quinta-feira, 31 de janeiro de 2013
VAI DAR UMA FESTA? VEJA QUANTO COMPRAR DE COMES E BEBES
Receber os amigos para um churrasco, um almoço ou
uma festa é ótimo, mas sempre bate aquela insegurança na hora de calcular
quanto comprar de comida e bebida. Muita gente leva em conta a máxima de
"quanto mais, melhor" e acaba exagerando na hora de organizar um
evento. Para evitar desperdício e garantir que todos os convidados saiam
satisfeitos da sua festa, reunimos algumas ficas para ajudar na hora de
calcular a quantidade de comes e bebes.
Antes de qualquer coisa, é preciso saber quantas
pessoas vão participar do evento e qual a idade desses convidados. O tempo de
duração da festa, a faixa etária e o perfil dos convidados também podem fazer diferença.
Homens, por exemplo, comem e bebem mais do que as mulheres geralmente.
Comida
Quem deseja servir canapés e salgadinhos, deve
calcular de 10 a 12 unidades por pessoa. Dê preferência para as opções mais
leves como canapés de carpaccio ou salmão, por exemplo. Caso os quitutes levem
ingredientes mais fortes como pimentas ou pesados, a quantidade pode diminuir.
O ideal é que haja pelo menos cinco opções de salgadinhos e canapés. Caso os
salgadinhos e canapés sejam apenas uma entrada, a quantidade cai pela metade.
Já para entradas e pratos quentes conta é "um
por um", ou seja, o número de convidados multiplicado pelo de pratos. Na
hora de escolher o cardápio opte pelo básico para não errar e agradar a todos.
A combinação entrada, massa e carne é sempre uma boa pedida. Para almoços ou
jantares, calcula-se 300 gramas de carne por pessoa, 50 gramas de arroz cru e
150 gramas de legumes ou verduras.
Nos churrascos, 400 gramas de carne para cada
pessoa é o suficiente. O ideal é que seja servida mais de uma opção de carne.
Caso haja outros pratos como pão, salada e maionese, a conta é outra. Neste
caso, a quantidade de carne por pessoa cai para 200 gramas.
Doces
Bolos de aniversário também entram na conta.
Calcule em média 100 gramas de bolo por pessoa. Porém se houver outra sobremesa
ou outros doces na festa a quantidade cai para 60 gramas por pessoa. Para
docinhos em geral, calcula-se três unidades para cada convidado. Caso eles
sejam a única sobremesa o número sobre para seis por convidado. Na hora de
escolher, varie nos sabores. Mesas com doces diversos são sucesso em todas as
comemorações.
Bebidas
Para calcular a quantidade de bebida é muito
importante analisar quanto tempo durará a festa e se o evento será um coquetel,
almoço ou churrasco. A faixa etária também é essencial, já que os jovens tendem
a beber mais que os mais velhos.
No caso dos refrigerantes, calcula-se 600 ml por
pessoa caso não haja outra bebida na festa e 400 ml por pessoa se houver outras
opções. Lembre-se que nem todos bebem refrigerante normal, por isso, é
importante comprar também bebidas zero, light ou diet. Água também não pode
faltar, na hora de comprar calcule 200 ml por pessoa.
A cerveja costuma fazer sucesso e cai bem em todas
as ocasiões, principalmente nos churrascos. Calcule de três à seis latinhas por
pessoa. Lembrando que neste caso, o mais importante é avaliar o perfil dos
convidados. Se você sabe que seu grupo de amigos bebe mais, aumente a cerveja.
Festas que duram o dia todo, principalmente no verão, também pedem uma
quantidade maior da bebida.
No caso do vinho tinto, uma garrafa para cada 3 ou
quatro pessoas é suficiente em um almoço ou jantar. Já para um coquetel calcule
uma garrafa para cada duas pessoas. Já para calcular a quantidade de champanhe,
avalie o perfil da festa. Se a bebida for servida do começo ao fim do evento,
calcule uma garrafa para cada 2 pessoas. Para apenas um brinde, uma garrafa
serve até oito convidados. (Portal Bonde).
terça-feira, 29 de janeiro de 2013
CADÊ O SEU DEUS?
Inúmeros comentários se espalharam na internet,
desde a tragédia do incêndio que matou mais de duzentas pessoas numa boate em
Santa Maria, Rio Grande do Sul. Se a maioria agiu prudentemente, espalhando
palavras de apoio e de luto às famílias, outros se prestaram a um desserviço à
ocasião. Quebraram o protocolo que exige um mínimo de decência na hora da
morte. Incluo entre eles, alguns ditos cristãos, que começaram a fazer
conjecturas morais inconvenientes sobre o incidente. Alguns pregavam que se os
jovens estudantes não estivessem em boates, mas sim em Igrejas, nada disso
teria ocorrido. Mas a questão principal é: Igrejas não pegam fogo também? E se
morressem carbonizados ou asfixiados num templo, deveriam ficar em casa? A
lógica estreita ignora uma questão elementar: eram jovens, queriam namorar e se
divertir, como é elementar em sua idade. E que há de mal nisso? Cansei de
assistir festas de santos da igreja onde jovens só queriam dançar, flertar e
beber. E a festa junina é o que? Ao que parece, o julgamento santarrão oculta
sérios preconceitos. Os jovens estudantes farristas não pareciam estereótipos
de moralidade e austeridade cristãos idealizados por gente sectária?
Então estavam muito mais propensos à morte. Tamanha a visão obtusa destes
comentários.
Por outro lado, há a panfletagem virtual ateísta. A
pergunta desafiadora, tal como extraída das palavras do próprio demônio e saída
da mente vazia de um ateu é: cadê o seu Deus? Tal pergunta me lembrou da
figura perversa de Lênin. Quando ele confiscou os grãos de alimentos dos
camponeses russos e impôs uma repressão brutal às rebeliões nos interiores de
Rússia, em plena guerra civil, dizia que causaria uma violência e terror tais,
que faria o homem russo duvidar da própria existência de Deus. Em suma, a
pergunta desafiadora é cínica e niilista. Ela é cínica, porque na prática, ao
negar Deus, nega também o bem como princípio ordenador e absoluto do mundo. E
niilista, porque sem o bem, só nos resta o mal absoluto, o terror e a falta de
sentido para toda vida humana.
Sem Deus, o que nos resta? O nada. O nada, que na
ideologia materialista, é considerado criador de tudo e que tudo destrói. É
espantoso pensar que o nada seja o critério mais absoluto do ateu. O nada tem
inteligência a ponto de criar o mundo. Apesar de que o nada represente a
antítese de tudo que exista.
Paradoxalmente, não se podem negar as influências
teológicas francamente cristãs na idéia do “ex nihilo”. Já dizia a filosofia
grega, atribuída a Parmênides, “que do nada, nada se cria”, parafraseado
posteriormente pelos medievais. Contudo, os filósofos gregos não concebiam a
idéia do mundo criado a partir do nada. Tinham uma visão próxima do panteísmo.
Chegavam por vezes a crer na infinitude do universo. O mundo seria extensivo a
partir do ente maior, que era Deus. A Idade Média introduziu o nada na
cosmologia ocidental como categoria autônoma e dicotômica da existência do
mundo. O mundo não surge diretamente da natureza de Deus, mas tão somente como
produto de sua vontade, consciência e sabedoria transcendente. A Criação é um
universo distinto do Criador. E como tal, não é infinito, tem uma origem e
antes não havia nada. Como poderá se tornar nada, afastado de quem o fez. A
diferença é que o cristão pressupõe que sem a ação intelectiva e voluntária de
Deus, o nada por si mesmo não se cria. Deus cria o mundo a partir do nada.
Os ateus revelam uma espécie de panteísmo radical,
porém, negando os atributos do bem na natureza. Ou mais, conceitos de bem, mal,
inteligência, vontade, vida, morte, são completamente indiferentes à natureza.
Neste aspecto, paradoxalmente, o “ex nihilo” ganha categorias personalizadas de
existência. Contrariando a lógica elementar, o nada, do nada, se cria tudo.
Irracionalmente, impulsivamente, ocasionalmente. E tem capacidade racional de
organizar a própria realidade.
Quando se fala das aventuras da religião cristã,
poucas pessoas meditam como o passado da humanidade foi bem mais difícil do que
hoje. Até o século XX, a morte foi um expediente bem comum na vida das pessoas.
A juventude e a infância eram assoladas por ela. Morria-se no nascimento,
morria-se no parto, morria na infância, morria-se prematuramente com relativa
facilidade. Rara era a velhice. Ou mais, a velhice tinha mais sinais de uma
juventude precocemente envelhecida. A vida chegava até aos 20, 30 ou 40 anos.
Aparentemente, era o estado natural da humanidade morrer jovem. Era um mundo
mais rude e violento, mas primitivo.
Quando Agostinho escreveu “A Cidade de Deus”, no
final da Idade Antiga, o “mundo” conhecido estava ruindo. Esse “mundo”, por
assim dizer, era o Império Romano, atacado por invasões, guerras e convulsões
sociais, que deixavam a população atônica e desamparada. Os antigos e tacanhos
deuses pagãos da cidade não pareciam oferecer respostas aos problemas cabais
daqueles tempos sombrios. A filosofia antiga estava na mais completa
decadência. Da própria sociedade pagã, não havia uma resposta para o furor dos
acontecimentos. O Cristianismo foi a solução para uma sociedade adoecida.
No início da Idade Média, a Igreja Cristã teve em
suas mãos uma gigantesca missão: reerguer a estrutura da sociedade,
destruída pelo caos. Através da perseverança dos monges, bispos e padres, a
Europa inteira foi cristianizada e preservou uma boa parte do conhecimento do
mundo antigo, ameaçado de se perder para sempre na memória histórica. Tentou
reconstruir o Império Romano e acabou por criar novas instituições, introduzir
novos valores. Um elemento foi poderoso nessa reconstrução: a fé.
Os esforços das ordens monásticas em salvar a
Europa tiveram na fé um elemento poderoso de mobilização. A fome era constante.
Guerras destruíam mosteiros, pilhavam e queimavam livros. E os monges
reconstruíam os velhos lugares de isolamento e meditação. Reescreviam e
copiavam os textos antigos, esperançosos de que tais preciosidades
sobrevivessem ao tempo. Tais ações fundaram a escola, a universidade e toda a
estrutura de educação da atualidade. Sem o monasticismo, as preciosidades
intelectuais da antiguidade seriam virtualmente apagadas. Não haveria ciência.
A Igreja do conhecimento humano e divino revelado
é, também, a Igreja do amor. Hospitais e demais centros de caridade eram
construídos para atender aos doentes e inválidos. A caridade foi além das meras
instituições: tornou-se uma prática comum, uma cultura do ocidente, no âmago de
uma sociedade barbarizada pela violência.
Os monges também pegaram no arado e na enxada.
Criaram as primeiras grandes instituições empresariais do ocidente. Quando se
repete à exaustão a tolice de que a Igreja detinha a maior parte das terras da
Europa, pouca gente sabe que as terras doadas, em grande parte, eram íngremes.
Os mosteiros cultivaram os pântanos e com os excedentes, contabilizaram
recursos, alimentavam os pobres e arrendavam glebas aos camponeses. Tinham uma
função social protetora, numa época de visível desamparo aos miseráveis.
Toda a realidade do mundo desafiava o nome de Deus.
O Evangelho já dizia do “príncipe deste mundo”, o demônio. Entretanto, o homem
medieval confiava profundamente na transcendência. A fé o motivava. Deus estava
sempre presente na alma cristã e no mundo. Mesmo nas épocas mais tristes e
atrozes, a Cristandade, vigorosa, se interligava ao Criador. E havia muitas
crises. Quando houve a peste negra, que dizimou cidades inteiras da Europa e
espalhava cadáveres por todos os lados, a comoção foi generalizada. Famílias
inteiras mortas, mulheres que enviuvavam e perdiam maridos e filhos, crianças
que viraram órfãs do dia para a noite, homens que enterravam seus pais e suas
esposas em valas coletivas, numa força maligna de destruição que dominava a
atmosfera do ar.
Quando se presencia a morte de mais de 200 jovens
inocentes, a pergunta que inculca cada cristão é: onde estará nosso Deus? Agostinho
achou a resposta, ao explicar que o mal só existe porque existe algum tipo de
bem. Ele explica nas Confissões:
“Vi claramente que as coisas corruptíveis são boas.
Não se poderiam corromper se fossem sumamente boas, ou não fossem boas. Se
fossem absolutamente boas, não seriam corruptíveis. E como se não fossem boas,
nada haveria a corromper. A corrupção de fato é um mal, porém, não seria tão
nociva se diminuísse um bem real. Portanto, ou a corrupção não é um mal, o que
é impossível, ou – e isto é certo – tudo aquilo que se corrompe sofre uma
diminuição de bem. Mas privadas de todo o bem, deixariam inteiramente de
existir. Se de fato continuassem a existir sem que pudessem corromper-se,
seriam melhores, porque permaneceriam incorruptíveis. Mas haverá maior absurdo
do que afirmar que as coisas se tornariam melhores perdendo todo o bem?
Portanto, se são privadas de todo o bem, deixarão totalmente de existir. Logo,
enquanto existem, são boas. Portanto, todas as coisas, pelo fato de existirem,
são boas. E aquele mal, cuja origem eu procurava, não é uma substância. Porque
se o fosse, seria um bem. Na verdade, ou seria substância incorruptível, e
portanto um grande bem; ou seria substância corruptível, e então se não fosse
boa, não poderia se corromper”.
Os prantos das famílias, a tragédia das mortes
prematuras e o sentido aparentemente absurdo desses acontecimentos têm uma
razão de ser: perdeu-se um bem maior, a vida, junto com a juventude inocente.
Parece-nos que o mal é algo predominante. Mas na prática, ele só existe por
algum tipo de bem que se perde. Um bem que, distante de Deus, sempre será
corruptível.
“Onde está seu Deus?” perguntará maliciosamente o
tolo ateu. Está no bem que se perde, que um dia será compensado com a
eternidade dos céus. Sem a fé na eternidade, o mal, o nada, será uma entidade
absoluta. E aí não haverá razão para chorar pelos entes queridos, porque o bem
simplesmente deixa de existir. Conde Loppeux de la Villanueva
segunda-feira, 28 de janeiro de 2013
NEUSA - ORLANDO SILVA
Valsa de autoria do pai de Sílvio Caldas, Antônio Caldas, em parceria com Celso Figueiredo. Outro sucessão de Orlando Silva em sua fase áurea na Victor, gravado em 28 de março de 1938, e lançado em maio do mesmo ano (34308-B, matriz 80717). Antônio chegou a mostrá-la ao filho ilustre, mas Sílvio Caldas viu uma chance de o pai ter uma música de sucesso na voz de Orlando e abdicou de "Neusa". Não deu outra! O "titio" acertou na mosca...
CASA MODERNISTA
*Por
Luiz Antonio Domingues
Instalada
na Rua Santa Cruz, próxima à Estação Santa Cruz do Metrô de São Paulo,
encontra-se a Casa Modernista.
Trata-se
de um equipamento cultural importante da cidade de São Paulo, aberto à
visitação pública, gratuitamente.
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Gregori Warchavchik imagem do arquivo da família |
A
relevância de tal museu arquitetônico é justificada pelo fato dessa construção
ser considerada a primeira no estilo modernista, erguida no Brasil. Sua
concepção foi de Gregori Warchavchic, um arquiteto ucraniano, nascido na cidade
de Odessa, em 1896.
Warchavchic
estudou na Universidade de Odessa e concluiu sua graduação no Real Instituto de
Belas Artes de Roma, no ano de1920.
Em
1923, surgiu a oportunidade de ir trabalhar num exótico país tropical da
América do Sul, chamado Brasil...
Chegando
aqui, seu primeiro trabalho foi numa construtora sediada na cidade de Santos,
litoral de São Paulo.
Nessa
companhia, considerada moderna para os padrões da época, as edificações tinham
caráter leve, trazendo conceitos novos dentro da arquitetura e certamente foi
terreno propício para que Gregori Warchavchic pudesse sentir-se livre para
criar, rompendo com conceitos obsoletos. Seguindo os propósitos do modernismo
instaurado após a Semana de Arte Moderna de 1922, lança um manifesto de
arquitetura modernista em São Paulo, no ano de 1925.
No
mesmo ano, estabelece amizade com o arquiteto Lucio Costa e torna-se professor
na Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro.
Sua
carreira como professor foi curta, mas sua fama de bom professor ficou
registrada através de muitos alunos que posteriormente declararam a importância
de Warchavchic como influência em suas respectivas carreiras.
Em 1927, projeta
sua residência na capital paulista, que é construída finalmente em 1928.
Considerada
a primeira construção modernista do Brasil, a Casa Modernista impressiona pelas
linhas arrojadas, conceitos de iluminação e ventilação, muito interessantes,
destoando completamente das habitações padrão dos anos vinte do século passado
em São Paulo e todo o Brasil.
Convidado
por Le Corbusier, torna-se representante sul-americano dos CIAM (Congressos
Internacionais de Arquitetura Moderna).
Gregori
casou-se com Mina Klabin, filha de imigrantes do leste europeu e o casal
habitou a casa da Rua Santa Cruz. Mina Klabin foi responsável pelo paisagismo
do amplo jardim, implementando diversas espécies tropicais, garantindo assim o
frescor da moderna habitação.
Claro,
forças obtusas não se conformaram com tal ousadia arquitetônica e não foram
poucas as críticas irônicas perpetradas pelos retrógados de plantão, reação
esperada, como sempre.
A
casa é desprovida de ornamentações e para obter a aprovação da prefeitura para
o projeto, Warchavchic teve que apresentar um projeto falso, com linhas
arquitetônicas tradicionais. Posso imaginar a estupefação de um ucraniano
diante do "jeitinho brasileiro" e naquela época onde a austeridade
era muito maior nos costumes...
Hoje,
Warchavchic não teria dificuldades de obter materiais no mercado, mas naquela
época, sofreu ao deparar-se com a falta de componentes industrializados, tais
como maçanetas, placas, tintas e ferragens em geral. Queixava-se também do alto
preço cobrado para materiais básicos como cimento, cal, areia e sobretudo por
não encontrar mão de obra especializada. A burocracia da prefeitura e essas
dificuldades atrasaram a obra, mas mesmo com esses empecilhos, conseguiu
construir e habitar a bela residência.
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Família Klabin-da esquerda para a direita, os filhos: Jenny (nascida em 1898), Luiz (1900), Mina(1896) e Emannuel (1902). Bertha Osband (em pé) e Maurício Klabin. Foto da reportagem – O Klabin “pobre” – da Gazeta Russa. Segundo a reportagem, a foto pertence à “Coleção Gregori Warchavchik Fonte Bibliográfica: Aquino, Paulo Mauro Mayer de (org.). Gregori, Warchavchik – Acervo Fotográfico vol.I e vol.II, São Paulo, edição Família Warchavchik, 2005 e 2007 |
Nos
anos 1940, a residência passou por modernizações. Mina Klabin refez a
jardinagem, plantando muitos eucaliptos. Segundo se conta, o objetivo era
resguardar a privacidade da residência, diante do fato de um hospital de grande
porte estar sendo construído como vizinho. Era o Hospital Nipo-Brasileiro, que se
erguia, fruto dos esforços de mutirão da imensa colônia japonesa residente em
São Paulo.
Mas
existem registros de certas hostilidades, além da privacidade ameaçada, visto
que os japoneses e os judeus estavam em conflito por conta de suas respectivas
posições antagônicas, durante a II Guerra Mundial.
E
uma oficina de gasogênio foi instalada na garagem, pois com o racionamento de
combustíveis, essa parecia ser uma alternativa para abastecer os carros da
família.
Warchavchic faleceu em 1972 e a família ainda
residiu ali por algum tempo, até que decidiram vender a propriedade.
Vendida em 1983, para uma construtora, o objetivo
era demoli-la impiedosamente para a construção de torres residenciais.
Mas os moradores do bairro mobilizaram-se e nessa
pressão popular, o Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico,
Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo), tombou a Casa
Modernista. Claro, iniciou-se uma guerra jurídica que se arrastou até 1994,
quando finalmente o Estado de São Paulo foi obrigado a pagar pela casa, tornando-a
seu equipamento de uso cultural.
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Casa Modernista – Vista do quintal (Foto: Paulo Ciclista) |
Eu recomendo a visitação. É uma bela construção e
hoje em dia, um refúgio refrescante para descansar em meio à agitação do
bairro.
Fica muito próximo também ao Museu Lasar Segall,
outro centro cultural agradabilíssimo, da Vila Mariana, zona sul de São Paulo.
A Casa Modernista abre de terça a domingo, das 9:00
h às 17:00 h, com entrada gratuita e com possibilidade de visita monitorada, se
desejar.
*Texto de Luiz Antonio Domingues (músico das
bandas PEDRA,Ciro Pessoa & Nu Descendo a Escada, Kim Kelh e os
Kurandeiros)-(Orra Meu!).
EIRUNEPÉ - ITAMARATI
Antes de iniciar este artigo queremos direcionar
nossas preces a todos familiares e amigos dos envolvidos direta ou
indiretamente no trágico incêndio de uma boate em Santa Maria, RS, e, em
especial, pelo pronto restabelecimento de nossos diletos ex-alunos do Colégio
Militar de Porto Alegre Guilherme e Emanuel. Que o Grande Arquiteto do Universo
fortaleça, ilumine e guarde a querida família de nosso grande amigo, parceiro
de épicas jornadas pela Laguna dos Patos, Comandante Coronel PM Pastl e sua
dileta esposa Dona Ana Claci.
Eirunepé - Comunidade Aquidabã, 72 km (21.01.2013)
Antes das 5h30, eu e o Marçal nos deslocamos até o
Posto da Polícia Militar para preparar os caiaques para a nova jornada enquanto
o Mário aguardava, no Hotel Líder, a viatura da PM para carregar o material
para a lancha de apoio. Os policiais só estavam aguardando a hora combinada
para iniciar a operação e avisar o Tenente Ricardo que foi pessoalmente se
despedir dos expedicionários. Levamos os caiaques para a escadaria da orla,
enquanto o Mario foi conduzido na camionete da PM até onde estava aportada a
lancha. O Mário, depois de deixar pronta a embarcação para a nova jornada
aportou a “Mirandinha” na orla e concluímos os preparativos. Antes de
partirmos o Tenente PM Ricardo recomendou que, em Itamarati, procurássemos o
Sargento PM Barbosa. Despedimo-nos dos prestativos amigos da Polícia Militar,
sempre prontos a nos auxiliar nestas amazônicas missões.
Uma chuvinha fina nos acompanhou durante todo o
percurso arrefecendo salutarmente nossos corpos. Passamos pela Foz do Tarauacá
e sentimos nossos caiaques melhorarem seu desempenho graças à energia adicional
deste magnífico tributário do Juruá. A navegação continuou sem grandes
novidades exceto pela passagem das barulhentas araras, das magníficas garças
surfistas equilibrando-se graciosamente nos troncos levados pela torrente e do
coral de guaribas que nos acompanhou durante todo o dia. Pena que a caça
indiscriminada destes macacos cantores os tenha afastado das margens do Juruá
em todo o Acre e, no Norte do Amazonas, nos municípios de Guajará e Ipixúna.
Confirmamos, na Comunidade Pau D’alho a localização
de Aquidabã, nosso destino, e, novamente, na Comunidade Morada Nova. Nesta
última uma das moradoras alertou-nos que o casarão era mal-assombrado e
recomendou que procurássemos abrigo em outro local. Por volta das 12h40,
avistamos, no alto de um morro, o grande e majestoso casarão de madeira. A
dificuldade consistia em carregar nossas tralhas até ele pela trilha íngreme e
escorregadia, mas resolvemos acantonar por ali mesmo já que nestes “ermos
sem fim” as opções de encontrarmos abrigo noutro local antes de escurecer
eram pequenas. Ajudei os guerreiros Mário e Marçal a carregar a primeira leva
do material e permaneci no casarão para fazer uma limpeza sumária varrendo a
casa com uma vassoura improvisada de cacho de açaí.
A quantidade de grandes aranhas, morcegos e penas
de urubu cuidadosamente unidas com uma fibra negra espalhadas pelos quatro
cantos da morada emprestavam um sinistro ar ao abrigo. O Mário não se abalou e
foi para um canto da varanda pedir autorização para o guardião espiritual do
local, se o procedimento foi necessário e se surtiu o efeito desejado ou não
jamais o saberemos o fato é que passamos uma noite bastante agradável neste
belo casarão abandonado que possui de seu avarandado uma belíssima vista para o
Rio.
A construção de madeira de lei, os detalhes das
amplas aberturas (janelas e portas) sextavadas e a perfeição da construção das
tesouras que suportam o telhado de telhas de barro mostravam a qualidade
técnica e material de uma residência que foi construída com muito esmero. Nos
mapas do DNIT a Comunidade consta como ativa embora esteja abandonada há anos.
Colhemos, para a viagem, no variado pomar algumas goiabas, açaís, limas e
graviolas.
Comunidade Aquidabã – Jacaré, 83 km (22.01.2013)
Quando acordei, por volta das seis horas, meus
fiéis parceiros já estavam ultimando os preparativos da “Mirandinha”. A
chuva que se iniciara na véspera de nossa partida só havia dado uma pequena
trégua quando já havíamos carregado todas as tralhas para o casarão e eu me
preparava para colher a água numa calha improvisada para um banho restaurador
sem ter de escalar a íngreme e enlameada encosta até o Rio – artimanhas de São
Pedro. A chuva parece servir de estimulo aos macacos cantores e o coral de
guaribas ecoava de uma e de outra margem, como se grupos rivais estivessem
disputando o prêmio de um melhor arranjo e harmonia. O mapa do DNIT nos
indicava a Comunidade Jacaré como a melhor alternativa para nossa próxima
progressão em relação à distância e ao fato de a mesma possuir uma escolinha
onde poderíamos acampar sem incomodar os amigos ribeirinhos, opção que foi
confirmada em mais de uma oportunidade nas Comunidades pelas quais passamos.
Na Comunidade Jacaré o Sr. Antônio Francisco Santos
Guimarães prontamente autorizou acantonarmos na escolinha. Descarregamos a
tralha e o Mário, imediatamente, iniciou a montagem da barraca. Após um
revigorante banho de Rio eu fui atualizar os dados obtidos no trajeto, dentro
da barraca protegido dos terríveis piuns, o Marçal foi preparar nosso “almojanta”
e o Mário, nosso homem da Comunicação Social, parlamentar com nossos
anfitriões. Depois da refeição fomos até a casa do Sr. Antônio Francisco
conversar um pouco, nesta ocasião ele disse que nós não devíamos nos preocupar
tanto com o fato da Comunidade selecionada ter ou não escola porque ninguém nas
barrancas do Juruá deixaria de oferecer abrigo aos navegantes. Verificaríamos,
mais tarde, no decorrer de nossa viagem que o hospitaleiro ribeirinho estava
com toda a razão.
Comunidade Jacaré – Praia Alta, 56 km (23.01.2013)
A chuva persistia e só parou quando nos aproximamos
de nosso destino. Os botos continuavam nos acompanhando como de costume. Os
tucuxis realizavam audaciosas acrobacias enquanto os vermelhos pareciam se
divertir soltando seus bufos ou emergindo muito próximos aos caiaques. Pena que
o ruído irritante das rabetas, que de tempos em tempos passavam, interrompesse
repentinamente estes idílicos momentos. Pretendíamos estacionar na Comunidade
Soledade, mas fomos informados na Comunidade “Praia Alta” localizada a
500 metros a montante dela que a mesma não mais existia. O Mário estabeleceu os
contatos necessários e imediatamente os ribeirinhos se mobilizaram para deixar
a escolinha em condições de nos receber.
A Comunidade está localizada, praticamente, na
fronteira do Município de Eirunepé e Itamarati. A passarela de madeira precisa
de reparos imediatos, pois as tábuas soltas já provocaram alguns acidentes.
Tomamos banho no Igarapé Preto, pois as águas contaminadas do entorno não eram,
absolutamente próprias para o banho, depois seguimos nossa espartana rotina.
Comunidade Praia Alta – Gaviãozinho, 95 km
(24.01.2013)
O dia amanheceu claro e sem nuvens prenunciando uma
canícula que incrementaria uma maior dificuldade a um trajeto bastante longo
(120 km). Os moradores haviam nos avisado da existência de um furo à pequena
distância da Comunidade. Resolvemos aproveitar o atalho enquanto o Mário
percorreria o caminho normal para georeferenciar a Comunidade que ali existia.
Percorremos com cautela a margem direita tentando vislumbrar o Furo do
Gaviãozinho. Embora tivéssemos confirmado com um ribeirinho, que navegava nas
proximidades, a localização do Furo mesmo assim passamos por ele sem notá-lo. O
amável ribeirinho verificando que ultrapassáramos a entrada do Furo foi até nós
e nos rebocou com sua canoa até a boca do atalho. Havia uma grande quantidade
de toras de madeira bloqueando e camuflando seu acesso, por isso ele passara
despercebido. Acelerei o caiaque e investi sobre a entrada, acabei ficando
preso sobre as toras, mas com algum esforço me liberei e entrei no furo, o
Marçal procedeu de maneira idêntica. As Comunidades de Veneza e Gaviãozinho
fazem a manutenção do furo que mais parece um jardim de tão bem cuidado, livre
de qualquer tipo de entulho e roçado em ambas as margens, dentro em breve será
mais um Arrombado a encurtar distâncias para todo tipo de embarcação neste
tumultuário Juruá, que se modifica constantemente pela ação de suas próprias
águas, mas que tem, sem sombra de dúvida como agente catalisador os ribeirinhos.
Mais adiante encontramos o Arrombado Cubiu
(06º27’31,0”S / 68º34’54,9”O), moldado pela cheia de 2005, e o Arrombado Valter
Buri (06º28’06,5”S / 68º28’34,3”O), criado pela cheia de 2009. Graças a esses
providenciais atalhos conseguimos chegar, com tranquilidade, à Comunidade
Cantagalo, uma Comunidade bem instalada na Terra-firme. O Mário estava
realizando os devidos contatos quando lá chegamos de maneira que estacionamos
os caiaques junto a uma embarcação da Fundação Nacional da Saúde (FNS).
Após o Mário ter confirmado onde ficaríamos
acantonados puxamos os caiaques para terra. Como de rotina cuidamos, antes de
tudo, de nossos caiaques, limpando e retirando a água e depois começamos a
levar a tralha para a casa dos professores. Entrei na casa coloquei o material
em um dos quartos e quando voltei para ajudar a carregar o resto do material
verifiquei, surpreso, que o Sr. Antônio Cavalcanti de Souza e seus filhos
Elisson, Dione, Nunes e Cláudio já o haviam trazido, inclusive os pesados
corotes de 50 litros de combustível. Desde que iniciei minhas descidas pelos
imensos caudais amazônicos eu só presenciara tamanha solicitude em uma
comunidade indígena chamada Prosperidade, da etnia Kokama, quando lá aportei em
14 de dezembro de 2008.
O pessoal da FNS estava presente na Comunidade
coletando sangue e fazendo sua análise já que três membros da comunidade tinham
sido contaminados com o vírus da malária. À noite, toda a área foi pulverizada
com o conhecido “fumacê” para combater o vetor da doença, o mosquito
anófeles.
Um dos membros da equipe da FNS apontou a falta de equipamentos e
pessoal como um dos grandes empecilhos para que se combata com mais efetividade
as endemias. Nas áreas indígenas este combate se torna ainda mais difícil, pois
os mesmos raramente seguem o tratamento até o fim, além do que sua alta
mobilidade dificulta ou até mesmo impossibilita o acompanhamento dos nativos
infectados pelos vírus que acabam servindo de vetores da doença transportando-a
para outras Comunidades.
A região do Cantagalo é bem agradável e se pode
percorrer a Comunidade sem ficar pisando na mistura de lama e dejetos como nas
Comunidades dos Municípios de Guajará, Ipixúna e Eirunepé. A maioria das
Comunidades do Município de Itamarati está assentada em terra firme o que
contribui para uma maior salubridade e consequentemente melhor estado de saúde
e humor de seus concidadãos.
Esperando um sono reparador deitei-me cedo. Na
noite anterior os porcos não permitiram isso, desta feita foram os galos,
talvez venha daí o nome da Comunidade Cantagalo. Os galináceos assíncronos
passaram a noite inteira cantando como se o dia já estivesse raiando. Foi mais
uma noite difícil e nada reparadora.
Comunidade Canta-galo – Itamarati, 63 km
(26.01.2013)
Acordamos mais tarde (6h30), o curto percurso de
sessenta e poucos quilômetros poderia ser vencido em seis horas sem grande
esforço e precisávamos descansar. O dia amanheceu claro e com muitas nuvens,
marcamos as poucas Comunidades que nos separavam de Itamarati, todas em terra
firme. Nas proximidades de Itamarati avistamos os grandes morros que a
caracterizam e aportamos nas instalações portuárias construídas pelo DNIT por
volta das treze horas. Contatamos o Sgt PM Barbosa e este com a cortesia que
caracteriza nossos amigos das Polícias Militares encaminhou-nos até a Pousada
Itamarati de propriedade da Sra. Francisca Cristina Pinheiro de França e do Sr.
Manuel Raimundo Medeiros Campelo, irmão do Prefeito da cidade.
Expedição Belarmino Mendonça
Mais uma vez apelamos a nossos investidores para
que continuem colaborando, cada um dentro de suas posses, para que possamos
cumprir a meta de chegar a Manaus. Aqueles que ainda não conhecem nosso projeto
peço que visitem o Blog: http://www.desafiandooriomar.blogspot.com
Investimento em Soberania
Conta Bancária de Hiram Reis e Silva
Banco do Brasil (001) - Agência: 4848 - 8
Conta Corrente: 117 889 - X
CPF: 415 408 917-04
Endereço: Rua Dona Eugênia, 1227
CEP 90630-150 - Porto Alegre - RS
Telefone: (51) 9234 2378
E-mail: hiramrs@terra.com.br
Livro do Autor
O livro “Desafiando o Rio-Mar – Descendo o
Solimões” está sendo comercializado, em Porto Alegre, na Livraria EDIPUCRS
– PUCRS e na rede da Livraria Cultura (http://www.livrariacultura.com.br). Para
visualizar, parcialmente, o livro acesse o link:
Coronel de Engenharia Hiram Reis e Silva
Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA); Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia
Brasileira (SAMBRAS); Membro da
Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS); Membro do Instituto de História e Tradições do Rio
Grande do Sul (IHTRGS); Colaborador
Emérito da Liga de Defesa Nacional.
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