domingo, 8 de janeiro de 2012

HISTÓRIA NA SALA DE AULA

Quem nunca torceu o nariz, nos tempos de colégio, para a aula de algum professor? Talvez uma aula de, digamos História Antiga: um quadro abarrotado de nomes estapafúrdios (hilotas, periecos) e uma turma sonolenta. “Ah, eu faria muito melhor do que isso”, muitos pensavam. E se, ao invés de nós, meros mortais, essas críticas fossem feitas por especialistas no assunto que aquele professor, coitado, espremia?

Pois é exatamente essa a proposta do livro “História na sala de aula: conceitos, práticas e propostas”. Leandro Karnal, que organiza o livro, reuniu um time de primeira.

Na primeira parte, Jaime e Carla Pinsky, Janice Theodoro e outros tratam dos desafios em sala. Como, na prática, tratar o tal monstro da interdisciplinaridade? Há algum meio de aplicar as novas interpretações da historiografia à sala de aula?

Na segunda parte, eis tudo o que qualquer faculdade de História deveria enfatizar (e, infelizmente, não o fazem): autores especialistas em cada qual dos períodos históricos dando dicas ao professor. Capítulos sobre História Antiga, Medieval, Moderna, Contemporânea, da América e do Brasil – todos escritos por autores que entendem do assunto. Para citar alguns, Circe Bittencourt, Marcos Napolitano e José Rivair Macedo. Como disse há pouco, um time de primeira.

É um papo direto ao professor. Indicações de leitura e fontes que podem ser utilizadas em sala – e, assim, tornar a coisa toda muito mais agradável (e instigante para aquela massa de alunos sonolentos). Dicas para quem está nas trincheiras entre o quadro, o giz e as apertadas carteiras de madeira. Que tal trabalhar a relação da Europa com a América a partir da visão de Montaigne (especialmente do livro “Dos Canibais”)? Ou, quem sabe, explorar aventuras do personagem Robinson Crusoé como forma de explorar o imaginário da Idade Moderna. Não simplesmente empurrar leituras goela abaixo dos alunos, mas sim instigar a curiosidade. E, convenhamos, as fantásticas descrições do Oriente feitas por Marco Polo são deliciosas – e ajudariam a entender o fim da Idade Média e o deslumbramento com a descoberta do exótico.

Aquele professor, ainda insistindo na relação entre periecos e hilotas, poderia muito bem dar uma olhada no ensaio escrito por Pedro Paulo Funari, arrastar as cadeiras e tentar algo novo, instigante.

Compilei do blog do Pedro Ferrari.

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