quinta-feira, 30 de agosto de 2012

VOLKSWAGEN, GM, FIAT E FORD, COM A CONIVÊNCIA DO CONSUMIDOR OTÁRIO E DO GOVERNO, SE BENEFICIAM DE IPI MENOR PARA A VENDA DE CARROS CARÍSSIMOS E SEM QUALIDADE




Por Jorge Serrão-Edição do Alerta Total
Precisou a revista norte-americana Forbes – especializada em falar de assuntos para o público de alto padrão de renda e consumo – para que a mídia tupiniquim caísse na real sobre um dos maiores abusos econômicos a que somos submetidos: o estratosférico preço dos carros (sem qualidade). O brasileiro – que deveria ser chamado de otário – chega a pagar aqui o dobro ou o triplo do valor de um veículo idêntico (ou com menos itens) vendido no em outros países.
O assunto merece ser discutido no momento em que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, com ar de quem faz um grande favor, prorroga por mais dois meses o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis. As transnacionais, Volkswagen, General Motors, Fiat e Ford — que respondem por 81,8% dos 2,825 bilhões de carros vendidos no país em 2011 – são os grandes beneficiados e culpados pelo verdadeiro assalto ao bolso de quem compra carros. Mas o maior irresponsável mesmo é o otário consumidor tupiniquim, um verdadeiro otário que ajuda a alimentar os abusos cometidos pela indústria automobilística.
Todo mundo sabe que os impostos elevados e os altos custos de mão de obra, logística, infraestrutura e matéria-prima são tradicionalmente apontados como os vilões para justificar os carros caríssimos. Mas a falta de competitividade – gerada por um protecionismo estatal que encarece a importação de veículos – e a gananciosa margem de lucro da indústria e seus revendedores são os reais culpados pelo preço elevadamente irreal dos carros. Pior que isso só a visão consumista de otários fortalecem a demanda por veículos caríssimos, geralmente aproveitando a facilidade de financiamentos (a juros elevadíssimos), sem se preocuparem com o custo final do que foi comprado em infinitas prestações mensais.
O preço de um veículo no Brasil tem uma perversa divisão. Os impostos extorsivos aqui oneram a compra em 32%, enquanto lá fora a carga tributária responde por 16% em média. As montadoras operam com margens de lucros absurdas de 10% (o dobro do padrão médio mundial de 5%). O custo de produção e distribuição respondem por 58% do preço final. Lá fora, este mesmo custo com mão de obra, matéria-prima, logística de distribuição e publicidade é responsável por 79% do valor do carro. Para piorar, a qualidade do veiculo feito aqui é muito inferior aos vendidos a preço bem inferior lá fora.
Por isso, são muito bem vindas campanhas de marketing de guerrilha (ou anti-marketing) promovidas por cidadãos conscientes - como o gaiato que criou o “Canal do Otário”, no YouTube, para demonstrar indignação contra os abusos, desrespeitos e verdadeiros assaltos ao consumidor (otário) no Brasil. O vídeo acima (com grandes chances de ser censurado em breve) é uma abordagem bem criativa e dramática da situação. O triste é que, no final das contas, prevalece a dura constatação do imortal comentarista esportivo João Saldanha: “Quem reclama já perdeu”...

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