Cultura: todo comportamento aprendido. Envolvem crenças, valores, hábitos, construções artísticas e arquitetônicas... Esta é a concepção de cultura hoje, principalmente desenvolvida por Tylor. Mas, quatro séculos antes de nossa era, Confúcio já afirmava que “a natureza dos homens é a mesma. O que os diferencia uns dos outros são seus hábitos”. É bastante atual este pensamento porque, quando se afirma que a natureza dos homens é a mesma, significa dizer que a constituição biológica é a mesma em todos os indivíduos, mas que estes se diferenciam pelos seus hábitos, ou pela construção cultural que é diversa de povo para povo. Laraia escreve a partir do grande dilema que norteia o capítulo: como conciliar a unidade biológica do homem e a diversidade cultural que caracteriza os povos? Tal dilema permite que surjam, a partir do século 20, duas idéias que explicam a questão cultural. Trata-se do determinismo biológico, que afirma ser as características genéticas e hereditárias de determinados grupos ou etnias os fatores determinantes da diversidade cultural. Um exemplo de determinismo biológico acontece quando entendemos que os Judeus são habilidosos comerciantes ou que os alemães possuem uma pré-disposição para a mecânica. Por outro lado, também emerge a idéia de um determinismo geográfico defendendo que fatores físicos (clima, altitude, região, lugar, etc.) condicionam o modo diversificado dos comportamentos. Desta forma, explica-se que as pessoas que moram na Bahia, lugar de clima quente, têm hábitos de não trabalharem muito, serem lentas em detrimento dos fatores geográficos deste Estado. Em oposição aos determinismos está a concepção de endoculturação – processo pelo qual os comportamentos e as práticas culturais estão sujeitas ao aprendizado. Desta forma, uma criança que nasce no Japão, se for educada no Rio de Janeiro, adquirirá, por meio do aprendizado, as características culturais do Brasil. Depois destas considerações, estudemos alguns autores que são importantes para compreendermos a Cultura.Tylor definiu Cultura como “um todo complexo que inclui comportamentos, crenças, valores e toda construção material”. Ele estruturou os termos Kultur (do germânico) entendendo-o como os aspectos espirituais de um povo e Civilizacion (do francês) como os aspectos da construção material. Desta estruturação de termo nasce à idéia de cultura material e imaterial. Tylor também explica a diversidade como o resultado das desigualdades do processo evolutivo de cada cultura. Ele é bastante influenciado pelo evolucionismo darwinista, inclusive chegando a justificar a ideologia da dominação quando sugere a superioridade da Europa como uma nação “civilizada”, em detrimento dos bárbaros, não-civilizados. Antes de fazermos um juízo de valor sobre as contribuições de Tylor, é indispensável que consideremos seu contexto – o evolucionismo de sua época era linear. Para criticar o evolucionismo, surge Franz Boas. Este autor entende que cada cultura apresenta resposta diferente para seus problemas de acordo com seus eventos históricos. Desta idéia nasce à concepção de particularismo histórico: é a partir das investigações históricas que se descobre à origem deste ou daquele traço cultural. Cada povo traça caminhos diferentes para seus eventos históricos. Neste caso, o evolucionismo é aceito de forma multilinear. Além destas criticas e do particularismo histórico, Boas sugere que a antropologia deve ter duas tarefas importantes: a) construir a história dos povos ou regiões particulares; b) comparar a vida social dos diferentes povos. Franz Boas propõe o uso do método da comparação história e da comprovação dos diversos eventos históricos de cada cultura. Outro autor que merece nossa compreensão é Kroeber. Ele, no artigo “superorgânico” procura evitar a confusão entre o homem orgânico e cultural. Neste artigo, Kroeber afirma que o homem cria cultua, supera as determinações biológicas e constrói seu próprio processo evolutivo, apesar de depender das funções vitais. O homem perpetua sua espécie e se apresenta como um ser que está acima de suas limitações orgânicas. Ele liberta-se da natureza e se expande. O homem, como afirma Laraia, “é o resultado do meio social em que foi socializado”. Neste sentido, ele é herdeiro de um processo acumulativo: no decorrer da história o homem acumula conhecimento e experiência. Não basta que a natureza crie indivíduos inteligentes. É preciso que o meio ambiente condicione o desenvolvimento e a criatividade dos “gênios”. O homem modifica, se o ambiente for propício, seu habitat. Mesmo sem asas, consegue voar. Cria o avião. Santos Dumont não teria desenvolvido conhecimentos aeronáuticos se estivesse somente em sua cidadezinha no interior de nosso país. Foi necessário que o ambiente fosse favorável para que ele desenvolvesse a primeira máquina voadora. Finalizando, compre-nos entender que alguns antropólogos contemporâneos vêm tentando apresentar respostas para a origem da cultura. Merece destaque dois deles: Lévi-Straus afirmando que a cultura nasce quando se estabelece à primeira regra social, o Incesto – comum a todas as culturas humanas; e Leslie White: este antropólogo defende que a cultura nasce com o desenvolvimento do neucrotex. É quando o cérebro evolui e o homem cria símbolos que nasce a cultura. Todas as sociedades possuem símbolos e, para entendê-los, precisamos conhecer e compreender a cultura que os criou.
quarta-feira, 5 de novembro de 2008
Comemoração do Dia da Cultura
No dia 5 de novembro, aniversário de Rui Barbosa, é comemorado no Brasil o Dia da Cultura. Anualmente, a Fundação Casa de Rui Barbosa (FCRB) entrega nesta data a Medalha Rui Barbosa a personalidades que se destacaram na prestação de serviços à Cultura do país.
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