quinta-feira, 23 de agosto de 2012
MENSALÃO: POSIÇÃO DE MINISTRO SURPREENDE E ANGUSTIA ADVOGADOS
Os advogados de defesa dos réus
do mensalão acompanharam com perplexidade e visível preocupação o voto do
ministro Ricardo Lewandowski.
De modo geral, eles apostavam
que o revisor iria se contrapor ao ministro Joaquim Barbosa, relator do caso,
que tem refutado todas as teses da defesa.
À
medida que Lewandowski ia condenando Henrique Pizzolato, ex-diretor de
Marketing do Banco do Brasil; Marcos Valério e os ex-sócios do suposto operador
do mensalão, os advogados manifestavam tensão e angústia.
“Isso
não é contraponto, é dueto”, avaliou um criminalista, que pediu para não ser
identificado.
O
momento mais crítico, do ponto de vista da defesa, foi quando Lewandowski deu
veredicto pela condenação de Pizzolato pelo segundo crime de peculato. Após
extensa argumentação, em que dava a impressão de que iria absolver o réu desta
imputação, o revisor o condenou, explicando que havia mudado o voto na noite
anterior.
“Tudo
indicava (que Lewandowski iria absolver)”, disse o criminalista Márcio Thomaz
Bastos, ex-ministro da Justiça, defensor do executivo José Roberto Salgado, do
Banco Rural.
“Não
quero falar sobre isso. Os votos são parciais”, disse.
“Todo
julgamento é preocupante”, acrescentou o criminalista José Carlos Dias.
O
advogado Marcelo Leonardo, que defende Marcos Valério, comentou que não
conseguiu entender por que o ministro revisor trocou a ordem de votação.
Joaquim Barbosa, o relator, começou seu voto pelo deputado João Paulo Cunha
(PT-SP), e Lewandowski deve se manifestar sobre as acusações contra o petista
somente hoje.
“Achei
curiosa a inversão na ordem. Não tenho ideia do motivo.”
O
defensor de Marcos Valério foi enigmático.
“Vou
esperar a totalidade dos votos e ver como o tribunal vai decidir acerca dos
políticos”, declarou, referindo-se ao núcleo político do mensalão, no qual é
citado o ex-ministro José Dirceu (Casa Civil).
Ele
prosseguiu:
“Quero
ver como o tribunal vai decidir depois dos 11 votos em relação a todas as
acusações e a todas as pessoas. Eu quero aguardar.”
O Estado de S. Paulo/ F.M. e F.R. - (in Camuflados)
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