quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

O PRESÉPIO DE JESUS

Por Paulo Barretto


O papa Bento XVI em seu terceiro livro de uma trilogia sobre Jesus de Nazaré, denominado “Infância de Jesus”, já lançado no Vaticano e cuja versão em português deve ser publicada ainda este ano no Brasil, ao abordar o nascimento do Mestre, contesta a versão tradicional e afirma que no local não havia animais, citando o Evangelho de Mateus que não relata nada a respeito, ao contrário do Evangelho de Lucas que diz que no local havia animais. Segundo o pontifice, apesar do nascimento ter sido em um presépio Mateus não menciona que havia animais no recinto.
O especialista André Chivitarese, professor do Instituto de História do Rio de Janeiro refuta a ideia de que a versão do papa seja uma apresentação histórica do nascimento do Cristo, uma vez que se baseia na própria Bíblia.
Segundo análises da imprensa européia, Bento XVI também não aceita a versão de Santo Agostinho de que a virgem Maria teria feito “um voto de virgindade”, mas reforça a concepção virginal da mãe de Jesus, que teria sido concebido por obra e graça do Espírito Santo.

A tradição cristã de presépio com animais no nascimento de Jesus vem do século XIII, no presépio montado por São Francisco de Assis na primeira cidade italiana de Gréccio. São Francisco montou o primeiro presépio, em tamanho natural, em uma gruta da cidade. O que restou desse presépio encontra-se atualmente na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma, na Itália. O hábito de manter o presépio nas salas dos lares com figuras de barro ou madeira difundiu-se por toda a Europa até chagar ao Brasil.
Como o papa é considerado infalível pela Igreja, é provável que a “sua verdade histórica” prevaleça e os novos presépios que serão feitos para o próximo Natal e os futuros não terão mais animais.
Para contestar a versão do Evanvelho de Lucas e o endosso dado por Francisco de Assis o papa apenas se louva no fato de Mateus não ter mencionado a presença de animais no local do nascimento. Essa omissão não é incomum no relato do mesmo fato pelos Quatro Evangelistas. A omissão no relato de um detalhe não quer dizer, necessariamente, que o mesmo não estivesse presente, principalmente, se consta da narrativa de outro Evangelista.
Por outro lado, o aval de Francisco de Assis à versão de Lucas, que se tornou tradição desde o século XIII, tem um peso gigantesco. Francisco de Assis, depois de Jesus, foi o Ser mais elevado que habitou neste planeta. Já no século XIII ao falar em “irmão Sol e irmã Lua”, demonstrava que aceitava o princípio da Unidade, sabia que Deus é a causa e efeito de tudo o que existe e o Universo físico, energético e espiritual é sua emanação. Por ter esse nível de evolução Francisco não precisava de pesquisas ou dos relatos de Mateus e Lucas para saber a realidade dos fatos.
Já tendo transcedido a fase da razão, da intuição, da super-consciência e ser um Iluminado podia vivenciar todos os fatos ocorridos no passado à hora que entendesse. Ele é muito maior do que todos os demais personagens envolvidos nessa polêmica e se afirmou que Jesus nasceu em uma manjedoura onde havia animais, tanto que foi o criador da tradição cristã que vigora até hoje, eu fico com Ele e não abro. 

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