quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

PARTIDA PARA NOVA OLINDA DO NORTE-AM

Hiram Reis e Silva, Nova Olinda do Norte, AM, 14 de janeiro de 2011.

É muito melhor arriscar coisas grandiosas, alcançar triunfos e glórias,

mesmo expondo-se à derrota, do que formar fila com os pobres de espírito,

que nem gozam muito, nem sofrem muito,

porque vivem nessa penumbra cinzenta que não conhece vitória nem derrota.

(Theodore Roosevelt)

A distância de Nova Olinda do Norte era, pelo Google Earth, de pouco mais de 90 quilômetros. No planejamento inicial eu previra dois dias de deslocamento, mas decidi fazer em um dia contanto com o tempo bom e a velocidade da correnteza.

- Partida de Borba, AM (14.01.2012)

O João Paulo apareceu, de madrugada, dizendo que tinha sido convidado por alguns novos amigos para um churrasco e que pretendia ficar mais um dia em Borba. Parti um tanto preocupado, deixando meu filho para trás. Lancei-me às águas, como o programado, por volta das 5h15, pronto para enfrentar o mais longo desafio do Rio Madeira, eu estava otimista, a primeira hora foi alvissareira, águas de Almirante, suave brisa e águas rápidas.

Depois de remar 15 km, minha proa apontou para enormes e carregadas nuvens negras no horizonte. A chuva começou pela margem esquerda e logo me atingiu por rajadas de vento de até 40 km por hora, uma chuva forte acompanhada dos inevitáveis “banzeiros”. As ondas não ultrapassaram os 60 cm, mas resolvi navegar próximo da margem direita já que a visibilidade fora reduzida a uns 300 metros. O esforço agora era considerável, em virtude dos ventos de proa, torci para que o tempo melhorasse para não comprometer minha programação. O objetivo seria alcançado de qualquer maneira, fui doutrinado, na Academia Militar das Agulhas Negras, para não entregar os pontos e forçar coração, nervos, músculos, tudo, para atingir o alvo. Os óbices acontecem, mas devem ser encarados com naturalidade e ultrapassados com coragem e determinação, sempre mantendo o “foco” no objetivo a ser atingido.

Depois de navegar, aproximadamente 20 km, o Soldado Walter Vieira Lopes (Sub-comandante do B/M Piquiatuba) resolveu acompanhar-me no caiaque do Mestre José Holanda. Durante a primeira hora o Vieira Lopes dominou a arte da canoagem como bom marujo que é, enfrentando fortes ondas de proa e de través. As ondas acalmaram, o vento diminuiu consideravelmente, e como ele estivesse à minha frente gritei para que ele aproasse a jusante de uma ilha à nossa frente, o Vieira Lopes girou o corpo para me ouvir melhor e virou o caiaque. Depois de tentar diversas vezes subir sem sucesso no caiaque resolvi rebocá-lo até a margem. Foi uma progressão lenta, difícil e cansativa até uma margem repleta de canaranas. Viera Lopes retirou a água do caiaque e partiu célere para a margem direita do Rio. Somente depois de ultrapassarmos as pequenas ilhas avistamos o Piquiatuba comandado pelo Soldado Mário Elder Guimarães Marinho (Comandante do B/M Piquiatuba). Fui até a embarcação colocar uma camisa seca e renovar meu estoque de água de coco. O Vieira Lopes continuou mais um pouco e foi substituído, no caiaque, pelo Soldado Marçal Washington Barbosa Santos (Cozinheiro do B/M Piquiatuba).

Novamente a maestria dos nossos marujos na condução de uma embarcação a que não estavam absolutamente acostumados ficou patente. Faltavam apenas 26 km e resolvi imprimir um ritmo forte até Nova Olinda acompanhado a par e passo pelo Marçal. Há uns dez quilômetros de distância da cidade o Marçal comentou sobre a ausência dos golfinhos (botos e tucuxis) no Baixo Madeira e, logo em seguida, como para atender a seu apelo, apareceram cinco enormes botos vermelhos. Os belos mamíferos aquáticos evoluíam muito próximos dos caiaques, por vezes nos assustando e nos acompanharam até as cercanias da cidade.

- Chegada em Nova Olinda do Norte, AM (14.01.2012)

Chegamos às das 12h55 depois de navegar 93 km em 7h40 a uma média próxima dos 12 km/h. O Mário ancorou no Porto do DNIT e conseguiu autorização do funcionário Charles Christian Sales para que ali permanecêssemos até segunda de manhã.

Município de Nova Olinda do Norte-AM

Hiram Reis e Silva, Nova Olinda do Norte, AM, 15 de janeiro de 2012.

Hino de Nova Olinda do Norte

(Letra e Música: Elcileia Fonseca de Souza)

Às margens do Rio Madeira

Ao longe se pode avistar

Uma cidade hospitaleira

Ilhas e matas a deslumbrar

Encanta os visitantes

Vindos de todo lugar

Os filhos dispersos da terra

Não esquecem de voltar.

Cheia de história e lenda

Que no passado surgiu

Nova Olinda do Norte

Nossa terra varonil

Rios, lagos e igarapés.

Ricos em pesca e paisagens

Caboclos que plantam e colhem

As riquezas desta cidade

Nova Olinda tu és pujante

De belezas naturais

Petróleo, potássio e salgema

Suas riquezas minerais (...)


- Cronologia Histórica da Borba Brasileira

O nome Nova Olinda do Norte originou-se de Olinda, denominação da propriedade de Fulgêncio Rodrigues Magno, comerciante no Paraná do Urariá, e da expressão do Norte, acrescentada pelo Governador do Amazonas, Plínio Ramos Coelho, ao criar o Município. Habitavam primitivamente a região, os índios: Turás, Muras, Mundurucus e outros.

1955 - pela Lei Estadual nº 96, de 19 de dezembro, o Município de Nova Olinda do Norte foi criado, com território desmembrado dos Municípios de Maués e Itacoatiara, com sede na localidade de Nova Olinda do Norte, elevada à categoria de cidade.

A história de Nova Olinda do Norte está estreitamente ligada à exploração do petróleo do Amazonas. No dia 13 de maio jorrou petróleo em Nova Olinda. O Governador Plínio Coelho apareceu nas primeiras páginas dos jornais brasileiros com o seu terno de linho branco tingido com o petróleo que jorrou do poço pioneiro 1-NO-1-AM, da PETROBRAS. Nova Olinda ficou conhecida como a cidade do petróleo e chegou a ser visitada por dois Presidentes da República – Café Filho e Juscelino Kubitschek. Outras cinco perfurações foram feitas nas proximidades do poço pioneiro, nos dois anos que se seguiram a essa data histórica. O período de euforia e esperança teve, no entanto, curta duração. O petróleo voltou a jorrar no poço 2-NO-AM, mas a PETROBRAS, acatando argumento do famoso Relatório Link, alegou que o hidrocarboneto da região não tinha valor comercial e determinou o fechamento dos poços.

1956 - foi instalado, no dia 31 de janeiro, o Município de Nova Olinda do Norte.

- Aspectos Físicos e Geográficos

A sede do Município está situada na margem direita do rio Madeira, a 138 km em linha reta e 144 km via fluvial da capital do Estado. Limita-se com os municípios de Maués, Borba, Autazes e Itacoatiara. As coordenadas cartesianas de Borba são 3°53’12,6”S e 59°05’11,8”O.

Área Territorial: 5.887 Km2.

Clima: Tropical chuvoso e úmido.

Temperatura: a temperatura média é de 27,3°C, e a umidade relativa do ar entre 80% e 85%.

Altitude: 30 m acima do nível do mar.

- Economia

Setor Primário

Agricultura: tem sua maior expressão nas culturas temporárias e, dentre estas, a liderança cabe ao cultivo da mandioca vindo a seguir: abacaxi, arroz, cana-de-açúcar, feijão, fumo, juta, malva, melancia, melão e milho. Entre as permanentes merecem registros: abacate, banana, cacau, laranja, limão, manga e tangerina.

Pecuária: os principais rebanhos são representados por bovinos e suínos, cuja produção além de atender ao consumo local, é exportada para outros municípios, notadamente Manaus.

Pesca: praticada em moldes artesanais e dirigida principalmente para o consumo local.

Avicultura: desenvolvida em moldes domésticos.

Extrativismo Vegetal: a exploração dos recursos florestais no município é baseada no extrativismo da borracha, do pau-rosa, coleta da castanha, essências oleaginosas (andiroba e copaíba), gomas não elásticas e frutas, que outrora absorvia um considerável contingente de trabalhadores rurais. Tem apresentado um processo de desaceleramento nessa atividade, mormente a borracha, face à política governamental para com a heveicultura nacional.

Extrativismo Mineral: a par da comprovada existência de petróleo no município, há em Nova Olinda ocorrências mineralógicas, detectadas e catalogadas pelos órgãos oficiais do governo.

Foram descobertas, na década de 80, pela PETROMISA/ PETROBRAS no Município de Nova Olinda do Norte, nas localidades de Fazendinha e Arari, reserva de silvinita de 1.002,3 milhões de toneladas, com teor médio de 18,5% de K2O equivalente, a maior jazida do mundo de silvinita.

A Presidente Dilma Rousseff, afirmou, em março de 2011, que o Brasil vai explorar as jazidas de silvinita no Amazonas, de propriedade da Petrobras. A Presidente disse que o Brasil precisa buscar a auto-suficiência na produção de fertilizantes, insumos essenciais na produção agrícola e que influenciam diretamente no preço dos alimentos.

Setor Secundário

Indústrias: olarias, serrarias, usina de beneficiamento de pau-rosa (essência), padarias e fábrica de móveis.

Setor Terciário

Comércio: estabelecimentos.

Serviço: hotel, supermercado, agências bancárias, restaurante, dentistas e consultório médico.

- Eventos Culturais

Festejos de São Sebastião (20 de janeiro)

Carnavolinda (04 de março)

Festejos de São José (15 a 19 de março)

Festival Folclórico – “Festa da Mandioca” (21 a 23 de agosto)

Festival das Frutas (04 de setembro)

FESTNON – Festival de Teatro de Nova Olinda do Norte (12 e 13 de setembro)

FECANON – Evento Musical, Artístico e Cultural (19 a 21 de setembro)

Festival da Cultura (24 e 25 de outubro)

Aniversário do Município de Nova Olinda do Norte (19 de dezembro)

- Livro

O livro “Desafiando o RioMar – Descendo o Solimões” está sendo comercializado, em Porto Alegre, na Livraria EDIPUCRS – PUCRS, na rede da Livraria Cultura (http://www.livrariacultura.com.br) e na Livraria Dinamic – Colégio Militar de Porto Alegre.

Para visualizar, parcialmente, o livro acesse o link:

http://books.google.com.br/books?id=6UV4DpCy_VYC&printsec=frontcover#v=onepage&q&f=false.

Coronel de Engenharia Hiram Reis e Silva

Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA); Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS); Vice- Presidente da Academia de História Militar Terrestre do Brasil - RS (AHIMTB - RS); Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS); Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional.

Site: http://www.amazoniaenossaselva.com.br

E-mail: hiramrs@terra.com.br

Blog: http://www.desafiandooriomar.blogspot.com

Imagens do Google fotoformatação PVeiga

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