Por Paulo
Barretto
O papa
Bento XVI em seu terceiro livro de uma trilogia sobre Jesus de Nazaré,
denominado “Infância de Jesus”, já lançado no Vaticano e cuja versão em
português deve ser publicada ainda este ano no Brasil, ao abordar o nascimento
do Mestre, contesta a versão tradicional e afirma que no local não havia
animais, citando o Evangelho de Mateus que não relata nada a respeito, ao
contrário do Evangelho de Lucas que diz que no local havia animais. Segundo o
pontifice, apesar do nascimento ter sido em um presépio Mateus não menciona que
havia animais no recinto.
O
especialista André Chivitarese, professor do Instituto de História do Rio de
Janeiro refuta a ideia de que a versão do papa seja uma apresentação histórica
do nascimento do Cristo, uma vez que se baseia na própria Bíblia.
Segundo análises da imprensa
européia, Bento XVI também não aceita a versão de Santo Agostinho de que a
virgem Maria teria feito “um voto de virgindade”, mas reforça a concepção
virginal da mãe de Jesus, que teria sido concebido por obra e graça do Espírito
Santo.
A tradição cristã de presépio com animais no nascimento de Jesus vem do século XIII, no presépio montado por São Francisco de Assis na primeira cidade italiana de Gréccio. São Francisco montou o primeiro presépio, em tamanho natural, em uma gruta da cidade. O que restou desse presépio encontra-se atualmente na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma, na Itália. O hábito de manter o presépio nas salas dos lares com figuras de barro ou madeira difundiu-se por toda a Europa até chagar ao Brasil.
Como o papa é considerado
infalível pela Igreja, é provável que a “sua verdade histórica” prevaleça e os
novos presépios que serão feitos para o próximo Natal e os futuros não terão
mais animais.
Para contestar a versão do
Evanvelho de Lucas e o endosso dado por Francisco de Assis o papa apenas se
louva no fato de Mateus não ter mencionado a presença de animais no local do
nascimento. Essa omissão não é incomum no relato do mesmo fato pelos Quatro
Evangelistas. A omissão no relato de um detalhe não quer dizer,
necessariamente, que o mesmo não estivesse presente, principalmente, se consta
da narrativa de outro Evangelista.
Por outro lado, o aval de
Francisco de Assis à versão de Lucas, que se tornou tradição desde o século
XIII, tem um peso gigantesco. Francisco de Assis, depois de Jesus, foi o Ser
mais elevado que habitou neste planeta. Já no século XIII ao falar em “irmão
Sol e irmã Lua”, demonstrava que aceitava o princípio da Unidade, sabia que Deus
é a causa e efeito de tudo o que existe e o Universo físico, energético e
espiritual é sua emanação. Por ter esse nível de evolução Francisco não
precisava de pesquisas ou dos relatos de Mateus e Lucas para saber a realidade dos
fatos.
Já tendo transcedido a fase
da razão, da intuição, da super-consciência e ser um Iluminado podia vivenciar
todos os fatos ocorridos no passado à hora que entendesse. Ele é muito maior do
que todos os demais personagens envolvidos nessa polêmica e se afirmou que
Jesus nasceu em uma manjedoura onde havia animais, tanto que foi o criador da
tradição cristã que vigora até hoje, eu fico com Ele e não abro.
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