Dojival Filho
Do Diário do Grande ABC
Monarca da canção popular brasileira desde o período da Jovem Guarda, Roberto Carlos comemora neste domingo seu 68º aniversário e inicia na cidade natal, Cachoeiro de Itapemirim, no Espírito Santo, a turnê em que celebra cinco décadas de carreira. Depois do concerto no município capixaba, onde a Prefeitura incentiva os moradores a enfeitarem as casas com adereços em cores brancas e azuis (as preferidas do homenageado), o intérprete realiza apresentações em outras 20 cidades no Brasil e no Exterior.
A série de eventos comemorativos, que prossegue até 2010, inclui shows temáticos com divas da MPB, roqueiros e astros sertanejos, além de uma exposição na Oca, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo.
CARREIRA E LEMBRANÇAS - Em cinquenta anos, Roberto Carlos demonstrou habilidade incomum para adaptar-se a estilos musicais. Na juventude, antes de dominar as rádios com hits sobre taxistas, caminhoneiros e gordinhas, seguiu os passos do mestre da bossa nova João Gilberto e liderou o grupo de rock Sputniks, ao lado de Tim Maia.
Apesar de tantas mudanças, uma característica da personalidade do artista não mudou: o perfeccionismo. "Na época da Jovem Guarda, o camarada levava quase uma hora só para arrumar o cinto. Eu tentava apressá-lo e ele dizia: ‘Espera aí, bicho, que meu cinto não está na posição certa''", relembra, aos risos, o cantor Jerry Adriani, chamado carinhosamente de Agrião por Roberto, que fez trocadilho com o sobrenome artístico do amigo.
Responsável pelos arranjos do Rei há 31 anos, o maestro Eduardo Lages confirma o elevado nível de exigência do chefe, que deverá entrar em estúdio em junho para a gravação de CD de inéditas. "Ele pega pesado nos ensaios, mas tem razão nas coisas que pede. Hoje, canta melhor que há 30 anos e sua voz está sempre limpa", destaca o regente.
Musa das ‘jovens tardes de domingo'', a cantora Wanderléa reserva apenas elogios ao ex-parceiro, com quem teve romance pueril nos anos 1960, assunto sobre o qual preserva discrição. "Ele sempre foi delicado no trato com todos. É um amigo querido de muitos anos. Um homem que trabalha com dedicação", comenta a Ternurinha, que está escalada para o show Elas Cantam Roberto, marcado para 26 de maio, no Theatro Municipal de São Paulo.
‘BON VIVANT'' - O baterista dos grupos Os Incríveis e Casa das Máquinas, Netinho, lembra das baladas em que se divertiu com o Rei em sua fase iê-iê-iê. "A minha namorada Flora era amiga da namorada dele. O Roberto era um bon vivant, um supermalandro, mas no bom sentido. Nós íamos bastante à Cave (lendária boate de São Paulo). Faz anos que não tenho contato com ele, mas não acredito que tenha mudado muito".
Procurado pela reportagem, o "amigo de fé, irmão camarada" Erasmo Carlos não concedeu entrevista porque aguarda o lançamento de seu próximo disco, previsto para maio, para falar com a imprensa. O Tremendão prepara autobiografia, ainda sem data para chegar às livrarias.
Fonte: Diário do Grande ABC
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