Não lhes basta ter a seu serviço o JEG, fartamente financiado por estatais e por administrações petistas (incluindo a federal), para fazer circular injúrias, calúnias e difamações contra adversários. É pouco!
sexta-feira, 17 de agosto de 2012
MENSALÃO: A HORA DA VERDADE
No quarto encontro promovido pela revista Veja, os colunistas Augusto Nunes e Reinaldo Azevedo, o historiador Marco Villa e o advogado Miguel Reale Júnior comentam o comportamento dos ministros do STF no início efetivo do maior julgamento da história do Brasil
PT quer pôr seus tanques para
cercar o STF.Dizem que
ministros precisam ser vigiados para não cometer atentados à democracia. E
querem usar os advogados como massa de manobra de proposta fascistoide
Por Reinaldo Azevedo
Não lhes basta aparelhar a justiça! É
pouco! Não lhes basta tentar desmoralizar ministros independentes do Supremo. É
pouco!
Não lhes basta transformar em réu o
procurador-geral da República. É pouco!
Não lhes basta ter a seu serviço o JEG, fartamente financiado por estatais e por administrações petistas (incluindo a federal), para fazer circular injúrias, calúnias e difamações contra adversários. É pouco!
Não lhes basta ter a seu serviço o JEG, fartamente financiado por estatais e por administrações petistas (incluindo a federal), para fazer circular injúrias, calúnias e difamações contra adversários. É pouco!
Não lhes basta ter uma CPI que
investiga adversários e protege amigos e aliados. É pouco!
Agora os petistas pretendem, ainda que
de uma forma oblíqua, cercar o prédio do STF com os tanques da desqualificação,
do ataque gratuito, da intimidação.
Um tal “Departamento Jurídico” do PT
decidiu fazer o que, até ontem, parecia impensável. Quer que a OAB (Ordem dos
Advogados do Brasil) crie uma comissão para acompanhar o julgamento do mensalão
para impedir que os ministros — sim, aqueles do Supremo (8 de 11 nomeados por
petistas) — “cometam atentados à democracia”. Trata-se de um absoluto
despropósito!
O pretexto é corporativo, mas é
evidente que a intenção é provocar uma reação da categoria contra o ministro
Joaquim Barbosa, relator do processo do mensalão. Com efeito, acho que o
ministro exagerou ao pedir que o STF cobrasse da OAB providências contra três
advogados que arguiram a sua suspeição, acusando-o de parcialidade. Tanto
exagerou que a proposta foi derrotada por 10 votos a 1. Tanto os advogados
tinham o direito de dizer o que disseram como tem o ministro o direito de não
gostar. Se isso resultará em providências legais, aí é outra história. Outros e
um não foram bem-sucedidos em seus respectivos intentos, certo?
Cadê “o atentado à democracia”???
A verdade, obviamente, está em outro
lugar. Os ditos “advogados do PT” — e Rui Falcão vai dizer que não tem nada com
isso, que é coisa do Departamento Jurídico do partido — estão descontentes é
com o voto de Joaquim Barbosa, que consideram um “traidor”. Quem lidera a turma
é um tal Marco Aurélio de Carvalho.
Esse rapaz tem problemas com o estado
democrático e de direito. Há dias, ele anunciou a disposição de estudar medidas
jurídicas para, ACREDITEM!, impedir o jornalismo (que os pterodáctilos chamam
“mídia”) de usar a palavra “mensalão”.
Ele também quer — mobilizado pelo
deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) — que o Ministério Público Federal retire
do ar uma página do órgão destinada a jovens e crianças que explica o processo
do mensalão.
Nota: a página existe já há alguns anos e sempre trouxe
informações sobre as ações mais importantes da Procuradoria-Geral da República.
Quando elas se referiam a coisas feitas por seus adversários, os petistas nunca
se incomodaram e até aplaudiram.
O petista — e Joaquim Barbosa já foi um
herói para eles — agora põe em dúvida, como se houvesse algo a ser feito, a
capacidade de Barbosa de ocupar a Presidência do STF, cargo que ele assume em
novembro, por dois anos. Diz Marco Aurélio (o do PT, não o do Supremo) à Folha: “Esse é
um prenúncio de como será Joaquim Barbosa na presidência do STF e nos traz a
compreensão de que ele ainda não se despiu do papel de procurador. Ele precisa
vestir a toga de ministro do Supremo”. Huuummm…
“Vestir a toga”, entenda-se, significa
não dizer coisas consideradas inconvenientes para o partido. Lula já tentou
chantagear Gilmar Mendes; uma ação coordenada busca impedir o voto de Cezar
Peluso; Luiz Marinho — prefeito de São Bernardo — já disse que Dias Toffoli
“não tem o direito de não participar do julgamento”, evidenciando que ele não
tem escolha; sugere que o outro não é dono nem do próprio voto.
Como se diz no interior, “Toffoli
se casa com quem quisé desde que seja com o Zé!!!”.
Como seria um escândalo — não que seja
impossível — contestar o conteúdo do voto do relator, os petistas buscam,
então, uma saída corporativista, intentando jogar os advogados contra um
ministro do Supremo. Até parece que os defensores todos foram apenas lhanos e
respeitosos com o procurador-geral, por exemplo. Nada que a democracia não
suporte, é bom deixar claro.
Também essa iniciativa, a exemplo das
outras duas, revela uma concepção fascistoide de democracia — e, pois, democracia
não é.
É claro que alguns responsáveis
indiretos por tamanha ousadia autoritária estão dentro do próprio Supremo. E
têm nome: Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio de Mello. As intervenções desses
dois têm servido de munição para que chicaneiros tratem o Supremo como tribunal
de exceção. Algumas falas de Celso de Mello, lamento!, também não têm ajudado
muito.
O Brasil não é a Venezuela (porque não
deixamos, não porque eles não queriam). Na impossibilidade de milícias armadas
constrangerem os órgãos do estado, busca-se a mobilização de milicianos
virtuais para destroçar a reputação de desafetos. Posso entender os motivos. A
parte inicial do voto do relator é, dizer o quê?, devastadora para os que
pretendem sustentar que, afinal, nada de mau se fez no que ficou conhecido como
“mensalão”.
É a transparência que está fazendo mal
ao fígado dos petistas, aquela de que tanto eles diziam gostar quando estavam
na oposição. Do tal Marco Aurélio (refiro-me àquele que é petista com
carteirinha), não poderia esperar nada diferente. Afinal, esse rapaz quer tirar
do ar uma página do Ministério Público Federal e impor censura à imprensa,
impedindo-a de empregar a palavra “mensalão”. Por que ele não proporia, então,
cercar o STF com os tanques da desqualificação?
in blog Saber é Vencer
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