Em abril de 1980, não havia ditadura.
Por Augusto Nunes
É verdade que, durante 31 dias, não dormiu em casa, ficou fora das assembléias dos metalúrgicos em greve e nâo pôde zanzar por portas de fábricas.
Mas o gerente do estabelecimento levou-0 várias vezes ao hospital onde a mãe agonizava, chamou um dentista para atendê-lo de madrugada, não confiscou o aparelho de rádio e permitiu que lesse jornais na sala do carcereiro.
Na prática, foi proibido de fazer o que já não o interessava.
Pois a soma desses castigos pareceu suficiente a Peterson de Paula Pereira, procurador da República no Distrito Federal, para considerar muito acertada a promoção do castigado a perseguido da ditadura e anistiado político com direito a aposentadoria excepcional.
A decisão, que confirmou o benefício concedido em 1993, sepultou a denúncia encaminhada ao Ministério Público Federal pelo deputado estadual Eliseu Gabriel da Silva Júnior, do PSDB paulista.
O parlamentar afirma que se trata de um favorecimento injusto.
“Após perquirição dos autos e abreviada súmula daquilo que pertine ao objeto desta representação, não havendo afetação a nenhum interesse público ou direito indisponível a ser guarnecido, promovo o arquivamento dos presentes autos ante a inexistência do interesse de agir”.
Basta reler o palavrório do doutor e rever o vídeo para chegar-se à tradução em língua de gente: deixa o presidente embolsar em paz a mesada que não merece.
Nenhum comentário:
Postar um comentário