quarta-feira, 7 de dezembro de 2011
OUTRO "SOLDADO" DE DEZOITO ANOS
por Jorge Alberto Forrer Garcia
Curitiba, 3 de dezembro de 2011.
Prezados senhores, cordiais saudações.
Outro dia escrevi algumas palavras sobre um soldado de dezoito anos, citado num livro de autoria de um idiota que, depois de endeusar seus amigos terroristas, não se dignou nem a citar o nome do soldado do Exército, morto num atentado à bomba contra um quartel.
Hoje, decidi escrever sobre outro soldado de dezoito anos. Assim como aquele, esse outro soldado tem nome: Carlos Eugênio da Paz. Quando foi servir ao Exército no Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro, também aos dezoito anos, já era militante da organização subversivo-terrorista denominada Ação Libertadora Nacional – ALN – a mais letal organização desse tipo na época e seguidora das orientações do Minimanual do Guerrilheiro Urbano, de autoria de Marighella, a quem Carlos Eugênio da Paz chamava carinhosamente de “Fabiano”.
Em livro que escreveu (editado em 1996), Carlos Eugênio da Paz rememora, na pág 104, o diálogo que teve com Marighella quando soube que ia incorporar ao Exército no Forte de Copacabana:
“— Fabiano, vou servir, fui incorporado ao Forte.”
“— Temos que refazer nossos planos, a partir de agora você é um revolucionário infiltrado no exército, o segredo é sua única arma. Vai ser importante aprender tudo o que puder. Manejo de armas, a disciplina militar, como funciona o inimigo por dentro, como pensa, como reage. Não se deixe levar pelas aparências, um exército tem uma lógica própria que às vezes subestimamos por não entende-la. Deixe-os transformá-lo num soldado, não corre o risco de perder a iniciativa, é consciente. Aprenda a obedecer que aprenderá a comandar, com seu poder de liderança, vai ser um bom combatente da guerrilha. Descubra uma ação que aproveite a aura histórica do Forte, para quando precisarmos de impacto promocional. Não faça política, não comente os fatos do dia-a-dia, poderia se trair. Continue no comando de seu grupo, mas se desligue da Coordenação, não quero que ninguém mais o conheça. Continue nas ações armadas, o respeito dos companheiros se conquista nas frentes de combate. O que viverá nos próximos meses poderá ser muito útil, boa sorte companheiro.”
Quer dizer, cumpria seu serviço militar levando uma vida dupla: de dia, soldado. À noite, terrorista. Está escrito em seu livro.
Um ou dois anos depois Marighella (“Fabiano”) foi morto e seu “soldado” desertou das fileiras do Exército. Em seu livro, chega a zombar das providências que a organização militar a que pertencia tomou, na tentativa de encontrá-lo e trazê-lo de volta ao quartel, antes que se caracterizasse o crime de deserção.
A atitude desse “soldado de dezoito anos” infiltrado nas fileiras do Exército pode ou não ser considerada uma traição? Isso justifica ou não certas medidas de segurança que o Exército toma com relação ao seu pessoal? Como todo militar, ele também deve ter feito um “Juramento à Bandeira”. Mas...e daí?
Numa entrevista às páginas amarelas da Revista Veja em 1996 (clara propaganda de seu livro), ele revela os crimes que cometeu e muitos aspectos internos das organizações subversivo-terroristas os quais, sugiro, deveriam ser lidos previamente pelo futuros membros da Comissão da Verdade.
Esse “soldado” – ladrão e assaltante confesso – depois veio a ser anistiado e indenizado pelo Estado. Em parte com o meu dinheiro, mas – como cidadão que sou - não me lembro de ter sido consultado a esse respeito. Mas assim é o regime que nos vai sendo imposto. O Estado suplantando os cidadãos.
Concito-os a ler por si próprios a entrevista como publicada na época e concluir se é o caso de pessoas assim serem indenizadas por nós.
Jorge Alberto Forrer Garcia
Coronel Reformado
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