domingo, 18 de dezembro de 2011

PREPARATIVOS, ATIVOS, PERITIVOS, POTES ABERTOS

Tem quem carregue dicionário, mas não tem palavras - Gudé).

Por José Eugênio Maciel

[...]

Casa com vida é aquela em que a gente entra e sente bem-vinda.

A que está sempre pronta pros amigos, filhos...

Netos, pros vizinhos...

E nos quartos, se possível, tem lençóis revirados por gente que brinca ou namora a qualquer/ hora do dia. Casa com vida é aquela que a gente arruma/

pra ficar com a cara da gente.

[...]

Carlos Drummond de Andrade – Casa Arrumada

As festas, natalinas, fim e começo de ano, se caracterizam desde já com uma série de preparativos. Cada época que se prepara é lembrada a do ano anterior, ou melhor, vem um turbilhão de confraternizações passadas, a memória à tona.

A arrumação da casa, tudo tem que ser bem limpo, faxina geral, trocas de cortinas, por exemplo, lençóis, para citar apenas alguns aspectos, a mesa com a feitura dos assados, doces, enfim uma intensa movimentação, detalhes verificados, aspectos gerais. Gente chegando, abraços, encontros. O grande escritor conterrâneo de Drummond, o Otto Lara Rezende, ao modo mineiro de ser e de se expressar, disse, “o melhor da festa é a preparação dela”.

Tanto trabalho e tudo passa rápido, evidentemente quando estamos felizes e partilhando com as pessoas que amamos, tudo que fizermos de bom juntos é tão intenso e maravilhoso que não notamos o tempo passar.

E o tempo de outrora que parecia não passar e que estava presente com as nossas alegrias incontidas e revividas em novos momentos, é mesmo de felicidade, mas uma felicidade que não pode ser a mesma porque, com o tempo implacável, algumas pessoas saem definitivamente de cena.

Muitos passam pela experiência que irei pela primeira vez passar, um Natal sem a presença daquela que dava e representava toda a importância, ela que queria os filhos reunidos, ligava para eles e nos recebia no portão, de braços e corações abertos. O meu pai se foi antes, Eloy Maciel gostava de festa em casa com a família reunida, nos brindava na cabeceira da mesa. A mãe passou a ser a referência dele a se somar com a dela, ambos especiais em tudo, presentes maiores e únicos.

Suponho que será uma mescla de grande tristeza alegre, ou de uma grande alegria triste. Aqueles momentos não serão os mesmos, mas a família continuará a se reunir, enaltecer a grande felicidade de natais especialmente encantadores e maravilhosos que meus pais proporcionavam e que podemos lembrar nos reunindo, talvez (quase certo) pela última vez naquele endereço em que eu e a maioria dos meus irmãos nascemos e vivemos. Com enorme orgulho para agradecer o sentido que eles dois nos deram, de vida.

Lágrimas expressam intensamente o que pode parecer contraditório, choramos de alegria e de tristeza, lágrimas que escorrem alegres/tristes/tristes/alegres.

Imagens do Google - fotoformatação PVeiga

Nenhum comentário: