O homem pertence a ele mesmo, sem ser dono de si - (Gudé).
Por José
Eugênio Maciel
“A palavra é o próprio homem. Somos feitos de
palavras. Elas são nossa única
realidade ou, pelo menos, o único testemunho de nossa
realidade”.
Octávio Paz

Francisco Irineu Brzezinski conhecia e
empregava bem a palavra, a escrita e a oral. A verve eloquente o marcou na
trajetória de vida. A veemência do discurso era capaz de reunir, unir, ensinar,
mobilizar grandemente a ação das pessoas nos ideais comuns.
Nascido em Mallet, herdou do pai
Roberto Brzezinski – que foi prefeito de Campo Mourão – a política como a
vocação de servir ao povo. Sem dúvida alguma, Irineu em pouquíssimo tempo e
ainda bem jovem, se afeiçoou a este lugar, paixão e devoção que tão bem o
tipificaram. Amou, acreditou e contribuiu sobejamente para o processo
desenvolvimentista, notadamente em termos humanistas.
Advogado com esmero para bem preparar
toda causa que lhe fosse confiada, atingia como poucos o ápice do seu mister
profissional quando atuava no júri. O Direito o envolveu tão arraigadamente que
ele se tornou promotor, atuando em várias comarcas sem se desligar do porto
seguro mourãoense. A Justiça era o objetivo a ser alcançado, sempre, o que
implicava na atuação do advogado livre de qualquer embaraço que pudesse tolher
tal exercício, fato que ficou bem nítido quando presidiu a Ordem dos Advogados
do Brasil, subseção de Campo Mourão.
Presidiu a Câmara de Vereadores de
Campo Mourão agindo de tal modo que aquele Poder fosse o espaço legítimo para o
debate público que possibilitasse o bem estar do povo. E foi assim, com o
legado inspirador do pai, que entrou para a história como o primeiro deputado
federal eleito pela região. Antes de defender a sua própria candidatura, com
galhardia e conhecimento, difundia a tese no sentido de que a região tinha o
direito e a capacidade de eleger um nome autenticamente oriundo das nossas
raízes.
Historiador, pesquisou, organizou e
difundiu através de livros o nosso antepassado, evocando nomes e acontecimentos
determinantes regionais. Foi professor da Faculdade, participou de diversas
entidades de representação social, sempre proporcionando valiosas
contribuições. Presidiu a AML – Academia Mourãoense de Letras com denodo e
fomentador da efervescência cultural literária.
Seja para enaltecer ou para discordar o
que pudesse considerar correto ou errado, a voz dele era sempre ouvida, ao
estilo dos discursos típicos dos anos 50 e 60 quando os recursos de
amplificação do som eram parcos, fazendo com que fosse imprescindível o som da
voz bem alto para que todos pudessem ouvir, hábito que conservou mesmo diante
do avanço tecnológico e das transformações culturais, mantendo a sua retórica.
Na improvisação, em momentos solenes ou não, estava sempre preparado e sentia
uma necessidade indeclinável para fazer uso da palavra, criando uma enorme
expectativa, era um orador, se não temido, respeitável. E caso não desejasse
falar, era compelido a fazê-lo provocado e intimado pela nossa gente.
Nos dizeres do irmão dele, advogado
Iran Roberto Brzezinski, “poderiam pensar
diferente dele, discordar, mas era um homem respeitado por todos”. É a família tradicional que perde a figura
humana dileta, é a sociedade que sente dolorosamente o cessar de uma vida com
74 anos repleta de bons exemplos inspiradores e edificantes, constituindo desde
já parte da nossa história, passado que ele tão bem estudou e difundiu, que foi
também protagonista, lançador de bases que contribuem na sustentação do chão
firme do solo fértil e dos pilares da nossa urbanidade.
Reminiscências em Preto e
Branco (I)
A
vida dele sempre foi corrida. Bandeira 1 ou bandeira 2 ele era
uma figura das mais populares em Campo Mourão, não “dormia no ponto”, estava
sempre pronto para exercer a profissão de taxista. Conheceu a cidade quando ela
cabia na palma da mão, eram poucas as vias, muitas delas com pó ou com muito
barro, época em que o meio rural compunha a maior parte da população e era
para lá que levava os seus fregueses, pelas estradas vicinais ou carreadores,
sempre prestativo e gentil. Exemplo de amabilidade e correção, Tadeu Kaidzik
morreu aos 66 anos, 20 de fevereiro.
Reminiscências em Preto e
Branco (II)

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