sábado, 5 de maio de 2012

DILMA E OS JUROS

Por Paulo Barretto
                         Dilma finalmente resolveu assumir o comando na luta contra os juros abusivos praticados no Brasil, principalmente pelos bancos. Essa luta que vem de longa data sempre esteve liderada pela Fiesp, comandada por seu presidente Paulo Skaf.
                         Outro líder que batalhou muito nesse sentido foi José de Alencar, que exerceu por dois mandatos o cargo de vice-presidente da República no governo Lula. Mesmo pertencendo ao governo, Alencar bateu de frente várias vezes contra a fixação de uma Selic irreal pelo Copom, órgão do Banco Central, comandado pela equipe econômica do governo.
                          Em pronunciamento em 30 de abril último para comemorar o Dia do Trabalho, a presidente da República declarou, em rede nacional de rádio e televisão, que é inadmissível o custo dos empréstimos no Brasil e recomendou às instituições privadas seguirem o bom exemplo das instituições estatais, que já fizeram dois cortes nos juros. A taxa Selic está caindo, mas os bancos particulares não se mexem.
                           O governo brasileiro julga inaceitável a grande diferença entre a taxa de juros que os bancos pagam para pegar recursos e o que cobrado dos clientes que vão tomar um empréstimo, o chamado spread bancário, que é o mais alto do mundo.
                           Não acredito que os bancos brasileiros, acostumados há muito tempo com a mamata, vão atender às ponderações de Dilma. Se essa hipótese se confirmar, medidas mais enérgicas precisam ser tomadas.
                           O governo poderá aumentar significativamente os depósitos compulsórios no Banco Central dos bancos privados que praticarem juros superiores aos do Banco do Brasil e da Caixa Federal. Outra mediada salutar seria fechar o repasse de recursos oficiais aos bancos privados que utilizam esse dinheiro para financiar operações mercantis com o comércio, indústria, serviço e pecuária.           
                            Uma questão que não foi abordada pela presidente, mas é tão importante quanto à redução dos juros dos bancos é o custo dos juros nas vendas a prazo das grandes redes varejistas ao consumidor final. Essas redes levantam quantias fabulosas no BNDES a 4% a 5% ao ano e cobram do consumidor final, em alguns casos, cerca de 130%, ao ano. O dinheiro que é do Brasil, produto das receitas tributárias, portanto do povo, é utilizado para espoliar o próprio povo. É um esbulho, uma vergonha! 
                              Essa anomalia pode ser solucionada com uma ação simples, mas de efeitos radicais. Nesse caso, os juros seriam pós-fixados. Meio
por cento ao mês, mais a correção monetária ocorrida entre a data da compra e a do efetivo pagamento.
                             É uma falácia dizer que juros baixos geram inflação. O que gera inflação é demanda maior do que a oferta. Se a demanda for maior, aumente-se a oferta com dinheiro público se necessário for, o que vai ativar a economia, crescer a produção e a criação de novos empregos, gerando bem estar para todos.
                              Com essas medidas acabará a farra dos juros exorbitantes. Os bancos e as grandes lojas de departamento vão gritar, mas ficará de bom tamanho se não forem obrigados a devolver tudo o que foi furtado nesses anos todos.

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