Antigamente, ateus, judeus e os que praticassem suicídio, eram sepultados numa área dos cemitérios destinada aos infiéis. Esses mortos não eram abençoados pela igreja e seus féretros não tinham direito a passar pela igreja durante o enterro, nem ao toque do sino. O tempo passou e as coisas mudaram essa cultura provinda de tão longe.
Em Roma, o "cemitério não católico" é também chamado 'cemitério dos poetas de Roma', para lembrar os literatos ingleses John Keats ou Percy Shelley e ao fundador do Partido Comunista da Itália, Antonio Gramsci.
"À sombra da pirâmide Cestia, construida em torno do ano 12 a. C. como imponente sepulcro para o pretor romano Caio Cestio, jazem os restos de 4.000 almas, em sua maioria estrangeiras, de protestantes, ateus e judeus, a quem os cemitérios católicos por sua condição de "diferentes" não quiseram dar descanso eterno", descreve o Antigua y Medieval deste domingo.
A publicação lembra que turistas e romanos renderam homenagem a 1º de novembro último aos 'outros mortos', aqueles dos quais ninguém se lembra, como também ao poeta britânico John Keats (1795-1821), quen morreu em Roma de tuberculose. À sua tumba só se chega com ajuda de um mapa, já que sobre sua lápide, dedicada a "jovem poeta inglês", segundo deixou escrito, desejava que não aparecesse seu nome e que seu epitáfio fosse como se lê: "Aqui jaz alguém cujo nome foi escrito na água". Ao seu lado descansa Joseph Severn e próximo a muralha romana da cidade, o local onde foi enterrado Antonio Gramsci (1891-1937). Lá também está o filho de Goethe, falecido em Roma em 1830.
O campo santo é gerenciado por embaixadas de 14 países que têm enterrados uma representação de seus compatriotas. Hoje é permitido a estrangeiros residentes em Roma que sejam enterrados ao lado de poetas, cientistas, heróis de guerra e ricos excêntricos.
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