O Brasil teve uma performance pífia nas Olimpíadas em Londres. Nos esportes individuais e coletivos. Desempenho vergonhoso, chororô e ainda por cima financiado com dinheiro público |
domingo, 19 de agosto de 2012
OLIMPÍADAS DE 2016
Por Paulo Barretto
Com a festa realizada em Londres no último domingo terminaram os XXX Jogos Olímpicos da Era Moderna. O desempenho do Brasil ficou aquém do esperado. Apenas 17 medalhas, 3 de ouro, 5 de prata e 9 de bronze.
Perdemos o ouro no vôlei de praia masculino e feminino, no vôlei de quadra masculino, no futebol masculino e na natação nas provas de 50 metros e 100 metros nado livre, embora favoritos no hipismo e no iatismo os resultados foram decepcionantes. O judô foi bem e o box também, mais foi só. É muito pouco para um País de 200 milhões de habitantes.
O resultado pífio descontentou o governo que esperava bem mais do Comitê Olímpico Nacional. Para 2016, quando as olimpíadas serão realizadas no Rio de Janeiro, a expectativa é que haverá um resultado bem superior. Por ser sede e ter uma população muito grande, temos a obrigação de conseguir algo em torno de 45 medalhas.
Esse resultado somente será alcançado se houver um trabalho sério, a começar agora. O governo precisa investir mais, seguindo o exemplo dos governos Chinês e Inglês, nos Jogos de 2008 e de 2012.
Não basta aplicar dinheiro apenas em estrutura, limitando-se a construir estádios, ginásios e outras instalações necessárias. É fundamental preparar atletas para que estejam à altura de competir em igualdade de condições com competidores das grandes potências olímpicas.
É indispensável mudar o foco do esporte no Brasil. A mídia dá grande ênfase à divulgação do futebol e coloca em segundo plano os demais esportes. Diz que procede dessa forma porque o povo somente se interessa pelo esporte bretão. Em parte é verdade, mas a culpa também é da mídia por não divulgar as competições de outros esportes. Sem divulgação não haverá massificação.
Não raras vezes a mídia não dá notícias sobre competições internacionais e até de campeonatos mundiais de outros esportes, realizados no Brasil e no exterior, com atletas nacionais competindo. Quando divulga, é em um cantinho de página, ou em notinhas curtas e rápidas nas emissoras de rádio e de televisão.
É mais fácil ficar sabendo que um jogador de futebol da terceira divisão do Estado de Paraíba está com dor de barriga, do que ficar sabendo que um atleta brasileiro de outro esporte se tornou campeão mundial. Essa mentalidade é um grave entrave ao desenvolvimento dos esportes olímpicos no País.
Como os órgãos de comunicação são concessões do Poder Público e, portanto, pertence ao povo, o governo não só pode como deve intervir. Está na hora de enquadrar a mídia para que se incorpore ao esforço que a Nação vai fazer para ter um desempenho condigno nas Olimpíadas de 2016.
Precisamos trabalhar muito. O primeiro passo poderia ser uma mudança radical na estrutura do esporte no País. Precisamos realizar competições esportivas locais, regionais, estaduais e nacionais de todas as modalidades olímpicas.
Poderíamos começar pelo restabelecimento das competições entre estudantes das escolas públicas e privadas, aproveitando o período da adolescência, fase em que costumam surgir os talentos esportivos. Os que se destacarem nas disputas locais iriam competir na fase regional. E assim, sucessivamente, até o campeonato nacional. O governo precisa construir as instalações necessárias e dar incentivos financeiros às escolas e aos professores de educação física, proporcionalmente ao desempenho. O mesmo valeria para os clubes. O prêmio em dinheiro pelo resultado faz milagres. A redução do Imposto de Renda das empresas privadas que patrocinarem esportes olímpicos é outra medida importante.
Os melhores seriam encaminhados para centros de treinamento de excelência, onde seriam aperfeiçoados e burilados por técnicos de comprovada capacidade contratados no Brasil e no exterior. Esses técnicos dariam cursos de formação e atualização aos professores de educação física e aos treinadores dos clubes. É fundamental também um intercâmbio constante com países que estão em nível superior ao nosso em determinados esportes.
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