domingo, 8 de novembro de 2009

AUTORITARISMO POPULAR E A VIAGEM QUASE REDONDA DO PT

(*)Gustavo Müller

Dois eminentes sociólogos têm interpretado de maneira magistral o que a conjuntura brasileira apresenta. Um desses sociólogos é o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, e o outro é o professor do IUPERJ Luiz Werneck Vianna.

A interpretação desses sociólogos vai muito além da descrição de pesquisa de opinião e projeta o futuro próximo com o conhecimento do passado e do presente. Cabe observar que esse tipo de análise é uma “espécie em extinção” uma vez que, os acadêmicos de hoje produzem suas análises visando uma potencial clientela.

Ambas as análises convergem para o seguinte ponto: estamos assistindo uma reedição “digitalizada” do Estado Novo, se não no autoritarismo escancarado, ao menos no corporativismo estatizante.

Fernando Henrique Cardoso, em artigo publicado nos jornais neste primeiro de novembro, afirma que os pequenos arranhões nas regras democráticas podem conduzir a futuros arranjos de autoritarismo com o beneplácito popular.

Já Werneck Vianna, recorrendo a uma metáfora de Raymundo Faoro, constata que o Estado brasileiro sob o governo Lula reencontra seu poder de centralização e de cooptação.

Com efeito, o presidente Lula, premeditadamente ou não, esvazia o conteúdo da democracia representativa fazendo com que sindicatos e movimentos sociais se atrelem ao Estado, seja através da distribuição de verbas, seja através da criação de conselhos.

Não obstante, o mais curioso é observar como o presidente Lula estimula a construção da imagem mística de um líder carismático no melhor estilo weberiano. Isso ocorre quando o presidente assiste de forma passiva a comparação entre sua imagem e a imagem de Jesus Cristo, e quando o próprio presidente recorre a essa comparação para justificar suas alianças políticas.

Tal comportamento não é novo nem no Brasil nem na América Latina. Muito menos podemos falar a respeito de sua contribuição para a consolidação democrática.

O fato concreto, fato que podemos extrair como conclusão dos dois sociólogos aqui citados, é que, vivemos um período de retrocesso institucional no Brasil e no continente latino.

Em nome de alguns avanços sociais estamos assistindo de forma passiva o espezinhamento de formalidades da “democracia burguesa”.

(*) Professor de Ciência Política da UFSM

2 comentários:

Anônimo disse...

passando só pra deixar um oiiiiiii!!


súh ♥

"Política sem medo" disse...

Caro Pedro, alguns posts seus nao estao disponiveis. Os que eu consegui acessar, adorei! Muito bons artigos! Peco licenca para visita-lo mais vezes! Obrigada!