Hiram Reis e Silva, Porto Alegre, RS, 20 de dezembro de 2011.
Hino do Município de Porto Velho
(Letra e Música: Claudio Feitosa)
No Eldorado uma estrela brilha
Em meio à natureza, imortal:
Porto Velho, cidade e município,
Orgulho da Amazônia ocidental, (...)
Nascente ao calor das oficinas
Do parque da Madeira-Mamoré
Pela forja dos bravos pioneiros,
Imbuídos de coragem e de fé.
És a cabeça do estado vibrante:
És o instrumento que energia gera
Para a faina dos novos operários,
Os arquitetos de uma nova era.
No Eldorado uma gema brilha
Em meio à natureza imortal:
Porto Velho, cidade município,
Orgulho da Amazônia ocidental.
A Origem do Nome (18.12.2011)
Fonte: www.portovelho.ro.gov.br
Oficializada em 2 de outubro de 1914, Porto Velho foi criado por desbravadores por volta de 1907, durante a construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré. Em plena Floresta Amazônica, e inserida na maior bacia hidrográfica do globo, onde os rios ainda governam a vida dos homens, é a Capital do Estado de Rondônia. Fica nas barrancas da margem direita do Rio Madeira, o maior afluente da margem meridional do Rio Amazonas.
Desde meados do século XIX, nos primeiros movimentos para construir uma ferrovia que possibilitasse superar o trecho encachoeirado do Rio Madeira (cerca de 380 km) e dar vazão à borracha produzida na Bolívia e na região de Guajará Mirim, a localidade escolhida para construção do porto onde o caucho seria transportado para os navios seguindo então para a Europa e os EUA, foi Santo Antônio do Madeira, Província de Mato Grosso.
As dificuldades de construção e operação de um porto fluvial, em frente aos rochedos da cachoeira de Santo Antônio, fizeram com que construtores e armadores utilizassem o pequeno porto amazônico localizado 7 km abaixo, em local muito mais favorável.
Em 15 de janeiro de 1873, o Imperador Pedro II assinou o Decreto-Lei nº 5.024, autorizando navios mercantes de todas as nações subirem o Rio Madeira. Em decorrência, foram construídas modernas facilidades de atracação em Santo Antônio, que passou a ser denominado Porto Novo.
O Porto Velho dos militares continuou a ser usado por sua maior segurança, apesar das dificuldades operacionais e da distância até Santo Antônio, ponto inicial da EFMM. Percival Farquhar, proprietário da empresa que afinal conseguiu concluir a ferrovia em 1912, desde 1907 usava o velho porto para descarregar materiais para a obra e, quando decidiu que o ponto inicial da ferrovia seria aquele (já na província do Amazonas), tornou-se o verdadeiro fundador da cidade que, quando foi afinal oficializada pela Assembléia do Amazonas, recebeu o nome Porto Velho. Hoje, a capital de Rondônia.
Porto Velho Antigo
Fonte: www.portovelho.ro.gov.br
Após a conclusão da obra da E.F.M.M. em 1912 e a retirada dos operários, a população local era de cerca de 1.000 almas. Então, o maior de todos os bairros era onde moravam os barbadianos - Barbadoes Town - construído em área de concessão da ferrovia. As moradias abrigavam principalmente trabalhadores negros oriundos das Ilhas Britânicas do Caribe, genericamente denominados barbadianos. Ali residiam, pois vieram com suas famílias, e nas residências construídas pela ferrovia para os trabalhadores só podiam morar solteiros.
Era privilégio dos dirigentes morarem com as famílias. Com o tempo passou a abrigar moradores das mais de duas dezenas de nacionalidades de trabalhadores que para cá acorreram. Essas frágeis e quase insalubres aglomerações, associadas às construções da Madeira-Mamoré foram a origem da cidade de Porto Velho, criada em 02 de outubro de 1914. Muitos operários, migrantes e imigrantes moravam em bairros de casas de madeira e palha, construídas fora da área de concessão da ferrovia.
Assim, Porto Velho nasceu das instalações portuárias, ferroviárias e residenciais da Madeira-Mamoré Railway. A área não industrial das obras tinha uma concepção urbana bem estruturada, onde moravam os funcionários mais qualificados da empresa, onde estavam os armazéns de produtos diversos, etc. De modo que, nos primórdios havia como duas cidades: a área de concessão da ferrovia e a área pública. Duas pequenas povoações, com aspectos muito distintos. Eram separadas por uma linha fronteiriça denominada Avenida Divisória, a atual Avenida Presidente Dutra. Na área da railway predominavam os idiomas inglês e espanhol, usados inclusive nas ordens de serviço, avisos e correspondência da Companhia. Apenas nos atos oficiais, e pelos brasileiros era usada a língua portuguesa. Cada uma dessas povoações tinham comércio, segurança e, quase, leis próprias. Com vantagens para os ferroviários, face à realidade econômica das duas comunidades. Até mesmo uma espécie de força de segurança operava na área de concessão da empresa, independente da força policial do estado do Amazonas.
Essa situação gerou conflitos frequentes, entre as autoridades constituídas e os representantes da Railway. Portanto, embora as mortes a lamentar durante sua construção tenham sido muitas, a ferrovia da morte, como chegou a ser denominada a Estrada de Ferro Madeira Mamoré é, na verdade a ferrovia da vida, para Porto Velho e seu povo. A importância da EFMM para a formação da cidade pode ser medida pelo texto da lei de sua criação, aprovada pela Assembléia Legislativa do Amazonas, que diz: Artigo 2° - O Poder Executivo fica autorizado a entrar em acordo com o governo Federal, a Madeira-Mamoré Railway Company e os proprietários de terras para a fundação imediata da povoação, aproveitando na medida do possível, as obras do saneamento feitas ali por aquela companhia, e abrir os créditos necessários à execução da presente lei.
Nos seus primeiros 60 anos, o desenvolvimento da cidade esteve umbilicalmente ligado às operações da ferrovia. Enquanto a borracha apresentou valor comercial significativo, houve crescimento e progresso. Nos períodos de desvalorização da borracha, devido às condições do comércio internacional e a inoperância empresarial e governamental, estagnação e pobreza.
Universidade Federal de Rondônia - UNIR (18.12.2011)
“A ética é o fundamento que orienta as pessoas para que possam ter uma vida digna e justa. A corrupção é um mal que se estabelece nas sociedades através de pequenos vícios, portanto não deve ser encarada como algo natural, mas sim um desvio de conduta adquirido através de maus exemplos. Tem como fruto a miséria, a falta de saúde, falta de educação, falta de moradia digna etc. Rondônia tem sido alvo de pessoas inescrupulosas que utilizam o serviço público em defesa de seus interesses pessoais. O movimento unificado pela ética e contra a corrupção espera que essa lamentável situação seja a base de uma reflexão mais profunda sobre os efeitos maléficos da corrupção visando a banir de nosso meio a longa e dolorosa tradição de apropriação indevida do aparato público”.
(Manifesto do Movimento Unificado pela Ética e Contra a Corrupção)
O Tenente Thiago Teixeira Baptista nos acompanhou até as instalações da Universidade Federal de Rondônia. O número de obras paralisadas em virtude dos últimos acontecimentos é impressionante, mas o que mais chamou atenção de nossa pequena comitiva foi a falta de ação dos encarregados da segurança que permitiam uma grande quantidade de pessoas perambularem, no domingo, pelas instalações sem qualquer tipo de controle, a falta de manutenção das instalações, além do descaso com os gastos com energia elétrica já que a maioria das salas de aula, embora vazias, estavam com as luzes acesas e os aparelhos de ar condicionado ligados. Curiosamente em todas elas estava fixado um aviso para que os mesmos fossem desligados ao sair da sala.
No dia 14 de setembro deste ano, professores e alunos da UNIR se uniram em movimento grevista reivindicando melhores condições de trabalho. O Laudo de Vistoria Técnica, de 21 de outubro de 2011, realizado pela Diretoria de Serviços Técnicos do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Rondônia confirmaram as denúncias dos grevistas: o Campus Universitário, inaugurado em 1984, não vinha sofrendo qualquer tipo de manutenção e a deterioração ameaçava a segurança dos profissionais e alunos da UNIR além de prejudicar as atividades de ensino. O Comando de Greve, mais tarde, incorporou-se ao Movimento Unificado pela Ética e Contra a Corrupção reivindicando o afastamento da administração anterior envolvida em inúmeras irregularidades administrativas. Representantes do Movimento levaram pessoalmente um dossiê de 1.500 páginas a Casa Civil da Presidência da República onde foram informados que a administração da UNIR contava com o apoio da base aliada do Governo Federal no Congresso e nada poderia ser feito.
As pressões continuaram e, finalmente, no dia 23 de novembro de 2011, o Reitor da UNIR José Januário de Oliveira Amaral apresentou sua renúncia ao Ministro da Educação. Januário argumentou que não tinha mais condições de permanecer no cargo em virtude da série de denúncias de desvio de recursos envolvendo a Fundação Rio Madeira - RIOMAR, que serve de apoio à UNIR. No dia 24 de outubro, a Secretaria de Educação Superior (SESU) nomeou uma comissão de auditores, integrada por representantes do MEC e da Controladoria-Geral da União (CGU), para auditar as contas da RIOMAR e da UNIR.
Um movimento legítimo bem diferente do que se verificou recentemente na USP onde riquinhos baderneiros, travestidos de estudantes, reivindicavam a liberdade de fumar maconha no Campus Universitário.
Usina Hidrelétrica de Samuel (18.12.2011)
Nas proximidades de Porto Velho, ao Norte a BR 364, observamos um dos extensos diques da Hidrelétrica de Samuel. Dele avistamos o grande reservatório da barragem que nessa oportunidade estava bastante seco.
No local onde existia a cachoeira de Samuel no Rio Jamari, afluente do Rio Madeira, foi construída a barragem da Hidrelétrica de Samuel, com potência instalada de 216 MW. Em virtude do relevo pouco acentuado da bacia do Jamari foram construídos 70 km de diques para conter extravasamento da água represada no seu reservatório de 540 Km2 para os igarapés vizinhos. Em 1982, a construção da usina teve início e em consequência da falta de verbas só foi concluída catorze anos depois.
A construção da Usina Hidrelétrica de Samuel fez surgir no lugar de uma antiga colônia de pescadores a sede do Município de Candeias do Jamari. Os royalties proporcionados pela Usina Hidrelétrica de Samuel favoreceram, além de Candeias do Jamari, mais três municípios: Alto Paraíso, Cujubim e Itapuã do Oeste. Atualmente, 90% dos 52 Municípios do Estado são beneficiados com energia desse sistema isolado da Eletronorte. Rio Branco, a capital do Acre, a partir de novembro de 2002, passou a ser abastecida com a energia de Samuel e, em maio de 2006, esse sistema foi ampliado, permitindo que a geração térmica do Acre fosse substituída pela hidráulica, proporcionando a substituição da geração a derivados de petróleo. Além de Samuel, a ELETROBRAS ELETRONORTE opera a Usina Termelétrica Rio Madeira, que produz 90 MW. Somada à geração dos produtores independentes de energia, a potência instalada em Rondônia é de 403 MW.
Livro
O livro “Desafiando o Rio–Mar – Descendo o Solimões” está sendo comercializado, em Porto Alegre, na Livraria EDIPUCRS – PUCRS, na rede da Livraria Cultura (http://www.livrariacultura.com.br) e na Livraria Dinamic – Colégio Militar de Porto Alegre.
Para visualizar, parcialmente, o livro acesse o link:
http://books.google.com.br/books?id=6UV4DpCy_VYC&printsec=frontcover#v=onepage&q&f=false
Coronel de Engenharia Hiram Reis e Silva
Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA); Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS); Vice- Presidente da Academia de História Militar Terrestre do Brasil - RS (AHIMTB - RS); Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS); Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional.
Site: http://www.amazoniaenossaselva.com.br
E-mail: hiramrs@terra.com.br
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