem uma verdadeira cruzada na busca desse Santo. O homem foi preso e o Santo recuperado e embrulhado em um saco de lixo preto e colocado em cima de um armário e lá permaneceu esquecido como prova cabal do roubo. Até que a questão fosse decidida o Santo permanecia retido, e se iniciou uma outra campanha – a de libertação do Santo que estava preso. Neste mesmo dia a mulher que falava com o Santo, irmã do ladrão do Santo, procurou Nosso irmão Mário Luis (corujinha) que era Defensor Público e disse que tinha falado com o Santo. O Defensor Público retrucou dizendo que ela não falava com o Santo coisa nenhuma e ela afirmou que o Santo havia pedido que o soltasse e que se isso não fosse feito o Defensor iria sofrer uma grande desgraça na sua vida. O Defensor não se impressionou com a ameaça e dispensou a mulher.

No dia seguinte ele tinha de realizar o transporte de parte do seu gado da várzea para a terra firme através de balsas. Aqui na região os rios são calmos, as balsas dificilmente viram, naquele dia o Defensor levou sua única filha, o Prefeito e seus oito filhos na mesma embarcação. Inopinadamente surgiu um vendaval virando a embarcação no qual veio a falecer somente a filha do Defensor. Hoje ele tem muita dificuldade para tratar do assunto por conta da experiência absolutamente negativa que ele teve.

De alguma forma a crença e a lenda se fortalecem. O fato é que o Santo Antônio do Cachoeiri é tido como um Santo de muita força e hoje se encontra na sua Capela tão reclamada às margens do Cachoeiri.

Blog e Livro

Os artigos relativos ao “Projeto–Aventura Desafiando o Rio–Mar”, Descendo o Solimões (2008/2009), Descendo o Rio Negro (2009/2010), Descendo o Amazonas I (2010/2011), e da “Travessia da Laguna dos Patos I (2011), estão reproduzidos, na íntegra, ricamente ilustrados, no Blog http://desafiandooriomar.blogspot.com.

O livro “Desafiando o Rio–Mar – Descendo o Solimões” está sendo comercializado, em Porto Alegre, na Livraria EDIPUCRS – PUCRS;

- na rede da Livraria Cultura (http://www.livrariacultura.com.br);

- na Livraria Dinamic – Colégio Militar de Porto Alegre;

- ou pode ainda ser adquirido através do e–mail: hiramrsilva@gmail.com.

Para visualizar, parcialmente, o livro acesse o link:

http://books.google.com.br/books?id=6UV4DpCy_VYC&printsec=frontcover&dq=hiram+reis+e+silva&hl=pt-BR&ei=O0BcTt_wNart0gGK3PCPAw&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=1&ved=0CC4Q6AEwAA#v=onepage&q=hiram%20reis%20e%20silva&f=true

Coronel de Engenharia Hiram Reis e Silva

Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA); Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS); Vice-Presidente da Academia de História Militar Terrestre do Brasil/Rio Grande do Sul; Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS); Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional.

Site: http://www.amazoniaenossaselva.com.br

E–mail: hiramrs@terra.com.br

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

DIÁRIO DAS TRÊS VIAGENS - 1ª VIAGEM

Hiram Reis e Silva, Porto Alegre, RS, 28 de agosto de 2011

Não estou preocupado apenas com o passado. Estou preocupado com a forma como o passado é trazido para o presente para disciplinar e normalizar. (Thomas Popkewitz)

Velhas e Saudosas Amizades

Há algum tempo eu vinha tentando localizar uma cópia do manuscrito do Padre, Padre Nicolino José Rodrigues de Souza intitulado “Diário das Três Viagens (1877-1878-1882) ao Rio Cuminá. Fiz um apelo aos amigos internautas que gentilmente me auxiliaram nas buscas repassando meu pedido através de seus contatos ou até mesmo de Blogs. Finalmente uma velha amiga Tânia Teixeira (Taninha), que tive a honra de conhecer quando trabalhei na Fundação para o Desenvolvimento de Recursos Humanos do Estado do Rio Grande do Sul (FDRH), me informou que existiam três exemplares na biblioteca da UFRGS. Infelizmente a greve dos servidores inviabilizou meu acesso ao documento.

Semana passada o Professor Luis Henrique Rodrigues, do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção e Sistemas e coordenador do Grupo de Pesquisa Modelagem para Aprendizagem (GMAP) da Unisinos, ex-aluno do Centro de Preparação de Oficiais da Reserva (CPOR/PA), onde fui instrutor, me enviou uma cópia digitalizada do livro. A cópia do manuscrito elaborada pelo Conselho Nacional de Proteção aos Índios (C.N.P.I.), pertencia à biblioteca particular do General Cândido Mariano da Silva Rondon e foi editado, em 1946, pela Imprensa Nacional.

Minha curiosidade se prendia ao conflito entre os dias da semana e os dias do mês relatados pelo Padre Nicolino. Encontrei estas discordâncias acessando apenas partes do documento e para descobrir a origem dos erros eu precisava lançar mão do Diário completo. Nicolino deveria ter padronizado a colocação das datas no seu diário o que, sem dúvida, evitaria os erros que ocorreram. Ressalto, porém, que estes pequenos equívocos em nada desmerecem o valor histórico de sua empreitada e o trabalho titânico desenvolvido pelo Reverendo Padre.

Rondon, quando dirigia os trabalhos da Inspeção de Fronteiras, confessa: “serviram-me de guia os Diários de Viagens, manuscritos, do Rev. Padre Nicolino José Rodrigues de Sonsa, judiciosamente organizados, sob escrupulosa exatidão”. Rondon comandou pessoalmente a exploração e o levantamento do Rio Cuminá (1928/29), desde sua foz, no Trombetas, até suas mais altas cabeceiras. Vou tecer comentários sobre a primeira viagem deixando a segunda e terceira para outro artigo.

Título

Diário das Três Viagens (1877-1878-1882) do Revm° Padre Nicolino José Rodrigues de Sousa ao Rio Cuminá (afluente da margem esquerda do Trombetas, afluente do Rio Amazonas)

O próprio título já merece uma consideração especial. A 1ª Viagem iniciou em 25 de novembro de 1876 e as anotações se estenderam até o dia 23 de Fevereiro de 1877, portanto o primeiro número referente às datas das viagens deveria ser o de 1876 e não 1877. O mesmo acontece com a ata da segunda viagem que teve início em 11 de outubro 1877 e não 1878. O certo, portanto seria “Diário das Três Viagens (1876-1877-1882)...”

O Diário

DIÁRIO DE VIAGEM DO PADRE NICOLINO JOSÉ RODRIGUES DE SOUSA
ÍNDIO DA FRONTEIRA DO BRASIL COM A GUIANA INGLESA

PRIMEIRA VIAGEM AO CUMINÁ GRANDE

(...) Assim convencidos, resolvemos a tentar o descimento dos índios do Trombeta o Tenente Leonel e eu, porque nada há de mais agradável a Deus do que a exaltação de sua glória, que na terra ocupa o primeiro lugar a salvação das suas criaturas prediletas.

Dia 25 de novembro de 1876 (sábado) pelas dez horas da manhã partimos do Ageréna propriedade do Sr. Tenente Leonel da Silva Fernandes comigo Padre Vigário em duas canoas. Na mais possante vieram o Tenente Leonel, o Padre José Nicolino de Souza, o Filho do Tenente Manoel Marinho Fernandes o gentio Pedro, o rapaz Vicente. No Uruatapéra embarcarão-se José Agostinho Leandro digo Agostinho Moisinho e João Garcia de Sena. Em outra canoa vieram a gentia Anna Maria de Oliveira, o filhinho Manoel e o filho do Tenente de nome Francisco Marinho Fernandes, que tendo ido adiante foi por nós alcançado abaixo do lugar dito Curralinho. Já com deliciosa sensação contemplava as aprazíveis margens do maravilhoso Trombeta, suas águas cortadas por vigorosos remos mostravam em seus alvíssimos borbulhões a realidade de sua pureza. Chegamos ao Achipicá ao entrar da noite e pernoitamos em casa do ancião Pita.

No dia seguinte, domingo 26, pelas 7 horas do dia continuamos a nossa viagem, tendo embarcado José Agostinho Leandro e Anselmo Francisco dos Santos aquele no Achipicá e este no Lago Grande. Pelas 3 horas e meia da tarde chegamos ao repartimento: à direita segue o Cuminá e à esquerda o Rio Grande; seguimos pelo Cuminá e ás 5h entramos pela boca do Salgado em cuja margem tem o Tenente Leonel uma casa aonde chegamos meia hora depois das seis da tarde e pernoitamos. (...)

No dia 3, Domingo, pelas 7 horas da manhã fomos visitados pelo súdito francês Monsieur Jule Caillat, que acompanhado somente de uma só pessoa o brasileiro João Felippe já tinha varado a sua não pequena canoa. Foi no abarracamento dele que celebrou-se o Santo Sacrifício da Missa. Oh que doce consolação! Observou-se toda a extensão da cachoeira, que se compõe de 3 bancos horríveis! O abarracamento do Mr. Jule achava-se também já além dos bancos tendo um delicioso porto, onde tomamos aprazível banho. (...)

Dia 11, segunda-feira, pomo-nos em caminho às 6h da manhã em busca duma serra, vista às 3h do dia precedente, que indicava estar roçada. Ah! Que lisonjeira esperança raiou em nossos corações, já nos pareciam coroadas as nossas penas, os nossos esforços e sacrifícios, pois já se nos tinha acabado a farinha! Quanto, pois, não nos alegrou aquela serra, que ilusoriamente nos mostrava estar ali o objeto de nossas fadigas? Chegamos à serra às 11 horas e achamos montões de medonhos rochedos que quase não permitiam vegetação alguma, por isso de longe mostrava a aparência de roçados. Que decepção! Que tristeza! Sem farinha por espaço de dias?! Voltamos com os corações serrados, os nossos guias gemiam apenas entre dentes. Ao chegar na choupana encontrada seguimos subindo o rio encontramos cinco velhas choupanas, que indicavam se terem os índios retirado para mais longe, subindo ao Cuminá. A falta de farinha, muitos dos companheiros adoentados decidiram-nos a voltar e viemos pernoitar na margem do mesmo igarapé Ariminaiacurú. Era 1h da tarde quando abarracamos. (...)

Dia 5, feira, tendo passado a nossa canoa no dia precedente continuamos a nossa aporfiada disputa com as águas e pedras, apenas pudemos passar até as 5h da tarde 3 altos bancos da extensíssima cachoeira do Pirarára pernoitamos em uma ilhinha que ficou sendo chamada Ilha do Lautério, que querendo matar um enxame de cabas com a camisa, deram-lhe as cabas tantas ferroadas, que o obrigaram a cair na água. Esta ilhinha é a 3ª junto ao canal por onde passamos.

Aqui o autor se perde nas suas anotações e inadvertidamente suprime o dia 6, provavelmente considerando o número 6 da sexta-feira, do parágrafo anterior, como dia do mês. Nicolino continua, porém, a considerar corretamente o dia da semana. O autor estava, certamente, mais preocupado com a fiel observância dos dias da semana do que com os dias do mês. Era necessário de oficiar a Santa Missa nos dias sagrados. (Nota de Hiram Reis e Silva)

Dia 7 (seis), sábado, pelas 7h da manhã, começamos o nosso trabalho até as 10 e chegávamos à ilha da Galinha, tendo passado 2 grandes bancos de cachoeira. Dali seguimos passamos as cachoeiras da Torre e da Casinha das pedras, a violenta correnteza do Quebra digo do Bate Canela, donde já se avista a grande ilha do Tracua, do princípio dela 2 estirões acha-se a cachoeira do mesmo nome. que não obstante ser alta não é tão difícil de passá-la, e pernoitamos em uma ilha pouco distante da cachoeira. Eram 5h e meia da tarde, quando ali chegamos.

No dia seguinte, 1° domingo, e 8 (sete) do mês ali passamos, tendo ouvido o S. Sacrifício da Missa às 9h. (...)

Sábado dia 4 (três). Deixamos o pitoresco lugar do nosso abrigo e às 6 e meia da manhã, às 8 passamos a boca dum grande afluente denominado Murapí, que despeja uma água negra, não obstante o seu leito ser pedra e areia; às 11 passamos a espera do Bacabal onde pernoitamos, quando subimos; às 2 da tarde um rijo vento Norte inchava as velas do nosso “Desengano das águas do Cuminá” que rápido percorria a imensa extensão do estirão do bom bocado: acha-se este estirão pouco acima da boca da estrada, que fizeram os gentios. para evitarem as cachoeiras da Paciência. Às 4 da tarde abordamos na Ilhinha do Saquinho defronte da boca do Urucuiana, onde subindo tinha mos pernoitado.

Domingo 5 (quatro) aí passamos.

Dia 2ª feira (cinco) aí igualmente passamos preparando a nossa canoa. Era 5 (quatro) do mês.

Aqui o autor conta duas vezes o dia 5 para o domingo e para a segunda-feira corrigindo, não sei se inadvertidamente, o erro anterior. (Nota de Hiram Reis e Silva)

Dia 3ª feira, 6, às 6 e meia da manhã partimos. Se na época, em que subimos, estando seco o rio, as cachoeiras eram espantosas, como não é hoje que está o rio bem crescido? Por onde era terra precipitam-se as águas com medonho ruído. Todavia era preciso viajar e quando foi as 5 e meia da tarde estávamos abarracados no meio da cachoeira que fica ao lado esquerdo da Ilha do Resplandor. (...)

Dia 5ª feira, 8 do corrente, pelas 7h, saímos e logo medindo com o formidável Banco da Bala, conduzia-se a nossa bagagem, quando por um desses atos de Deus, sempre Pai Carinhoso encontramos os que nos levavam socorro graças os cuidados do Tenente Leonel. Ah que alegria! Pois já não tinha farinha senão para esse dia. As 11 horas já livres do estorvo olhávamos contentes as belas margens que já pelo vigor dos remos já pela força da corrente, pareciam correr para traz a ocultarem-se as nossas vistas. Ao ver de novo essas aprazíveis margens, tão belas posto que incultas, a certeza de que as ia deixar: esta ideia exprimia em meu pobre coração a negra tinta da saudade e mesmo da tristeza; mas enfim a esperança, esta amiga consoladora dos mortais, veio igualmente mitigar a minha pena, persuadindo-me de que já não está muito longe o tempo em que meus concidadãos virão fruir destes incomparáveis presentes, que lhes preparou e lhes oferece a natureza. Às 5 e meia da tarde abordamos na ilha da Cutia acima da boca do Pauána, para quem desce é a primeira que forma a Península da Cuia e aí pernoitamos.

O autor repete o dia do mês e continua a contar corretamente o dia da semana. (Nota de Hiram Reis e Silva)

Dia 8 (nove), 6ª feira. Pelas 8 da manhã continuamos a nossa viagem. depois de nos ter encomendado a S.S. Virgem. Às mesmas horas do dia antecedente digo às 9 passamos a boca do Pauaná, os gentios que ali habitam são os da tribo da gentia Ana: mas tendo certeza que muitos deles foram vistos no Rio Grande, não quis entrar no Pauaná, pode ser estejam para o Rio Grande, visto o curto espaço de tempo, em que foram encontrados no Rio Grande. Passamos pela cachoeira do Caju-açu às 4 da tarde e viemos pernoitar em uma ilha mística a ilhinha da Barraca pouco acima da Cachoeira da Sereia. Nesse lugar abordamos as 5 e meia da tarde. (...)

Dia 6ª feira, 22 (vinte e três) do mês, continuei a minha estada.

Livro

O livro “Desafiando o Rio–Mar – Descendo o Solimões” está sendo comercializado, em Porto Alegre, na Livraria EDIPUCRS – PUCRS, na rede da Livraria Cultura (http://www.livrariacultura.com.br) e na Livraria Dinamic – Colégio Militar de Porto Alegre.

Para visualizar, parcialmente, o livro acesse o link:
http://books.google.com.br/books?id=6UV4DpCy_VYC&printsec=frontcover#v=onepage&q&f=false.

Coronel de Engenharia Hiram Reis e Silva

Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA); Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS); Vice-Presidente da Academia de História Militar Terrestre do Brasil/Rio Grande do Sul; Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS); Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional.

Site: http://www.amazoniaenossaselva.com.br

E–mail: hiramrs@terra.com.br