domingo, 27 de maio de 2012

AMOR VERDADEIRO



Por alguma declaração ou atitude de um conhecido, amigo ou parente, apesar de aparentemente sequer a havermos notado, nossa relação com essa pessoa é um pouco ou totalmente alterada e dela nos afastamos ou aproximamos mais.
Iniciam-se assim as maiores ou menores afinidades, os afastamentos, as amizades e muitas vezes, quando menos esperamos ou mesmo sem entender o motivo pelo qual isso aconteceu, nossos sentimentos por uma pessoa são alterados.
Podemos sentir algum tipo de repulsa, carinho, amizade, atração, paixão, mas muito raramente sentiremos amor.
Na juventude surgem as primeiras pessoas que mesmo quando vistas pela primeira vez, nos provocam verdadeiras paixões e, no decorrer de nossas vidas, pessoas que julgávamos próximas se afastam e outras com quem tínhamos pouco contato se aproximam, tornando-se amigas.
Algumas que estavam ao lado como colegas de estudos, trabalho ou simplesmente conhecidas, podem passar a ocupar um espaço maior de tempo em nossos pensamentos e em diversos momentos delas nos lembrarmos com uma frequência muito maior do que antes, abrindo a possibilidade de com essas podermos experimentar outro tipo de relacionamento.
Por caminhos inesperados, diferentes e normalmente muito prazeirosos, os sentimentos nos aproximam de pessoas por quem não imaginávamos poder sentir carinho ou amizade, mas por algum motivo percebemos que são especiais, raras, que chegaram em nossa vida para ficar, tornando-se aquelas amigas que mesmo quando distantes jamais se ausentarão.
Em outras oportunidades somos por eles levados a nos apaixonar, viver momentos de alegrias, prazeres e até a pensar que estamos amando, o que normalmente não é verdadeiro.
O amor pleno, assim como só passamos a entendê-lo na maturidade, que envolve dedicação, concessão, carinho, amizade e cumplicidade, repleto de momentos felizes e inesquecíveis, é raro e provavelmente só ocorrerá uma única vez durante nossa vida.
Mas apesar de não existirem manuais de bom funcionamento ou garantias, para que possamos realmente viver um amor quando ele ocorre, algumas regras básicas precisam ser seguidas, como a não permissão de opiniões e interferências provenientes de amigos, parentes ou filhos - que poderão causar momentos tristes, doloridos, de constrangimento ou até o rompimento do casal -, pois nenhuma dessas pessoas, por mais importantes que sejam na vida de cada um, jamais suprirão a falta que um companheiro que nos ame fará em nossa vida e na velhice.
Entretanto, se alguns momentos tristes, choros, dores, palavras não ditas e sentimentos não demonstrados ocorrerem por motivos exclusivos dos dois, serão facilmente superadas pela vontade de um fazer o outro feliz, pois mesmo sendo incapazes de mudar, quando realmente amamos, sempre podemos melhorar.
E quando seu par demonstra que pretende ser uma pessoa melhor, continuar a seu lado e envelhecer com você, é uma demonstração inequívoca de que entre os dois já existem coisas mais importantes para serem avaliadas, levadas em consideração, do que os tropeços e erros que são facilmente perdoados e quando se ama verdadeiramente, novas chances sempre podem ser concedidas.
Não serão as conversas de terceiros, pequenos comportamentos dos quais discorda, os incidentes ou acidentes ocorridos durante a vida, que abalarão um verdadeiro e inesquecível amor.
Siga seu coração, seu instinto, e não permita que o amor passe sem vivê-lo plenamente.
*João Bosco Leal-Jornalista, escritor e produtor rural.
Lembranças do passado
Por João Bosco Leal

Residindo perto do Pantanal Sul Mato Grossense, de belezas naturais deslumbrantes e muitos animais silvestres, resolvi convidar uma amiga de juventude para passar um feriado prolongado em minha casa e assim nos reveríamos e ela conheceria o pantanal.
Pretendia mostrar locais que conheço sem nenhuma programação previamente agendada, passeando, parando, tirando fotos, mostrando o que lhe era desconhecido, sem nenhum compromisso de horários, mas como chovia e fazia frio quando a aeronave que a trazia pousou, percebi que a programação teria que ser alterada.
Como duas pessoas que não se viam ou tiveram qualquer tipo de contato há trinta e sete anos, fomos almoçar e começar a conversar sobre o que ocorreu em nossas vidas nesse período e também sobre o que ela gostaria de fazer já que com aquele tempo a programação anterior não seria aconselhável.
Durante essa conversa, por algumas declarações e comportamentos, já percebi que meu convite talvez não tivesse sido uma boa ideia. Notei que havíamos vivido em mundos e culturas diferentes por um período demasiado longo, o que tinha nos transformado em duas pessoas com uma quantidade enorme de diferenças.
Morando só e já próximo dos sessenta, nada mais lógico e esperado que possuísse algumas ou muitas manias, mas tentei colocar minha convidada muito à vontade, mostrando-lhe seus aposentos e onde encontraria tudo o que pudesse necessitar, desde alimentos, bebidas, pratos, talheres e como funcionava a máquina de café.
Por simples bom senso e educação que se espera de quem possui um grau cultural elevado, ou até mesmo por conhecimento prático adquirido durante a vida, imaginei que alguns comportamentos não ocorreriam por serem inesperados para quem se hospeda em casa alheia, independentemente das manias adquiridas por quem está acostumado a viver só como eu.
Morando só no interior do Paraná logo notei que acostumada a viver em casa, não tinha noção do que seria viver em um prédio de apartamentos, mas diversas atitudes comportamentais por mim inesperadas confirmavam minha primeira impressão: éramos pessoas totalmente desconhecidas.
Como o clima frio e chuvoso não a estimulavam sequer a sair do quarto por longos períodos, solicitei a presença de outra amiga e demos algumas voltas pela cidade, visitando locais interessantes e pontos turísticos, mas foi tudo o que conseguimos, pois no dia seguinte o tempo melhorou e o sol voltou a brilhar, mas ela não se interessou pelo passeio turístico que eu havia programado para o Pantanal alegando que preferia permanecer quieta, dentro de casa.
Pensei então sobre todo o período que estivemos longe, morando em ruas, cidades e estados diferentes, estudando em escolas e cursos, tendo amigos e relacionamentos mais ou menos profundos ou duradouros, com idades e em épocas distintas.
Com todas essas variações de estilos, meios e modos de vida, realmente não poderíamos mais ser o que éramos e pensar ou agir como costumávamos fazer.
Uma pena, pois a intenção era a melhor possível e ao invés de reaproximar, certamente acabou afastando mais ainda duas pessoas que já não se viam há décadas, mas que mantinham lembranças de um tempo diferente, quando éramos jovens e que infelizmente nunca voltará.
Tentar reviver o passado pode fazer perder lembranças que na mente se mantinham bonitas e por isso lá deveriam permanecer.
*João Bosco Leal   Jornalista, escritor e produtor rural.

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