Abílio Pereira de Almeida (São Paulo, 26 de fevereiro de 1906 — São Paulo, 12 de maio de 1977) foi um autor, produtor, ator e diretor teatral brasileiro |
quarta-feira, 7 de novembro de 2012
ABÍLIO PEREIRA DE ALMEIDA
Por Luiz Antonio Domingues - in Orra Meu!
Nada
melhor para um autor do que saber exatamente do que fala, justamente por ser um
membro do mesmo grupamento social que enfoca em seus trabalhos.
Esse
foi o caso de Abílio Pereira de Almeida, um dramaturgo, ator, e produtor de
Teatro e cinema, que deixou uma significativa obra no cenário artístico
paulista e brasileiro.
Nascido
em 26 de fevereiro de 1906 na cidade de São Paulo, Abílio era de uma família
abastada e burguesa da sociedade paulistana.
Formado
em direito como se esperava de um bom menino burguês, tinha contudo, grande
interesse pelas artes e notadamente o teatro.
Iniciando
sua aproximação com esse universo, atuado como ator em montagens amadoras, logo
percebeu que não só poderia ser ator, como despertou-lhe o interesse em
escrever, tornando-se um dramaturgo.
Em
1943, monta com amigos frequentadores da Livraria Jaraguá, tradicional ponto de
intelectuais, um grupo teatral denominado GTE (Grupo de Teatro Experimental).
Seu
primeiro texto autoral é encenado em 1946, um espetáculo chamado
"Pif-Paf" e não demorou muito, já estava envolvido na fundação do
TBC, o Teatro Brasileiro de Comédia, onde atuaria com desenvoltura como ator,
diretor, autor e produtor.
Seu
texto, "A Mulher do Próximo" foi o primeiro êxito autoral do
repertório do TBC, já em 1948, dando o estopim para uma carreira de sucesso
estrondoso. Já em 1949, é braço direito do produtor Franco Zampari e participa
assim de todo o processo da criação dos estúdios cinematográficos Vera Cruz, um
super ambicioso sonho de Zampari.
Paralelamente,
peças suas como "Paiol Velho", "Santa Marta Fabril S/A", e
"Rua São Luís 27, 8°andar", foram sucesso de crítica e público nas
salas do TBC.
Enfocava
assim aspectos da burguesia, como as antigas aristocracias fazendeiras de São
Paulo (Paiol Velho, por exemplo), o processo de industrialização paulista e a
hipocrisia dessa burguesia, (Rua São Luís 27, 8° andar, retratava o endereço de
uma garçonnière).
Na
Vera Cruz, atua como ator em "Caiçara", "Terra é sempre
Terra", "Ângela", "Tico-Tico no Fubá",
"Apassionata" e "Sai da Frente" (Sucesso de Mazzaropi).
Como
produtor, participa de filmes fora da Vera Cruz, como "Moral em Concordata",
"Estranho Encontro" e "O Sobrado".
Trabalha
com Dercy Gonçalves , escrevendo a peça "Dona Violante Miranda",
posteriormente adaptada para o cinema, também.
Foi
um grande incentivador da carreira da atriz Odete Lara, bancando sua participação
no filme "Moral em Concordata" .
Fora
do TBC , também colaborou com outras companhias teatrais, como o TMDC
(Companhia do Teatro Maria Della Costa); Companhia Nydia Licia-Sergio Cardoso;
Pequeno Teatro de Comédia (PTC) e Teatro Cacilda Becker (TCB).
Sempre
teve a fama de ser bom de bilheteria, mas incompreendido pela crítica.
Uma
das queixas dos críticos, era por enfocar sempre seus trabalhos na burguesia
paulistana, da qual era oriundo pessoalmente.
Seus
detratores o acusavam de ser regionalista e repetitivo, mas na verdade esse
manancial de informações tinha diversos matizes e Abílio extraía ao máximo
essas sutilizas comportamentais da sociedade, transpondo-as para os palcos e
telas, com desenvoltura.
Outra
crítica, era concernente a uma certa dose de moralismo. De fato, ao assistirmos
o filme "Moral em Concordata", é fácil de detectar essa questão, mas
devemos levar em consideração os valores dessa época e utilizando esse filtro
histórico, faz sentido, claro.
Já no final dos anos sessenta, escreveu "Os
Donos da Verdade", criticando o momento político mundial de uma maneira
geral, sem no entanto tomar uma posição firme seja de direita ou esquerda.
Apenas defendendo os pais, diante de uma juventude rebelde que não sabia aonde
ia parar... Esse trabalho ficou inédito.
Deixou ainda um livro de memórias inacabado,
chamado : "Confissões de um Anjo da Guarda", no início dos anos
setenta e afastou-se da criação artística nos seus últimos anos de vida, vindo
a falecer em 12 de maio de 1977.
Abílio Pereira de Almeida contribuiu decisivamente
com o teatro e o cinema, deixando um grande legado.
Luiz Antonio Domingues
(músico das bandas PEDRA, Ciro Pessoa & Nu Descendo a Escada, Kim Kelh
e os Kurandeiros).
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2 comentários:
Adorei a matéria.Gosto de ler o que voce posta. Informação é algo sempre benvindo. Gostaria que desse uma espiadinha no meu blog.ritabivar.blogspot.com. Sou amante da arte e da literatura e escrevo por abraço.Nada me intimida mas reconheço que sou apenas uma amadora. rss
corrigindo;escrevo por prazer.
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