Com satisfação li o artigo de Sergio Malbergier na Folha on-line de 24/07. Sergio Malbergier põe o dedo na ferida da Publicidade no Brasil.
Criminosos estariam pressionando eleitores na escolha do voto. Uma carta apreendida na Rocinha pode comprovar o envolvimento de traficantes com candidatos e até a Comissão de Segurança da Câmara dos Deputados entregou uma série de denúncias à Polícia Federal.
O documento foi entregue em Brasília nesta quinta-feira (Julho 24, 2008), mas as denúncias se referem às eleições no Rio. O presidente da Comissão de Segurança da Câmara dos Deputados, Raul Jungmann, esteve na Polícia Federal com um levantamento sobre a intimidação de eleitores em várias comunidades do Rio.
O relatório não foi detalhado, mas, segundo Jungmann, cerca de um milhão de cariocas estão sendo coagidos por traficantes ou milicianos que estão interferindo nas campanhas eleitorais. O deputado Raul Jungmann citou dois casos, Claudinho da Academia, presidente da Associação de Moradores da Rocinha e Jorginho, ex-presidente da Associação de Moradores do Alemão.
Ele fez um alerta sobre as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC): “No caso específico da Polícia Federal, eu vim trazer informações a respeito de ameaças de morte, de territórios onde só um candidato pode participar e também uma preocupação: na Rocinha, hoje, e também no Alemão, onde a gente sabe que existem obras do PAC, candidatos como Claudinho, no caso da Rocinha, e Jorginho, no caso do Alemão, que são ligados ao tráfico, estão controlando, exercendo algum controle sobre as obras do PAC”.
Um documento encontrado pela polícia também pode confirmar como agem os bandidos. Na operação feita nesta quinta-feira de manhã na Rocinha, a polícia apreendeu uma carta na casa do traficante que comanda a venda de drogas no morro.
Os agentes acreditam que seja a ata de uma reunião. Nela, os criminosos fazem uma exigência: total apoio da comunidade a um candidato da favela.
De acordo com a polícia, o documento é endereçado a várias lideranças da Rocinha. Os traficantes chegam a dizer que não vão aceitar a derrota e que outros candidatos não devem fazer campanha no morro.
Os criminosos dizem também que quem não comparecer nas reuniões será buscado em casa. “Eles estão pedindo apoio a uma determinada pessoa e ela vai ter todos os votos daquela região com uma força política bem forte“, explica o delegado Ronaldo Oliveira.
O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) confirmou que tem recebido denuncias de ameaças aos eleitores e não só sobre o tráfico de drogas.
Essa semana, a polícia prendeu em flagrante o deputado estadual do Partido Democratas (DEM), Natalino Guimarães, acusado de chefiar uma milícia em Campo Grande, na Zona Oeste. Ele é irmão de outro político também preso pelas mesmas acusações, Jerominho Guimarães, que é vereador pelo PMDB e está na cadeia desde dezembro do ano passado.
Juntos, os irmãos controlariam mais de 30 comunidades, segundo a polícia, mas eles dizem que são inocentes.
O TRE diz que a intimidação de eleitores e candidatos pode dar até quatro anos de prisão e o político envolvido pode perder os direitos.
“É uma questão de política de segurança pública e realmente agora, no período eleitoral, está tomando uma proporção inaceitável. Por isso, solicitamos o apoio da Polícia Federal que a quem compete investigar a prática de crimes eleitorais”, afirmou Luiz Márcio Pereira, coordenador de propaganda do TRE.
O ministro da Justiça, Tarso Genro, esteve no Rio em uma reunião na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Ele disse que a Polícia Federal vai investigar todas as denúncias. “Isso é dessa situação de anomalia que tem nessas regiões. Isso precisa ser combatido e a Polícia Federal está a disposição do tribunal para fazer as investigações que forem necessárias”, declarou Tarso Genro.
Claudinho da Academia, candidato a vereador pelo PSDC, não foi encontrado para falar sobre o caso. Jorginho do SOS, vereador do DEM candidato a reeleição, negou qualquer envolvimento com traficantes.
A Polícia Civil informou que vai encaminhar o documento apreendido na casa de um bandido da Rocinha à Polícia Federal.
A Secretaria Estadual de Obras declarou que não tem conhecimento de nenhuma ligação dos funcionários do PAC com traficantes, mas, se ficar comprovado qualquer tipo de envolvimento, eles serão cortados do programa.
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