terça-feira, 23 de setembro de 2008

A morte em oito tempos

Hoje faz dois anos do falecimento de minha querida mãe e, 17 anos e alguns dias do meu saudoso pai.
Quantas saudades!
Lendo o 4º tempo - Alento - do belo poema abaixo, sinto que eles estão em casa e que jamais partiram.
A morte em oito tempos
Sônia Maria Carriel Brandão

1
Prenúncio

Pálido pássaro pousado
na tênue luz da manhã.

2
Vôo noturno

Agora sabemos o que nenhum anjo sabe.
Agora somos o tempo.
De nossos corpos outras noites nascerão
e juntos voaremos nosso vôo noturno
nas asas do desejo.

3
Os anjos

É inútil matar os anjos.
Onde jogar as asas?
Onde enterrar os corpos?

Anjos não têm asas.
Anjos não têm corpos.

Os anjos são eternos.
Cada vez mais fortes,
após cada morte
renascem dentro de nós.

4
Alento

Os mortos não estão mortos.
Os mortos não estão sob a terra.
Estão na árvore que treme.
Estão na chuva que cai.
Estão na água que corre.
Estão na casa, estão entre nós.
Os que morreram jamais partiram.

5
Antes da aurora

Busco a morte
como quem busca o sono.
Morrerei antes da aurora.
Tenho anjos sobre meus ombros.

6
Meninos de pedra

Na estrada da morte
meninos de pedra
quebram seus sonhos.

7
Réquiem

Arranquem meus olhos.
A flor está morta.

8
O cão da morte

Já não há luz
nem som
nem movimento.

Apenas o cão da morte
me faz companhia.

Espera impaciente
o momento de irmos juntos
para lugar nenhum.



Um comentário:

Anônimo disse...

QUE LINDO POEMA!
EU AMO POEMAS, ACHO ELES A FORÇA MAIOR DA EMOÇÃO E DO CORAÇÃO E RESPEITO POR AQUELES QUE TEM PAIXÃO.
ESSE É O VERDADEIRO AMOR POR AQUELES QUE JA SE FORAM.