segunda-feira, 9 de abril de 2012

OS RISCOS DA BUSCA

Antes de nos envolvermos afetivamente com outra pessoa, mesmo quando desejamos que isso ocorra, é muito comum impormos uma série de requisitos que acabam dificultando qualquer início de paquera ou namoro.
Já maduros, é muito raro nos entregamos a uma atração sem, instintivamente, pensarmos em algumas consequências e logo percebemos estar nos questionando se aquele relacionamento poderá nos proporcionar segurança emocional, onde vai dar e se, estando com aquela pessoa, o que poderá ocorrer futuramente.
Independentemente da possibilidade de uma nova aproximação se transformar em amizade, namoro ou algo mais sério, noto que quanto mais idade e experiência possuímos, mais vamos colocando esses questionamentos antes de qualquer novo relacionamento, não querendo arriscar uma primeira ou nova frustração.
Exceto quando ocorrem as paixões, inexplicáveis e incontroláveis, que quando percebemos já estamos envolvidos de modo irreversível, sempre observamos a pessoa, ouvimos informações - muitas vezes não verdadeiras e até invejosas ou de pessoas pouco confiáveis -, sobre seus relacionamentos anteriores e, mesmo após os primeiros contatos continuamos com muitos questionamentos antes de nos decidirmos pelo novo envolvimento.
Esse comportamento seletivo, além dos afastamentos naturais que ocorrem por motivos diversos em todas as áreas de nossa vida social acaba restringindo a quantidade de pessoas que estão à nossa volta, que fazem parte de nossa vida ou que fizeram parte de nossa história.
Exemplo mais comum é o fato de normalmente aguardamos muito tempo por um momento mais apropriado para uma conversa que poderia resolver algum mal entendido e com isso muitas vezes acabamos perdendo definitivamente a possibilidade desse surgimento, nos afastando irrecuperavelmente de pessoas muito queridas.
Por motivos como esses, quanto mais velhos ficamos mais sozinhos estaremos e sempre encontraremos idosos já viúvos com pouquíssimos amigos, inclusive porque muitos dos que faziam parte do seu cotidiano já se foram. Isso poderia ser alterado se durante a vida não fossemos tão exigentes e não estivéssemos tão fechados ao novo.
Buscando por ilusões, príncipes ou princesas encantadas, acabamos permitindo que muitas oportunidades de novos relacionamentos passassem ao nosso lado sem sequer serem percebidas, apesar de possivelmente serem pessoas encantadoras, maravilhosas.
Criando muitas expectativas, esperando algo de filhos, amigos, namorados, maridos ou esposas, muitas vezes terminamos frustrados e decepcionados, quando o erro foi nosso de esperar algo que era fruto exclusivo da nossa imaginação e muitas vezes longe do ideal de vida daquelas pessoas.
Vivendo sem nada esperar dos outros, deixando os acontecimentos determinarem para onde, com quem e até quando caminharemos juntos, provavelmente seríamos mais felizes. Sem esperar retornos não sentiríamos as frustrações e decepções tão comuns ao término de nossos relacionamentos.
As fases de aproximação e conhecimento no relacionamento proporcionarão a criação de afetividades, a troca de carinhos, desejos e prazeres físicos, mas o surgimento de um verdadeiro amor, onde exista amizade, cumplicidade e companheirismo, só acontecerá com a convivência mútua, diária e por um longo tempo.
Iniciando novos relacionamentos sem muitas exigências ou preocupações com o futuro desconhecido, certamente estaremos abrindo caminhos para riscos, mas mesmo não sendo duradouros com eles sempre aprenderemos algo, viveremos momentos de felicidades e deles teremos boas recordações.
O caminho em busca de um grande amor deve ser percorrido sem medos, pois sempre poderá ser retomado.
*João Bosco Leal Jornalista, escritor e produtor rural.

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