sexta-feira, 15 de agosto de 2008

JOÃO MOHANA - médico, escritor e padre

A 12 de agosto de 1995, falecia o médico, escritor e Padre João Mohana que, a convite do amigo, Bispo Dom Eliseu Simões Mendes, esteve em Campo Mourão em 1973 proferindo palestras para casais, já que o seu tema preferido para elaboração de livros versava sobre a família.
Lembro-me dessa sua passagem por aqui, assisti suas palestras, na época eu era Diretor Administrativo da Prefeitura, gestão Dr. Renato Fernandes Silva, e fui encarregado de comprar um presente para o ilustre conferencista, adquirimos na Livraria Roma, do nosso saudoso amigo José Roberto Teixeira Pinto, um lindo porta-livros executado em pedras semipreciosas brasileiras.

O médico, escritor e padre João Mohana nasceu na cidade de Bacabal, interior do Maranhão, no dia 15 de junho de 1925. Seus pais, Miguel e Anice Mohana, eram cristãos libaneses maronitas. Alguns motivos contribuiram para que se mudassem para o Brasil, entre eles, perseguição dos turcos islamitas contra os cristãos libaneses maronitas e a área reduzida do Líbano.
Então resolveram se estabelecer nas cidades de Coroatá, Bacabal e Viana. Esta última foi o local onde João Mohana passou sua infância e grande parte da adolescência.
A juventude de Mohana foi marcada por fatos que revelaram precocemente sua liderança e solidariedade. Quando o arcebispo D. Carlos Carmelo realizou uma visita pastoral a Viana, o jovem João Mohana foi escolhido para saudá-lo. Vários espetáculos teatrais organizados na cidade tiveram a participação de João Mohana. Durante as férias do colégio, os estudantes eram convocados a participar de peças teatrais e show de variedades.
Na capital do Maranhão, os estudos ocorreram no Colégio São Luís e no Colégio Marista Maranhense. O irmão Mário o incentivou a ter noções de Psicologia, fundamental para o seu trabalho mais tarde. No decorrer de sua vida escolar, vários professores, como D. Zilda Dias, levaram-no a conhecer melhor a natureza humana através dos ensinamentos.
Arquivo
Mohana realizava pesquisas para obter livros antigos e romances famosos, fato que revela como seria desenvolvida a pesquisa em relação a "A Grande Música do Maranhão". Sempre foi criterioso. Rasgou romances que considerava imperfeitos, entre eles, "A Serra da Boa Esperança". Começou a fazer um fichário que revela sua disciplina e discernimento.
Mohana médico
No final da década de 40, por determinação de seu pai, cursou Medicina na Universidade Federal da Bahia com especialidade em Pediatria. Em São Luís, chegou a trabalhar junto com o Dr. Odorico Amaral de Matos no Departamento Estadual da Criança.
Em 1952 lançou seu primeiro livro, o romance "O Outro Caminho", pelo qual recebeu o prêmio Coelho Neto da Academia Brasileira de Letras. Um livro original e, em alguns aspectos, autobiográfico. Apesar de ter sido obrigado a seguir Medicina, seu grande desejo era o sacerdócio. Este conflito médico/padre influenciou vários livros escritos por ele mais tarde.
No Maranhão desempenhou importante papel à frente da Ação Católica que tinha a presidência internacional de Luiggi Geda, e Tristão de Ataíde no âmbito nacional. Houve um redirecionamento em várias áreas e o aspecto cultural ganhou um impulso benéfico.
Após a morte do pai, entrou para o Seminário de Viamão, Rio Grande do Sul. Estava com 30 anos. No Rio de Janeiro, acontecia o XXXVI Congresso Eucarístico Internacional. Quase 2 anos depois da morte de Miguel Mohana, o jovem médico optou por "Um Outro Caminho". Escreveu até um artigo sobre o assunto. A qualidade de ser cauteloso contribuiu para preparar a mudança. A adaptação às normas do Seminário de Viamão foi resultado de um Trabalho Interior. Quando convidado a escrever sobre o cemitério da cidade, a sensibilidade anunciou o "Cemitério Interior". Um enfoque diferente que encantou a todos os seminaristas. Em 1960, tornou-se padre. O evangelho era pregado de forma atualizada e entusiasta.
O sucesso dos sermões era proveniente de seu conteúdo, espiritualidade e modernidade. Sua oratória empolgava o público. Milhares de pessoas participaram de cursos e seminários ministrados por ele em todo o Brasil.
Sua eleição para a Academia Maranhense de Letras ocorreu no dia 4 de abril de 1970. A posse, 4 meses depois, quando passou a ocupar a cadeira de No. 3.
Em 1975, o padre João Mohana fundou o movimento Juventude Universitária Autêntica Cristã (JUAC), com o objetivo de formar líderes. Movimentos que colaboraram para o desenvolvimento do Próximo e surgimento de lideranças. Este movimento colaborou para o desenvolvimento de jovens comprometidos com a cristandade.
A história de João Mohana continua. Lembranças, livros, sermões, orientações e exemplos. No dia 12 de agosto de 1995 partiu, mas cumpriu sua missão. Durante a doença, no final de sua existência, viveu tudo que colocou nos livros.
João Mohana na Internet mostra a modernidade de um homem que atingiu seus objetivos e continua atual porque soube aplicar, multiplicar e, sobretudo, compartilhar seus talentos com os jovens, os casais, os amigos, os irmãos...
Em 1957 durante uma entrevista ao Jornal "O Imparcial", João Mohana disse:
"Quero pedir aos moços maranhenses que lutem pela fidelidade à própria vocação. Que ao menos o desajustamento profissional seja evitado por um heroísmo individual, enquanto não é possível fazer mais que isso. E que os pais ajudem os filhos nessa opção, puxem a corda com eles. É uma maneira prática e bela de sabotar frustrações; o melhor tributo que se pode dar a um filho - abrir com lealdade e coragem a estrada que o levará ao lugar onde terá sol."

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