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30 Anedotas de Machado
30 anedotas de Machado
Machado de Assis (1839 - 1908), o maior escritor que o
Brasil já conheceu, é cheio de mistérios. Eles continuam
estimulando os críticos, que tentam entender seu estilo
único e captar suas ironias. Machado ainda tinha uma vida
pessoal reservada, deixando biógrafos atordoados.
Esta lista de ÉPOCA foi baseada no Almanaque Machado
de Assis (Record, 320 págs., R$50), de Luiz Antonio Aguiar,
que reuniu os fatos mais curiosos que já foram descobertos
- ou talvez inventados - sobre o escritor.
1. Machado de Assis dividia com José de Alencar o posto de
romancista mais popular do Brasil. Ele vendia 2 mil
exemplares por edição no Rio de Janeiro, quando a cidade
tinha 300 mil habitantes. É a média de venda de um escritor
atual - e no Brasil inteiro, que conta uma
população de 184 milhões.
2. Ele sofria de epilepsia, era gago, e tinha uma infecção
crônica nos olhos.
3. A prosa de Machado de Assis é dividida pelos críticos
em duas fases: uma é marcada pelo Romantismo e dura até
a publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas.
O romance, narrado por um “defunto autor”, marca o estilo
irônico e único que o consagraria.
4. Seu romance mais traduzido no exterior é justamente
Memórias Póstumas de Brás Cubas. Em inglês, o título virou
Epitaph for a Small Winner (epitáfio para um vencedor medíocre)
e, em dinamarquês, En Vranten Herres Betragtninger
(considerações de um rabugento).
5. Carolina Augusta Xavier de Novais, uma portuguesa que
chegou ao Brasil em 1866, foi o grande amor de Machado.
Segundo biógrafos, ela seria uma grande conhecedora de
literatura. Alguns até dizem que ela ajudava o marido na
revisão da gramática dos originais.
6. Rei absoluto dos vestibulares, Machado provavelmente
nunca foi à escola. Foi alfabetizado pela mãe e pelos livros.
Aos 20 anos, lia em francês.
7. Quando tinha 18 anos, o escritor trabalhou como tipógrafo,
mas às vezes largava a prensa para ler um livro escondido.
Conta-se que ele foi denunciado ao diretor da Tipografia
Nacional, Manuel Antônio de Almeida (autor de Memórias
de um Sargento de Milícias). Mas o escritor teria simpatizado
com o leitor compulsivo. E não só o impediria de ser
demitido como lhe daria um aumento.
8. O educador Lourenço Filho (1897 - 1970) fez um
levantamento de todo o vocabulário usado em Dom Casmurro.
Concluiu que, com menos de 2 mil palavras diferentes,
Machado escreveu uma obra-prima sobre uma relação amorosa.
Só não contou se Capitu traiu ou não Bentinho.
9. O xadrez era uma das paixões de Machado.
Ele provavelmente foi iniciado no jogo pelo pianista português
Artur Napoleão e freqüentava clubes para praticar. No conto
“Antes que Cases”, Machado escreveu:
“a vida não é um jogo de xadrez”.
10. Às vezes, Machado usava pseudônimos para assinar
seus textos. Alguns deles: Gil, João das Regras, Job, Platão...
Em 1878, quando escreveu um artigo criticando os excessos
naturalistas de O Primo Basílio, de Eça de Queirós, assinou
como Eleazar. Mas o escritor português recebeu o recorte
da crítica com o nome verdadeiro do autor. E, ofendido, respondeu.
11. Machado leu profundamente a obra do filósofo Schopenhauer,
quando ele nem estava na moda.
12. Seu primeiro livro, Crisálidas, de poemas tipicamente
românticos, não teve grande repercussão.
13. Machado morou durante 24 anos em um sobrado na Rua
Cosme Velho, nas Laranjeiras, que hoje faz parte da zona sul d
o Rio. Apesar dos protestos da Academia Brasileira de Letras,
a casa foi demolida e deu lugar a um prédio. O condomínio
ostenta uma placa: “aqui morou Machado de Assis”.
14. Quem merece o apelido de “bruxo” não é Paulo Coelho,
é Machado de Assis. Ele era chamado de “o bruxo do Cosme
Velho”, já que não lhe faltavam magias e artifícios literários.
Em 195, Carlos Drummond de Andrade publicou, no livro
A vida passada a limpo, o poema “A um bruxo com amor”,
um elogio a Machado.
15. A família de Carolina inicialmente não aprovou sua união
com Machado, que duraria 37 anos. Segundo os biógrafos,
o casal era apaixonadíssimo e teve um relacionamento
pacato e harmonioso.
16. Antes de Carolina, Machado teve outras namoradas.
Uma delas foi a cantora lírica italiana Augusta Candiani,
18 anos mais velha que o escritor.
17. Um jornal fofocou sobre uma suposta relação
extraconjugal de Machado com uma atriz portuguesa,
quando ele já estava com Carolina. A mulher, naturalmente,
ficou magoadíssima.
18. Carolina morreu ao 69 anos, de um tumor no intestino.
A morte da companheira levou Machado a escrever ao amigo
Joaquim Nabuco: “Soube por algumas amigas dela de uma
confidência que ela lhes fazia; dizia-lhes que preferia ver-me
morrer primeiro a saber a falta maior que ela me faria.
A realidade foi talvez maior que ela cuidava; a falta é enorme.
Tudo isso me abafa e entristece. Acabei.”
19. Após a morte de Carolina, as crises de epilepsia de Machado
pioraram. Ele ficou abalado durante muito tempo.
20. O narrador de Dom Casmurro, Bentinho, desconfia de
que sua mulher, Capitu, o traiu. Os leitores e críticos tendiam
a considerá-la culpada. Essa interpretação prevaleceu até 1959,
quando a americana Helen Caldwell, estudiosa de Machado,
publicou um artigo no qual afirmava que era impossível
determinar a culpa ou a inocência de Capitu.
21. O estudo de Helen Caldwell, “The Brazilian Othello of Machado
de Assis”, provocou rebuliço na crítica brasileira. Mesmo assim,
só foi traduzido por aqui mais de 40 anos depois, com o título
“O Otelo Brasileiro de Machado de Assis”, de 2002.
Ele compara o romance de Machado à tragédia Otelo, de
Shakespeare, em que o rei, que dá título à peça, mata a mulher
Desdêmona por acreditar que ela é infiel.
22. Já foi dito que Machado adorava cachorros, e recolhia
vira-latas abandonados na rua.
23. Os dois últimos romances, Esaú e Jacó e Memorial de Aires,
formam um par. São, para alguns críticos, suas obras mais complexas.
24. Machado de Assis ficou um tanto inseguro quando lançou
Memorial de Aires. A crítica não se manifestou logo de cara.
Mas depois elogiou.
25. Os narradores de vários dos romances e contos de Machado
de Assis fogem completamente do tradicional. Contando a
história em primeira ou em terceira pessoa, muitos agem como
atores, que ora põem uma máscara, ora põem outra.
O leitor se pergunta: será que esse narrador é confiável?
26. Quando estava à beira da morte, uma amiga de Machado
perguntou-lhe se queria se confessar a um padre. Ele respondeu:
“Não creio. Seria uma hipocrisia”.
27. Todas as citações bíblicas que Machado fez em seus textos
foram irônicas. No conto “O enfermeiro”, ele escreveu:
“Bem-aventurados os que possuem, pois eles serão consolados”.
28. Nos cursinho pré-vestibulares, Machado de Assis é
apresentado como um autor do Realismo, tendo uma primeira
fase mais ligada ao Romantismo. Na verdade, é impossível
enquadrar sua obra em qualquer escola literária.
E é por isso que ele é genial.
29. A cara de Machado estampou uma cédula de mil cruzados,
lançada em 1987.
30. Jean-Michel Massa, tradutor de Machado para a língua
francesa, publicou a coletânea Dispersos de Machado de Assis,
com textos que o autor nunca quis publicar em livro.
Entre os escritos, há Magdalena, um folhetim de gosto duvidoso.
2 comentários:
Prezado Pedro
Estou escrevendo a biografia de Augusta Candinai e gostaria de esclarecer um equívoco:
Augusta Candiani nunca foi namorada de Machado de Assis... uma paixão diletante, platônica, de juventude, talvez tenha motivado o escritor a registrar, por diversas vezes, o nome da prima-dona em sua obra.
Qdo Machado de Assis nasceu, 1839, Candiani contava com 19, e quando estreou no Brasil, janeiro de 1844, o poeta contava com 5 anos...
Um abraço! Andrea Carvalho Stark
http://augustacandiani.blogspot.com
http://agrinalda.blogspot.com
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