Por Pedro da Veiga
Afastamo-nos, cada vez mais, daqueles primórdios de vida sobre a formosa campina onde hoje se expande, desenvolve e amadurece modernamente a metrópole de Campo Mourão.Ela vestiu-se e revestiu-se, desde Miltom Luiz Pereira, de novas roupagens, em todos os aspectos, mas, sobretudo no que tange aos ímpetos de aculturação, os ideais se transmudaram em imposição coletiva que se definiu invocando energicamente a emulação para a implantação do Ensino Superior.
O único meio de nos desvencilharmos, definitivamente, dos grilhões de um desenvolvimento heterogêneo, declarando a independência intelectual, será sob a bandeira da cultura, da educação, da instrução – religando os anseios de Paz e Amor – que dia-a-dia, entre nós se expande e aquece, integrando efetivamente a nacionalidade, nos efeitos de brasilidade para a Humanidade.
A história da Universidade Estadual do Paraná (Campus Campo Mourão/Fecilcam) é marcada por importantes avanços que beneficiam toda a Comunidade dos Municípios da Região Campo Mourão (Comcam). E hoje a instituição comemora seus 40 anos de fundação. Os primeiros passos para a instalação do ensino superior em solo mourãoense foram dados ainda em 1967 com o objetivo de atender toda a região e proporcionar o desenvolvimento local e regional.
A instituição da Fundação Educacional, pelo Prefeito Rosalino Salvadori, através da Lei nº 23, de 14 de Agosto de 1967, foi o passo inicial, para a luta sem trégua, visando dotar o Município de uma Escola de Nível Superior, com a nomeação de um Conselho Diretor, para desenvolver os prérequisitos necessários, composto pela Professora Erony Maciel Ribas, Professor Egydio Martello, Dr. Renato Fernandes Silva e Professora Maria José de Oliveira.
Não obstante o abnegado trabalho desenvolvido por essa equipe, a tentativa primeira teve suas intenções frustradas pelo Conselho Estadual de Educação do Paraná, negando através do Parecer nº 161/67, de 14 de Dezembro de 1967, autorização para o funcionamento de uma Escola Superior em terras mourãoenses, entristecendo a comunidade ansiosa, depositária de um desespero generalizado pela cultura, uma sede sofrida de tanto tempo, em busca da linfa refrigerante do saber que liberta, redime e eleva.
Mas, em 1968, o trabalho continuou, era Prefeito o Senhor Augustinho Vecchi, que encaminhou novo processo ao Conselho Estadual que, desta vez, votou favoravelmente pela criação de uma Faculdade de Filosofia em Campo Mourão, emitindo o Parecer nº 47/69, de 21 de Maio de 1969.
No entanto, no decorrer do tempo, muitos esforços foram despendidos para vencer a burocracia. A classe estudantil, contida de extraordinária expectativa, ante a aproximação do momento de instalação do primeiro Curso Superior no Município, aceitando os desafios, enfrenta, juntamente com as lideranças envolvidas na montagem das peças documentais exigidas, criando a COPRAF-Comissão Pró-Criação da Faculdade de Campo Mourão, com diretoria composta pelos jovens idealistas: Pedro Rogoski Neto, Presidente; Jair Francisco Githay, Vice-Presidente; Antonio C. Fernandes, 1º Secretário; José Pedroso Fabri, 2º Secretário; Antonio Pedroso Fabri, 1º Tesoureiro; Clarice Arana, 2º Tesoureiro e, representantes das entidades estudantis: Palmyos Gomes Martins (Científico), Adalberto Gouveia (Ginásio), Luiz Fernando Escarpin (Comércio), Cleide Perete (Normal), Dorli Carletto (Presidente da Umes) e José Luiz Migliavacca.
Em reunião realizada no dia 13 de Junho de 1971, sob a presidência do Prefeito Horácio Amaral, os membros da Comissão Pró-Faculdade, composta pelos Professores Ephigênio José Carneiro, Wilson Luiz Ubialli, Walfrido Tokarski, Maria Enilda de Oliveira e Pedro Rogoski Neto, representando a COPRAF, presente também o Professor Nelson Sperandio, Secretário da Reitoria da Universidade de Londrina, orientador e coordenador dos trabalhos de montagem do processo para a implantação definitiva de uma Escola Superior em Campo Mourão, concluíram o anteprojeto de lei, propondo a criação de uma Fundação, com a denominação de Instituto de Ensino Superior do Centro Oeste do Paraná, com a sigla IESCOPAR.
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Pedro Rogoski Neto Presidente da Coprafe |
Após o esforço coletivo de um grupo que acreditava no projeto de implantação da faculdade, a matéria foi amplamente debatida, discutida e analisada, sofrendo alterações necessárias, sugeridas pelas esferas educacionais, até que, no dia 24 de Agosto de 1972, através da Lei nº 26, sancionada pelo saudoso “Prefeito Escola”, Dr. Horácio Amaral, surgiu a FUNDESCAM-Fundação de Ensino Superior de Campo Mourão, com escritura pública registrada no Livro nº 109-N, fls. 299, do Primeiro Tabelionato de Notas de Campo Mourão, em 04 de Setembro de 1972, mantenedora da Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão, a Fecilcam, cujo nascimento se deu como instituição de ensino superior de direito privado, nesse mesmo dia o Prefeito Horácio Amaral, pelo Decreto nº 25/72, nomeou nos termos da Lei nº 26, os componentes dos órgãos administrativos da Fundescam, para Diretor: Prof. Ephigênio José Carneiro e Vice-Diretor: Prof. Walfrido Tokarski e, por indicação das entidades - Conselho de Administração: Pedro da Veiga (Executivo Municipal), Dom Eliseu Mendes (Mitra Diocesana), Dr. Roberto Luiz Assumpção de Quintanilha Braga (Associação Médica do Paraná, Secção Regional de Campo Mourão), Prof. Wilson Luiz Ubialli (Associação dos Professores do Paraná – 14ª Região), Dorly Carletto (Associação Comercial e Industrial de Campo Mourão), Augustinho Bukowski (Sindicato dos Trabalhadores Rurais),Waldomiro Ferrari (Lions Clube de Campo mourão), Iracy Ferrari (Rotary Clube de Campo Mourão). Conselho de Curadores: (efetivo) Vereador Sergio Sebastião Miguel, (suplente) Getúlio Ferrari (Câmara Municipal), (efetivo) Nelson Teodoro de Oliveira, (suplente) Joel d’Aparecida Albuquerque (Sindicato Rural de Campo Mourão), (efetivo) Dr. Euvaldo Cordeiro Correa, (suplente) Dr. Divonsir Graf (Associação dos Advogados de Campo Mourão.
Os Conselhos reunidos no dia 16 de Fevereiro de 1973, compondo a 4ª Assembléia Geral Extraordinária, elegeram o seguinte Conselho Diretor da Fundescam - Presidente: Prof. Ephigênio José Carneiro, Vice-Presidente: Prof. Walfrido Tokarski, Tesoureiro: Pedro da Veiga, Vogais: Dom Eliseu Simões Mendes e Wilson Luiz Ubialli, tendo como suplentes: Dr. Renato Fernandes Silva e Dr. Horácio Amaral.
Em nova Assembléia, dia 15 de Setembro de 1973, esse Conselho foi dissolvido, elegendo-se um novo, assim constituído – Presidente: Dom Eliseu Simões Mendes, Vice-Presidente: Dr. Renato Fernandes Silva, Tesoureiro: Pedro da Veiga. Vogais: Dr. Horácio Amaral e Getúlio Ferrari e suplentes: Wilson Luiz Ubialli e Divonsir Graf. Em 20 de setembro de 1974, com o falecimento de Dr. Horácio Amaral, o Prof. Ephigênio José Carneiro passou a integrar o Conselho Diretor como vogal suplente.
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Antonio Carlos Aleixo-atual Diretor |
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Prof. Walfrido Tokarski 1º Diretor |
Os primeiros cursos ofertados pela instituição foram: Estudos Sociais, Letras e Pedagogia. Depois, em 24 de abril de 1978, a lei municipal de número 191/78, transforma a faculdade em fundação de direito público. Possibilitando, em seguida, a autorização da implantação dos cursos de Administração, Ciências Contábeis e Ciências Econômicas.
Antes do processo de estadualização, a faculdade conseguiu a conversão dos cursos de Estudos Sociais, Letras e Pedagogia que funcionavam em licenciatura curta, para Geografia, Letras e Pedagogia em licenciatura plena.
Antes do processo de estadualização, a faculdade conseguiu a conversão dos cursos de Estudos Sociais, Letras e Pedagogia que funcionavam em licenciatura curta, para Geografia, Letras e Pedagogia em licenciatura plena.
Passados alguns anos, proposição do Deputado Estadual Rubens Bueno, convertida na lei estadual número 8.465, de 15 de janeiro de 1987 e o decreto 398, de 27 de abril de 1987, estadualizaram e instituíram a Fecilcam.
Com o processo de desenvolvimento a Fecilcam aprimorou suas atividades de ensino, pesquisa e extensão. Atualmente, oferta dez cursos de graduação: Administração, Ciências Contábeis, Ciências Econômicas, Engenharia de Produção Agroindustrial, Geografia, História, Letras, Matemática, Pedagogia e Turismo e Meio Ambiente.
Antônio Martins Filho
Nasceu em Crato aos 22 de dezembro de 1904, filho de Antônio Martins de Jesus e de Antônia Leite de Jesus. Faleceu no dia 20 de dezembro de 2002, dois dias antes de completar 98 anos.
Antônio Martins Filho foi o idealizador e fundador da Universidade Federal do Ceará em 1954 e lutou pela instalação das maiores Universidades Estaduais do Ceará, a UECE (Universidade Estadual do Ceará e a URCA (Universidade Regional do Cariri) e também a Faculdade de Ciências e Letras de Campo Mourão:
(...) Juiz, advogado, professor, editor de jornais e revistas, Martins Filho teve o seu nome ligado à criação de várias universidades brasileiras (...)
(...) Em sua longa trajetória, Martins Filho marcou a cultura, a educação e o desenvolvimento humano do Ceará. Durante pelo menos cinco décadas, a valorização do saber, a estima ao pensamento, o fomento ao ensino superior e o engrandecimento intelectual foram o seu combustível e o nosso legado. Chegou a discutir com o grande sociólogo Gilberto Freyre, por este insinuar nos jornais a inutilidade de uma universidade no Ceará. Freyre achava que a Universidade de Pernambuco poderia suprir as carências da região. Estava enganado, e Martins Filho convenceu-o disso.
O homem, que foi quatro vezes Reitor da UFC, fez parte de todas as agremiações culturais de peso e conviveu com as grandes personalidades da sua época. A paixão pelos livros levou-o a criar a Imprensa Universitária da UFC e a dirigir a Coleção Alagadiço Novo, um dos mais importantes programas editoriais que já tivemos, com mais de 300 títulos publicados.
No dia em que Antônio Martins Filho recebeu o título de Personalidade do Povo, concedido em 1991, pela Fundação Demócrito Rocha, em seu discurso, o reitor permitiu-se evocar cenas de sua infância em Crato, quando tomou gosto pela literatura e, em especial, pela poesia em suas mais diversas formas, da clássica à popular.
Para o ex Bispo Diocesano de Campo Mourão, Dom Eliseu Simões Mende (de saudosa memória), em discurso pronunciado no dia 8 de junho de 1974, nas dependências do Cine Plaza, por ocasião da aula inaugural da Faculdade de Ciências e Letras de Campo Mourão, resumiu Martins Filho nas seguintes palavras:
“...exatamente a 5.10.73, obtivemos em Brasília, o Parecer n° 1763/74 do Conselho Federal de Educação, um ano após o início da tramitação, concedendo a liminar para a aprovação da Faculdade.
Mas aqui não podemos esquecer, e mais do que isto, devemos destacar a atuação incomum e marcante do nosso Magnífico Relator junto ao Conselho Federal de Educação, Prof. Dr. Antonio Martins Filho, que sem favor, foi o baluarte de defesa e nosso maior batalhador, em Brasília, sempre a defender a causa da nossa Faculdade, como se fosse uma causa própria.
Campo Mourão jamais poderá esquecer o nome de Antonio Martins Filho.
Com tantos feitos grandiosos, durante sua vida, Antônio Martins Filho configura-se um dos mais importantes personagens da história do Ceará e do Brasil, quiçá de sua terra natal, um homem como este enche de orgulhos todos os seus descendentes e serve de modelo a ser seguido por toda sua posteridade. Sinto imensa satisfação em poder realizar tais pesquisas de personalidades como a do grande Martins Filho e de muitos outros que ajudaram a construir a história de nossa Pátria.
(Fotos do acervo do autor-PVeiga)
2 comentários:
Pedro
Parabéns pela bela matéria.!
Maravilha de matéria. já reproduzi integralmente no meu blog.
http://blogdomaybuk.blogspot.com.br/2012/08/40-anos-de-fecilcam.html
e também no meu facebook.
Parabéns.
Professor Sérgio Luiz Maybuk.
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