Texto
de Luiz Antonio Domingues

E talvez seja essa a fórmula que Stan Lee utilizou
durante a sua vida inteira, para alcançar essa idade, com invejável forma
física e mente a mil por hora.
Nascido Stanley Martin Lieber no dia 22 de dezembro
de 1922, em Nova York, filho de judeus romenos e buscando um lugar ao sol na
terra das oportunidades, teve uma infância dura.
Vivendo em cubículos, tinha que dividir o espaço
exíguo com sua família, inevitavelmente.
Desde pequeno, demonstrou uma imaginação fértil e gostava muito de escrever. Esboçando seus primeiros contos infantis, foi desenvolvendo sua escrita e à medida que crescia, alimentava o sonho de se tornar um escritor.
Desde pequeno, demonstrou uma imaginação fértil e gostava muito de escrever. Esboçando seus primeiros contos infantis, foi desenvolvendo sua escrita e à medida que crescia, alimentava o sonho de se tornar um escritor.
Seu objetivo era escrever um romance épico que o tornasse
imortal na literatura norte-americana.
Mas a dura vida familiar, obrigou-o a ajudar seu
pai, um pequeno alfaiate e dessa forma, emendou uma série de pequenos empregos,
até encaixar-se numa redação de jornal. Todavia, ainda estava longe de engatar uma
carreira no jornalismo e lhe deram o trabalho de compilar o obituário, apenas.
Sua sorte começou a mudar quando conheceu o editor
de uma pequena editora de revistas de histórias em quadrinhos, denominada
"Timely Comics".

Que ironia...sua fama viria exatamente através dos
quadrinhos...
Nessa primeira participação, Stan Lee assinou uma
estória do Capitão América, como apoiador tão somente, do roteirista titular.

A pequena "Timely Comics" agigantou-se e
virou a "Marvel Comics".
Ao contrário dos super-heróis da "DC
Comics", os heróis da Marvel passaram a adotar um comportamento
psico-sociológico que muito os aproximou da realidade da vida.
Sendo assim, o padrão do super herói invencível,
que tinha em seu âmago a questão do "New Deal" fortemente alicerçada
como padrão subliminar nos anos trinta (durante a Era da grande depressão),
ganhou um importante contraponto por parte da Marvel.
O contra-ataque teve como estratégia, a
humanização dos super-heróis.
Eles tinham sim, seus super poderes e seu
propósito heroico de usá-los em prol da sociedade contra forças ameaçadoras de
interesses escusos (aliás, nem todos tinham isso como ideal de vida), contudo,
cada super-herói tinha o seu lado humano também, com fraquezas, dúvidas,
problemas, angústias e até dissabores prosaicos, tal como a falta de dinheiro e
as desilusões amorosas em suas vidas pessoais.
Essa perspectiva encantou o público consumidor de
HQ, trazendo uma identificação imediata com o cidadão comum e suas agruras do
cotidiano. Lidando principalmente com adolescentes, de pronto essa
identificação com seu próprio universo, foi arrebatadora.
A ideia de um super herói capaz de proezas
incríveis para salvar pessoas de perigos inimagináveis, mas que tinha a
angústia de não ter coragem de se declarar para a menina que gostava,
sentindo-se inferior, foi uma grande sacada. E não é a grande angústia do rapaz
tímido, Peter Parker, o Homem -Aranha?
E claro, a cada novo personagem concebido mais
nuance da personalidade humana eram explorados, tornando-os ricos em arquétipos
psicanalíticos.
São inúmeros os exemplos...
Pensemos por exemplo num grupo de quatro
cientistas que durante uma viagem espacial são submetidos a uma espécie de
radiação e desenvolvem daí, super poderes.
Muito bem, agora eles têm essa faculdade
excepcional a seu favor, mas continuam sendo as mesmas pessoas, todavia, com os
problemas e características que tinham "antes" do acidente.

E não há como se julgar a postura de um ser intergaláctico
acuado e sem alternativas. Se não auxiliar "Galactus", simplesmente
ele devora o seu planeta, extinguindo a vida de todos, incluso seus
familiares...o que poderia fazer o Surfista Prateado, a não ser subjugar-se à
condição de acólito dessa entidade terrível ?


Toda a sua altivez como divindade, de nada vale
por aqui e a dura adaptação a essa realidade, move Thor, o Deus do Trovão.

Á boca pequena, fala-se que o cientista
milionário, Tony Stark, identidade secreta do Homem de Ferro, foi inspirado
diretamente em Howard Hughes. Faz sentido...
No caso de Namor, o Príncipe Submarino, a angústia
é estar dividido por ser híbrido, meio humano (por parte de pai) e
"atlante" (pela mãe). Uma clara alusão aos casamentos inter-raciais
proibidos em muitos estados norte-americanos.
Inspirado claramente na história de Dr Jekyll/Mr.
Hyde , outro exemplo de ambiguidade é o personagem Hulk. O frágil e tímido
cientista Bruce Banner, que se transforma uma criatura irascível quando dispara
a raiva dentro de si, por conta dos raios gama que acidentalmente o atingiram
numa experiência laboratorial, praticamente demonstra a vontade interna de cada
menino frágil e vítima de bullying na escola, em reverter o quadro de seu
infortúnio. Como não se identificar e ter vontade de virar o Hulk, muitas vezes
na vida, e assim impor o respeito?
No caso do universo dos X-Men, eu ficaria até
amanhã escrevendo sobre cada personagem, com suas respectivas características,
retratando a humanidade. No resumo, fica a mensagem da segregação, do
preconceito e da intolerância. Como não pensar nisso, diante da história e uma
escola de crianças e adolescentes com super poderes e incompreendidos pela
sociedade e até por seus familiares, que são tratados como verdadeiros
"párias"?

E assim, Stan Lee não parou quieto dentro da
Marvel, exercendo diversas funções, tal como Maurício de Souza as exerce dentro
de sua companhia.
Computa-se cerca de 320 personagens criados por ele, entre
super-heróis, super vilões e personagens secundários de apoio.
Há quem não o reverencie também. Jack Kirby, um de
seus mais célebres colegas na Marvel chegou a criar um super herói para
satirizá-lo. Dizia que o personagem era um "safado exibicionista e sempre
disposto a enrolar as pessoas"...

Já fez locuções; participações em filmes não
necessariamente de seus heróis, mas reverenciando-os como o grande nome da HQ;
apresentou um reality show absurdo na TV (e engraçado), onde a proposta era a
de inventarem novos e insólitos super-heróis etc.

Stan Lee não está mais na Marvel diretamente e faz
tempo, enveredou pela internet, criando seu próprio portal, com a empresa Stan
Lee Media.
Claro que sou fã do universo Marvel desde criança
e do "velhinho" Stan Lee, uma tremenda influência para mim.


E que eu consiga ter a sorte de chegar aos 90 anos
de idade, com essa vitalidade...
Como sou Marvel de carteirinha, acho que tenho chance, pois não corto essa relação com a energia da infância e acredito que isso é um meio de não envelhecer...
Concordam?
Como sou Marvel de carteirinha, acho que tenho chance, pois não corto essa relação com a energia da infância e acredito que isso é um meio de não envelhecer...
Concordam?
Nenhum comentário:
Postar um comentário