terça-feira, 1 de maio de 2012

AQUARELAS DO METRÔ

Por Luiz Antonio Domingues em Orra Meu!
Não foi exatamente algo planejado pela Companhia do Metropolitano de São Paulo, mas mesmo sendo fruto de uma iniciativa fortuita, o Metrô de São Paulo acabou forjando um acervo fantástico de aquarelas retratando o passo a passo de sua construção, desde os seus primórdios.
As primeiras ações concretas para a construção do Metrô iniciaram-se em 1968, mas foi em 1970, que uma artista plástica se interessou em retratar as obras e mesmo sob certa desconfiança inicial, foi ficando na função e hoje tem catalogadas mais de 600 valiosas peças, mostrando o cotidiano das obras, a arquitetura das estações e a labuta dos funcionários.
Diana Dorothéa Danon nasceu em São Paulo, no ano de 1929 e formou-se na Escola de Belas Artes em 1959, tendo uma segunda graduação em Arqueologia e História da Arte na USP, em 1967.
Iniciou seu ofício artístico pintando fachadas de casarões, Igrejas etc. Aliás, ela tem publicado dois belíssimos trabalhos nesse sentido, com apoio da USP.
Mas foi em 1970 que seu tino artístico apontou para uma fonte de inspiração não usual, isto é, um canteiro de obras subterrâneo.
Diana passou então a embrenhar-se no subterrâneo das primeiras escavações da linha 1, Norte-Sul do metrô paulistano.
Quando a linha 1 ficou oficialmente aberta ao público em 1974, Diana já tinha uma significativa obra, que obviamente impressionou a cúpula da Companhia do Metropolitano. Mas foi só a partir do início das obras da linha 3, Leste-Oeste, que a Companhia a contratou como artista oficial, posto que ocupa até hoje, trabalhando diariamente nas linhas 4, 5 e na extensão da linha 2, com o monotrilho que deverá esticar até longínquos bairros da zona leste.
Nada escapa aos olhos argutos da artista, que tem muitas de suas aquarelas expostas virtualmente no site oficial do Metrô.
E como adendo às obras, Diana sempre fez pequenos relatórios, em forma de diário, com suas impressões sobre cada dia de trabalho que presenciou. Dessa forma, esse rico relato pode virar um livro a qualquer momento, revelando-se uma verdadeira fonte de pesquisa e memória preservada de nossa cidade.
Segundo Mário Guimarães Ferri, o trabalho de Diana é importantíssimo também para a memória arquitetônica da cidade, pois em se tratando de uma cidade como São Paulo, que nunca para de se metamorfosear, tais aquarelas se tornam um patrimônio artístico vital, também sob esse aspecto.

*Texto de Luiz Antonio Domingues (músico das bandas Ciro Pessoa & Nu Descendo a Escada, e Kim Kelh e os Kurandeiros).

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