OU PRA NÃO FALAR OS NOMES OU UM DIA HAVERÁ UMA YOANÍ SÁNCHEZ AQUI
Por Ralph J.Hofmann
Infelizmente tenho uma memória visual muito boa. Uma memória que me faz lembrar a cena de um presidente do Brasil que poucos dias após assumir o governo mandou comprar um porta-livros e o colocou sobre sua mesa de despachos. Perguntado quanto ao que colocaria neste porta-livros respondeu: “A Constituição do Brasil”. Um presidente sempre deve ter perto de si a Constituição, para lembrá-lo do que representa, e ao que deve fidelidade”, ou ao menos usou palavras neste teor.
Consta que alguns anos depois a substituiu por uma nova constituição homologada por uma Constituinte.
Que me recorde, esta nova Constituição garantia, sem que qualquer dos membros da constituinte as tivesse contestado, liberdades de opinião e de expressão.
Justiça seja feita, enquanto aquele senhor presidiu o país, não houveram realmente casos notórios de repressão à opinião e expressão. Pessoas feridas por publicações ou discursos procuraram recurso na lei comum e ganharam ou perderam. E isto considerando que ainda persistiam alguns ranços de leis do antigo regime que podiam limitar a liberdade de expressão.
Com o tempo, os paladinos da livre palavra, os que defenderam por mais de trinta anos o direito de opinião, que com extrema frequência abusaram desta liberdade durante quinze anos, muitas vezes disseminando calúnias e as repetindo como se verdades fossem chegaram ao poder.
Desde então multiplicam as ações para colocar um cabresto no direito à informação. Tenta-se criar órgão que filtrem o que se publica, jornalistas são alijados de seus empregos por pressões nada sutis. Tudo em vão. A sociedade moderna com blogs, newsletters e outros meios de comunicação, consegue disseminar notícias de escândalos, roubos, e contrafações ao menos entre a população mais instruída, que hoje está se tornando cada vez mais numerosa.
Infelizmente a grande imprensa é manietada por ordens judiciais que ferem frontalmente o espírito e a letra da Constituição. Sempre há algum magistrado que se disponha a emitir uma ordem de mordaça.
Pior, o tal político que colocou sobre sua mesa um porta-constituição, vendo noticiar algo desabonador a um familiar lança mão de uma ordem de censura para um assunto que deveria pacificamente ser resolvido na justiça comum, com um processo normal em que seria determinado se há elementos comprobatórios ou não do que alega. Em suma, não valem os fatos. Não se discute os fatos noticiados. Discute-se apenas o disseminar os fatos. Protege-se a pessoa sobre a qual existem realmente fatos em detrimento a liberdades garantidas na Constituição.
As desculpas da necessidade de trânsito em julgado em última instância, de segredo de justiça sobre assuntos de interesse público são refúgios de covardes.
Esta semana o Blog de Adriana Vandoni foi amordaçado. A imprensa dos anos ditos de “chumbo”, sempre apontou "O Pasquim", como um órgão de imprensa sufocado. Há pessoas hoje recebendo polpudas imerecidas pensões graças ao fato de terem perdido (segundo eles) seus proventos no Pasquim.
Em que o Pasquim diferia daquilo que hoje representam os Blogs e Newsletters? Em nada! Ambas as formas são de imprensa nanica, atingindo um público desproporcional ao seu tamanho e colocando opiniões incômodas aos encastelados no poder.
Apenas quem está no poder agora foi ali colocado precisamente pelos leitores do Pasquim. Não falo dos que confeccionavam o Pasquim. Falo dos que levavam o Pasquim para ler no fundo da sala de aula na faculdade e depois o passavam adiante.
Seu silêncio agora é estrondoso!
Fonte: Prosa e Política (blog de Adriana Vandoni)
Nenhum comentário:
Postar um comentário