sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

HUMAITÁ-AM

Hiram Reis e Silva, Humaitá, AM, 27 de dezembro de 2011.

Não é um aquífero, que é uma reserva de água sem movimentação. Nós percebemos movimentação de água, ainda que lenta, pelos sedimentos. (Valiya Mannathal Hamza)

Humaitá-AM - proximidades do Porto

Não conseguimos nenhum tipo de apoio em Humaitá além do prestado pela valorosa Polícia Militar do Estado do Amazonas. Tentamos, em vão, conseguir com os camaradas de infantaria, pernoite gratuito no Hotel de Trânsito da Guarnição, contatamos os irmãos da maçonaria local que da mesma forma não nos estenderam a mão. Não achamos a Professora Doutoranda Elisabeth Tavares Pimentel. Elizabeth é geofísica, coordenadora do curso de Ciências: Matemática e Física do Instituto de Educação, Agricultura e Meio Ambiente da UFAM de Humaitá, AM. Sua tese, sobre o Rio Hamza, apresentada no 12° Congresso Internacional da Sociedade Brasileira de Geofísica, no Rio de Janeiro, orientada pelo Doutor Valiya Mannathal Hamza, aponta para a existência de um rio subterrâneo correndo sob o Rio Amazonas, desde os Andes até o Oceano Atlântico, a uma profundidade que pode chegar aos 4 mil metros.

(http://www.roraimaemfoco.com)

Teria sido um encontro bastante interessante, mas infelizmente, após as diligências realizadas, gentilmente, pelo Tenente Daniel S. Melo da Polícia Militar descobriu-se que ela se encontrava na cidade do Rio de Janeiro e que sua residência, em Humaitá, fora assaltada. A diligência que tinha como objetivo agendar uma entrevista com a pesquisadora evoluiu para uma ocorrência policial. Não desistimos, porém, e deixamos com o Tenente Daniel S. Melo nosso contato caso ela venha a nos conceder uma entrevista virtual.

HUMAITÁ-AM. A hidrovia do Madeira é atualmente uma das mais importantes do país – por ela passam as balsas graneleiras que dão escoamento à produção de grãos do Centro Oeste brasileiro e de Rondônia para Itacoatiara e Belém e de lá, para o comércio exterior

Novamente minha rota se entrelaça com a do amigo José Holanda, de Itacoatiara, AM. No Porto do Caçote, ancorado no Flutuante Vovó Abigail, se encontrava sua lancha “Rosa Holanda” e sua simpática tripulação, Comandante Elizeu dos Santos Gonçalves, Marinheiro Fluvial de Convés (MFC) e o maquinista Khryslley Márcio Fonseca de Souza, Marinheiro Fluvial de Máquinas (MFM). Márcio mostrou a mangueira que deixara vazar aproximadamente 600 litros de combustível na viagem de Santarém (20.12) para Humaitá (22.12) em que conduziam Soldados do 8° Batalhão de Engenharia de Construção (8° BEC). Aproveitei a segunda e terça-feira para curar meu resfriado, colocar em dia o material coletado em Porto Velho, conhecer a cidade e adquirir fontes de consulta de escritores locais.

O Grande Arquiteto do Universo resolveu, através de verdadeiros maçons, me animar um pouco. A falta de apoio, a frustração dos objetivos propostos para esta etapa da viagem e a saúde abalada por um forte resfriado resultado de navegação contínua de quase seis horas debaixo de chuva foram amenizados pelas gentis palavras de um Irmão encaminhadas pelo mano Carlos Afonso Urnau Athanasio.

Tenho recebido as contadas caminhadas do Coronel Hiram Silva Reis. É um braço heróico deste desprezado Brasil de todos nós e que poucos, muito poucos, com artifícios ou por distração ou mesmo por incompetência nossa e esperteza deles, se adonaram desta bendita terra de Santa Cruz. Precisamos de homens valorosos como este Coronel Hiram, para defender cada palmo desta Terra Santa, que nos foi legada, porque este país, no dizer psicográfico de Chico Xavier, será, sem dúvida, o Coração do Mundo, o Berço da Paz e a Pátria do Universo. Que assim seja.

- Livro

O livro “Desafiando o Rio–Mar – Descendo o Solimões” está sendo comercializado, em Porto Alegre, na Livraria EDIPUCRS – PUCRS, na rede da Livraria Cultura (http://www.livrariacultura.com.br) e na Livraria Dinamic – Colégio Militar de Porto Alegre.

Para visualizar, parcialmente, o livro acesse o link:

http://books.google.com.br/books?id=6UV4DpCy_VYC&printsec=frontcover#v=onepage&q&f=false.

Coronel de Engenharia Hiram Reis e Silva

Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA); Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS); Vice- Presidente da Academia de História Militar Terrestre do Brasil - RS (AHIMTB - RS); Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS); Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional.

E-mail: hiramrs@terra.com.br

Site: http://www.amazoniaenossaselva.com.br

Blog: http://www.desafiandooriomar.blogspot.com

AOS MEUS AMIGOS, COM CARINHO!

NÃO VOU LHE DESEJAR
UM FELIZ ANO NOVO.

Não vou desejar que nesse ano encontre paz e felicidade permanentes.

Não vou desejar que supere todas as suas metas e vença todos os desafios,

encontre alegria no amor, fique rico e seja sempre a pessoa

mais linda e simpática do planeta (mas vou desejar saúde.

Porque com saúde não se brinca).


Não vou desejar que 2012 seja o melhor ano de todos os anos de sua vida.

365 dias é muito pouco para todas as conquistas, todos os desafios e tudo o mais que deseja fazer, ser e ter.

Esse ano, quero desejar outra coisa.

Desejo que se lembre de todas as conquistas que teve.

Que olhe para trás e veja tudo o que foi aprendido,

se lembre de todas as pessoas que apoiaram e quem você foi em todas essas situações.

Que determine a vida que quer levar.

De repente não é a que está levando agora, a que seus pais querem que leve.

Ou seu amor.

Ou seus amigos.

Ou sua comunidade.

Pare e pense na vida que você quer ter.

Escolha as pessoas que lhe acompanharão.

Aquelas que agregam, que lhe dão apoio em todos os momentos.

Escolha as que quer
ao seu lado e querem estar ao seu lado.

Descubra o que lhe dá prazer e trabalhe
para que seja constante em seu dia-a-dia.
Faça o que você ama e ame o que faz.


Reconheça as características pessoais que não gosta e aprenda a mudá-las (ou aceitá-las).

Você pode ser uma pessoa melhor todos os dias. Por que quem você quer ser já está dentro de você.

Então, procure. Insista e não desista.

Sim, um ano inteiro é muito pouco para tantos desejos.

Então, vamos lá. Procure dentro de você a força que precisa.

Suspire fundo.

Comece. Agora.

Sua vida está esperando.

Feliz vida para você.



quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

CHEETAH - UMA DAS ESTRELAS DOS FILMES DE TARZAN MORREU

O chimpanzé Chita, célebre coadjuvante de Johnny Weissmuller nos filmes do Tarzan na década de 1930, morreu dia 24 véspera de Natal na Flórida, com cerca de 80 anos - era um dos mais velhos animais da sua espécie.

A Fundação Santuário Primata Suncoast, onde Chita passou sua aposentadoria, disse que o chimpanzé morreu na véspera de Natal, de insuficiência renal.

"Foi com grande tristeza que a comunidade perdeu um querido amigo e familiar em 24 de dezembro de 2001. Chita, astro dos filmes de Tarzan, faleceu após uma falência renal", disse o Santuário em seu site.

Chita fornecia um contraponto cômico às aventuras do herói das selvas. Vários primatas "interpretaram" o personagem ao longo dos anos.

O macaco chegou ao Santuário Suncoast por volta de 1960, depois de viver em uma propriedade de Weissmuller na Flórida, disse a porta-voz Debbie Cobb ao jornal The Tampa Tribune. Segundo ela, Chita apareceu nos filmes de Tarzan em 1932 a 34, e supõe-se que tivesse cerca de 80 anos.

A atriz Mia Farrow, que é filha da também atriz Maureen O'Sullivan - que contracenou com Weissmuller no papel da mocinha Jane - comentou pelo Twitter a morte de Chita: "Minha mãe, a Jane de Tarzan, se referia ao chimpanzé Chita como 'aquele bastado' - dizendo que ele a mordia a cada oportunidade. Chita viveu até os 80".

A expectativa de vida de um chimpanzé na natureza é de 40 a 45 anos, e cerca de dez anos a mais em cativeiro.

Há anos os fãs de Tarzan pleiteiam que o primata seja homenageado com uma estrela na Calçada da Fama, em Hollywood, numa campanha que foi batizada de "Go Cheetah" ("Vai, Chita").

REUTERS

Copiei do Camuflados

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

USINA HIDRELÉTRICA SANTO ANTONIO

Hiram Reis e Silva, Humaitá, AM, 28 de dezembro de 2011.

“Há mais pessoas que desistem do que pessoas que fracassam”. (Henry Ford)

Dando sequência a nossas pesquisas referentes a esta 4ª Fase do Projeto Desafiando o Rio-mar, no dia 19 de dezembro, fomos apresentados ao Jornalista José Carlos de Sá Júnior - Coordenador de Relações Institucionais da Santo Antônio Energia. O primeiro contato, na parte da manhã, na sede da empresa em Porto Velho, não poderia ser mais agradável do que foi, a lucidez, simpatia e inteligência de Sá Junior cativaram a todos que lá estavam. Sá é, sem dúvida, “The Right Man in The Right Place” (O Homem Certo, no Lugar Certo), à tarde tivemos o privilégio de acompanhá-lo em uma visita às instalações da Hidrelétrica.

Aqueles que condenam a construção de Usinas Hidrelétricas na Amazônia Legal se esquecem que é nesta região que se encontra 70% do potencial hidrelétrico ainda não explorado e que as hidrelétricas são a forma mais adequada de se obter energia necessária para garantir o desenvolvimento sustentável do país. Graças a essa nova demanda de energia limpa e barata os Estados de Rondônia e Acre viverão, a partir do ano que vem, um novo ciclo econômico sem as limitações impostas pela falta de oferta de energia.

- Construção da Usina Hidrelétrica de Santo Antônio (19.12.2011)

Fonte: Santo Antônio Energia e José Carlos de Sá Júnior

O Projeto de construção da Usina Hidrelétrica de Santo Antônio começou a ser desenvolvido em 2001, com a realização de estudos geológicos e de engenharia pelo consórcio Furnas-Odebrecht, para identificar o lugar mais apropriado para sua instalação, bem como a tecnologia de geração de energia mais indicada para o Rio Madeira e de menor impacto para as comunidades ribeirinhas e a biodiversidade amazônica. Santo Antônio será uma hidrelétrica com baixo impacto ambiental, considerando a relação entre a capacidade instalada e as dimensões do reservatório, passando a ser um marco na história de produção de energia por meios hídricos no país. A área do reservatório, de 271 km2, incluiu a calha natural do rio que é de 164 km2, e devemos considerar, ainda, que dos 107 km2 restantes, grande parte se constituía em regiões de várzea inundadas no período das cheias.

Neste ano ainda deve entrar em operação a primeira das oito turbinas do primeiro grupo de casas de força.

(José Carlos de Sá Júnior)

A construção teve início no trecho do rio que vai da margem direita à Ilha do Presídio no Rio Madeira, em Porto Velho - RO, em setembro de 2008, que foi isolado com a construção de ensecadeiras (aterros temporários para manter seco o leito do Rio a ser trabalhado). Nesta área teve início o trabalho de escavação em rocha que hoje abriga o primeiro dos quatro grupos de casas de força da Usina. Neste segmento da UHE, a primeira unidade geradora com oito de suas 44 turbinas do tipo bulbo, antecipando o cronograma em cinco meses, vai começar a operar em dezembro de 2011.

Curiosamente ao se construir uma das ensecadeiras verificou-se que sob as ciclópicas rochas, que se apresentavam aos olhos admirados daqueles que tiveram a oportunidade de conhecer a cachoeira no passado, se escondiam cotas negativas de seis metros abaixo do nível do mar só descobertas graças ao trabalho desenvolvido pelos engenheiros da Santo Antônio.

Santo Antônio será uma das quatro maiores usinas hidrelétricas do país, com capacidade instalada de 3.150,4 MW (2.218 MW de geração assegurada), energia suficiente pra abastecer cerca de 40 milhões de pessoas. Infelizmente, os “Talibãs Verdes” teimam em criticar esta diferença de valores mostrando sua ignorância em relação ao regime de águas da bacia amazônica e ao projeto de uma hidrelétrica que prima pela produção de energia limpa com a diminuição do uso das poluidoras termelétricas. As turbinas usadas em Santo Antonio trabalham com o processo denominado “fio de água” que aproveitam a alta vazão do Rio Madeira evitando a construção de grandes quedas d’água e consequentemente minorando os impactos ambientais decorrentes. É muito fácil criticar empreendimentos tão necessários ao desenvolvimento e melhoria das condições de vida dos amazônidas e demais brasileiros saboreando uma bebida gelada em ambiente climatizado como fazem os idiotizados “inocentes úteis” cooptados por ONGs que defendem inconfessos interesses estrangeiros.

- Turbinas Bulbo

Fonte: Santo Antônio Energia e José Carlos de Sá Júnior

Grande parte das Hidrelétricas do Brasil usa turbinas que ficam na vertical. Em Santo Antônio serão utilizadas turbinas bulbo que são instaladas na horizontal. As turbinas bulbo trabalham com a força da correnteza, ou seja, com o fluxo d’água, e não com a altura de sua queda. Justamente por isso não há necessidade de barragens muito altas nem de grandes reservatórios. Isso quer dizer menor área alagada, menor impacto ambiental e uma maior quantidade de energia gerada. O Índice de 0,09, que representa a relação entre a área do reservatório e a potência produzida de Santo Antônio é um dos menores do país.

- Sistema de Transposição de Peixes

Fonte: Santo Antônio Energia e José Carlos de Sá Júnior

O fantástico comentou recentemente, em tom de crítica, que o sistema de transposição de peixes adotado em Santo Antônio vai selecionar o tipo de peixe que vai subir o rio. O sistema foi criado atendendo orientações do IBAMA justamente para que não seja alterado o ecossistema a montante da usina.

(José Carlos de Sá Júnior)

Anualmente, os peixes nadam contra a corrente procurando locais mais adequados e seguros para reprodução. Esta construção, localizada na margem esquerda do rio e na ilha do Presídio, garantirá que os peixes não tenham seu ciclo de vida alterado. A velocidade das águas e a inclinação do sistema foram cuidadosamente planejados de maneira a impedir que as espécies que antes da construção não tinham acesso as águas a montante da cachoeira, não consigam fazê-lo agora. A piracema se dá durante todo o ano e hoje algumas espécies já estão subindo naturalmente o rio através desse sistema.

- Interceptor de troncos

Fonte: Santo Antônio Energia e José Carlos de Sá Júnior

A idéia inicial era deslocar toda a madeira para uma curva do rio de onde seria retirada. Em virtude da quantidade do material coletado não seria possível estocá-lo e se pensou em dar-lhe um aproveitamento industrial. (José Carlos de Sá Júnior)

Na UHE Santo Antônio será colocado um sistema de bóias em forma de funil que conduzirão os troncos para três vertedouros de 20m de largura que serão abertos de tempo em tempo para sua passagem. A empresa chegou a arquitetar um projeto que aproveitasse o material coletado impedindo que o mesmo continuasse a prejudicar a navegação no rio Madeira, a jusante da usina. O IBAMA, mais preocupado com microorganismos do que com a vida dos ribeirinhos ceifada constantemente por estes obstáculos flutuantes embargou o projeto. Somente aqueles que já navegaram pelo Madeira conhecessem o perigo que representam estas enormes armadilhas flutuantes. Recentemente a ponte da BR 319, em construção próxima a Porto Velho, teve seu pilar levado pela torrente em virtude do acúmulo de troncos, se ela já estivesse em operação inúmeras vidas teriam se extinguido, mas para o IBAMA isto não é importante. Será que o IBAMA é capaz de explicar sua absurda lógica aos familiares daqueles que perderam seus entes queridos, vítimas dos maravilhosos troncos cuja superfície é pródiga em microorganismos que precisam a qualquer custo serem preservados?

- Curiosidades

Fonte: Santo Antônio Energia e José Carlos de Sá Júnior

§ Será a sexta maior do Brasil em potência instalada (atrás de Itaipu, Tucuruí, Ilha Solteira, Jirau e Xingó), e a terceira em energia assegurada;

§ Sua geração será suficiente para suprir a necessidade de 44 milhões de brasileiros, o que equivale a quatro vezes a população da cidade de São Paulo;

§ As 44 turbinas bulbo da usina hidrelétrica são consideradas as maiores do mundo com essa tecnologia;

§ A quantidade de ferro usado na construção da usina (138 mil toneladas) daria para construir 18 torres Eiffel;

§ A construção de Santo Antônio irá consumir cimento suficiente para erguer 37 estádios do Maracanã.

- Livro

O livro “Desafiando o Rio–Mar – Descendo o Solimões” está sendo comercializado, em Porto Alegre, na Livraria EDIPUCRS – PUCRS, na rede da Livraria Cultura (http://www.livrariacultura.com.br) e na Livraria Dinamic – Colégio Militar de Porto Alegre.

Para visualizar, parcialmente, o livro acesse o link:

http://books.google.com.br/books?id=6UV4DpCy_VYC&printsec=frontcover#v=onepage&q&f=false.

Coronel de Engenharia Hiram Reis e Silva

Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA); Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS); Vice- Presidente da Academia de História Militar Terrestre do Brasil - RS (AHIMTB - RS); Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS); Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional.

Site: http://www.amazoniaenossaselva.com.br

E-mail: hiramrs@terra.com.br

Blog: http://www.desafiandooriomar.blogspot.com

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

JESUS É SOCIALISTA?

JULIO SEVERO (22 de dezembro de 2011)

Thomas Ice

Quando é feita a pergunta: “Jesus é socialista?” a resposta clara é: “Não, evidentemente!” A afirmação de que Jesus era socialista foi recentemente feita no Washington Post, por Gregory Paul, que tenta argumentar em favor de um socialismo ordenado biblicamente a partir dos primeiros capítulos de Atos.[1] As afirmações de Paul não têm nada de novo e provavelmente surgiram de um debate abrangente que está sendo travado nos EUA em relação a socialismo versus mercados livres. O presidente Obama e seu grupo querem o socialismo, enquanto o restante da nação quer se mover para longe do controle governamental da economia.

O que é socialismo?

Precisamos primeiramente iniciar este exame com uma definição exata de socialismo. The Oxford English Dictionary define socialismo como “uma teoria política e econômica de organização social que defende que os meios de produção, distribuição e troca devem ser de posse da comunidade como um todo e regulados por ela”.[2] O fato de ser uma teoria política e econômica sempre significa que, na realidade, o governo possui ou regula a economia. Quando o governo regula, mas não possui os meios de produção, isso é chamado de fascismo, como na Alemanha nazista. Quando o governo possui e controla os meios de produção, isso é chamado de comunismo, como na antiga União Soviética. As duas versões se encaixam na idéia mais ampla de socialismo.

Onde é que a Bíblia fala sobre uma teoria política e econômica? De acordo com Gregory Paul, a idéia é abordada nos primeiros capítulos de Atos. Paul diz que Atos 2 e 4 mostram o socialismo:

Bem, amigos, esta é uma afirmação direta do socialismo do tipo descrito milênios mais tarde por Marx, que provavelmente obteve a idéia geral a partir dos evangelhos.[3]

Paul também declara que “a Bíblia contém a primeira descrição de socialismo da história”. Não satisfeito por ter massacrado a Palavra de Deus em Atos 2 e 4, Paul segue adiante para Atos 5, dizendo:

O capítulo 5 detalha a ocasião em que um membro da igreja não entrega toda a sua propriedade à igreja e “cai morto”. Mais tarde, quando sua mulher fez o mesmo, “cai morta”.[4]

E Paul ainda continua com suas barbaridades:

Prezados leitores, isto não se parece com uma forma de comunismo imposta pelo terror por um Deus que acha que os cristãos que não se juntam à coletividade merecem morrer? Não apenas o socialismo é uma invenção cristã, mas também sua variação extrema, o comunismo. A afirmação de muitos cristãos, de que Cristo odeia o socialismo, não é verdadeira, uma vez que nenhuma descrição explícita do capitalismo pode ser encontrada na Bíblia – o que não é surpresa, já que o capitalismo ainda não havia se desenvolvido.[5]

Propriedades privadas em Atos

Não existe sequer uma sombra de socialismo no livro de Atos pelos seguintes motivos: primeiro, se o socialismo estivesse em Atos, não poderia ter havido nenhuma propriedade privada porque a posse de todas as propriedades pelo governo está no coração do socialismo. Onde é que, em Atos, o governo estava envolvido, exceto na tentativa de suprimir a pregação do Evangelho? Não eram funcionários do governo que estavam tratando com a Igreja Primitiva; eram os Apóstolos. Visto que o Deus do Antigo Testamento é o mesmo do Novo Testamento, deve haver continuidade em qualquer que seja o assunto. Wayne Grudem observa: “A Bíblia pressupõe e reforça um sistema no qual as propriedades pertencem aos indivíduos, não ao governo ou à sociedade como um todo”.[6] Mais adiante, Grudem observa que o direito à propriedade privada está pressuposto no oitavo e no décimo mandamentos e por toda a Lei dada por meio de Moisés. Como alguém poderia roubar ou cobiçar as posses de seu próximo se não houvesse propriedades pessoais? No livro de Atos, como seria possível que alguém vendesse suas propriedades pessoais e desse o dinheiro aos Apóstolos se não houvesse propriedades individuais? Se não existissem propriedades pessoais, então o governo possuiria tudo e as pessoas não teriam propriedades para vender. Se os Apóstolos eram de alguma forma os cabeças de um ajuntamento comunitário, então eles é que teriam tido controle sobre as propriedades de todos os demais e não os indivíduos que venderam suas propriedades.

Segundo, Paul argumenta em favor do socialismo baseado na afirmação que está em Atos 2.44-45: “Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum. Vendiam suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade”. Como é que isto, de alguma maneira, modo ou forma, apóia o socialismo? O contexto é claro: por causa da fé comum que esses convertidos tinham em Cristo (ver versículos 41-43), eles estavam unidos em seu objetivo de espalhar a nova fé entre outros. Entretanto, sabemos, a partir do contexto anterior (At 2.5-11) que muitos dos novos convertidos estavam visitando Jerusalém, vindos de muitos outros países. Portanto, a fim de proporcionar apoio para as necessidades físicas dos que eram de outras localidades enquanto estes estavam sendo instruídos na nova fé, o grupo todo cooperava para ajudar a pagar pelas necessidades deles. A afirmação de que os crentes “tinham tudo em comum” significa que muitos deram suas propriedades privadas para a causa de sustentar a nova congregação. Essa afirmativa demonstra o fruto do Espírito em operação na vida deles, de forma que davam espontaneamente de suas riquezas materiais da mesma forma que hoje fazem muitos cristãos com suas propriedades pessoais.

Terceiro, Paul diz que o motivo pelo qual Ananias e Safira foram mortos pelo Espírito Santo em Atos 5 foi que eles se recusaram a entregar o preço de toda a sua propriedade às autoridades porque a comunidade deveria possuir tudo. Tal visão, à luz do contexto, é ridícula! Paul ignora o versículo 4, no qual Pedro diz ao casal: “Conservando-o, porventura, não seria teu? E, vendido, não estaria em teu poder?” Tais palavras ditas por Pedro não dão suporte à noção de Paul de que Ananias e Safira foram mortos por não serem bons socialistas. Pelo contrário, o que Pedro diz se encaixa perfeitamente com o ponto de vista do restante da Bíblia, de que o campo do casal era propriedade do casal. Bem como o dinheiro recebido da venda de sua terra. O problema foi que eles mentiram sobre a quantia que estavam doando à Igreja Primitiva. Ananias e Safira fizeram com que parecesse que eles haviam ofertado todo o valor obtido com a venda de sua propriedade, quando, na verdade, haviam ficado com parte do dinheiro para eles mesmos. Tal enganação não era fruto do Espírito Santo, e o Senhor demonstrou logo que, de fato, o Espírito de Deus estava no meio deles porque apenas Ananias e Safira sabiam que estavam mentindo aos Apóstolos.

O que Jesus faria?

A afirmação de que Jesus é socialista é uma afirmação inverídica. Essa afirmação e outras semelhantes a ela têm sido feitas comumente por progressistas por, pelo menos, os últimos cento e cinqüenta anos. Os progressistas não acreditam que a Bíblia é a Palavra de Deus inspirada e infalível e, portanto, tentam tomar partes da narrativa do Novo Testamento (Mateus, Marcos, Lucas, João e Atos) e manipular o significado desses textos a fim de defender suas idéias pré-concebidas. Aparentemente eles acham que tal abordagem atrairá aqueles que estão dentro da Igreja que, de outra forma, não estariam abertos a seus pontos de vista. Portanto, quando Jesus faz afirmações sobre os pobres e contra os ricos, eles não conseguem perceber através do contexto qual era a intenção de Jesus. Em vez disso, apelam para sua noção socialista de luta de classes como se os pobres e os ricos não fossem igualmente pecadores e não necessitassem ambos da graciosa provisão de Cristo.

Atualmente, também vemos que muitos dentro do evangelicalismo estão cada vez em maior número adotando visões progressistas (isto é, visões não-bíblicas) a respeito de todas as coisas, especialmente nas áreas políticas e sociais. Os progressistas freqüentemente retiram palavras e frases do contexto das passagens (os progressistas não são os únicos que fazem isto) e as reempacotam dentro da estrutura de suas próprias idéias (isto foi demonstrado no artigo de Gregory Paul). Eles freqüentemente tentam se opor a Jesus através de outras partes da Bíblia, pintando uma figura de Jesus que a Bíblia não apóia. Depois, eles fazem perguntas sobre esse Jesus ridículo, por exemplo: “Que carro Jesus dirigiria?” Eles têm certeza de que não seria uma SUV. O mesmo acontece quando tentam fazer de Jesus um líder do socialismo. Adoram pegar palavras da Bíblia, como “justiça”. Eles a reempacotam com seus padrões de justiça em vez de usarem o padrão de justiça de Deus, ao qual não dão à mínima. Bem, Jesus faria o que a Bíblia diz que Ele faria e o fará no futuro. Parece não haver a menor preocupação com o que Jesus fará em Sua segunda vinda.

Conclusão

Por isso há inúmeros entre os que são chamados “evangélicos” que são defensores do socialismo, como Jim Wallis, dosSojourners, Brian McLaren, Ron Sider e Tony Campolo, para falar apenas de uns poucos. Essas idéias estão sendo semeadas gradativamente nas denominadas faculdades e universidades “evangélicas” como sendo questões “de justiça social”. Independentemente do que essas idéias possam ser ou de onde elas vêm, uma coisa é certa: a Palavra de Deus não é a fonte delas. De fato, as fontes de tais idéias são claramente satânicas. De acordo com a profecia bíblica, o mundo está sendo preparado para um tempo em que o socialismo realmente virá a dominar sob o governo do Anticristo. Dessa forma, não é Jesus que é socialista; mas será o Anticristo que posará como “anjo de luz” a fim de usar o socialismo como veículo para fazer surgir temporariamente um período no qual o governo tentará possuir todos os bens dos homens, inclusive seus corações. Não, Jesus não é, nem nunca foi e também jamais será socialista. A Bíblia nos diz que Jesus usará toda a eternidade derramando Suas bênçãos ilimitadas e riquezas sobre os crentes. Maranata! (Pre-Trib Perspectives)

Thomas Ice é diretor-executivo do Pre-Trib Research Center em Lynchburg, VA (EUA). Ele é autor de muitos livros e um dos editores da Bíblia de Estudo Profética.

Notas:

1. Gregory Paul, “From Jesus’ Socialism to Capitalistic Christianity” [Do Socialismo de Jesus ao Cristianismo Capitalista], The Washington Post (12 de agosto de 2011).
2. Soanes, C., & Stevenson, A. (2004). Concise Oxford English Dictionary [Dicionário Conciso de Inglês Oxford] (11ª ed.). Oxford: Oxford University Press, s. v. “socialism”.
3. Paul, “From Jesus’ Socialism”.
4. Paul, “From Jesus’ Socialism”.
5. Paul, “From Jesus’ Socialism”.
6. Wayne Grudem, Politics According to the Bible: A Comprehensive Resource for Understanding Modern Political Issues in Light of Scripture [A Política de Acordo com a Bíblia: Um Recurso Extensivo para o Entendimento das
Modernas Questões Políticas à Luz das Escrituras] (Grand Rapids: Zondervan, 2010), p. 262.

Do blog: Cavaleiro do Templo.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

PARTIDA PARA HUMAITÁ-AM

Hiram Reis e Silva, Humaitá, AM, 26 de dezembro de 2011.

“Há mais pessoas que desistem do que pessoas que fracassam”. (Henry Ford)

No dia 20 de dezembro, acompanhado do Comandante 5° Batalhão de Engenharia de Construção (5° BEC) - Batalhão Carlos Aloysio Weber, Tenente-Coronel da Arma de Engenharia Moacir Rangel Junior, fizemos uma visita ao General-de-Brigada Ubiratan Poty, Comandante da 17ª Brigada de Infantaria de Selva (17ª Bda Inf Sl), sediada em Porto Velho, RO, que entusiasmado com o Projeto Desafiando o Rio-mar, determinou ao seu chefe de Comunicação Social que entrasse em contato com a mídia televisiva de Rondônia para agendar entrevistas conosco.

- Porto Velho, RO (21.12.2011)

As ordens do Gen Poty foram cumpridas a risca e às sete horas, no jornal da manhã, fomos entrevistados nos estúdios da TV Globo. Após a entrevista nos deslocamos imediatamente para o Porto Graneleiro da Hermasa onde estava ancorado nosso Barco de Apoio (Piquiatuba) com os caiaques a bordo.

Porto Graneleiro da Hermasa: a soja que sai do Mato Grosso e Rondônia é transportada via terrestre para o Porto da Hermasa em Porto Velho e descarregada em grandes balsas que descem o Rio Madeira e são armazenadas no Porto Graneleiro da Hermasa de Itacoatiara que exporta mais de dois milhões e quinhentas mil toneladas de soja, por ano. Isso diminui o custo do frete em US$ 30,00 por tonelada e evita o congestionamento da malha viária do Sudeste.

Por volta das nove horas chegaram as equipes da TV Record e SBT que entrevistaram a mim e a meu filho João Paulo e solicitaram tomadas do deslocamento dos caiaques no Rio Madeira. Às 11h30 nos apresentamos nos estúdios da Rede TV e após a entrevista agendamos tomadas no Rio Madeira para as dezessete horas.

O Barco a Motor Piquiatuba do 8° Batalhão de Engenharia de Construção (8° BEC) deslocara-se de Santarém, PA, a Porto Velho, RO, cumprindo sua tradicional missão de transporte de tropa e abastecimento para os destacamentos da Engenharia Militar. Voluntariamente, apesar de ser um período de festas, a tripulação, formada pela equipe do Grupo Fluvial do 8° BEC, Soldados Mário Elder Guimarães Marinho (Comandante do B/M), Walter Vieira Lopes (Sub-comandante do B/M), Edielson Rebelo Figueiredo (Chefe da Casa de Máquinas) e Marçal Washington Barbosa Santos (cozinheiro), nosso bom Gourmet, se prontificaram a nos acompanhar neste período em que a embarcação não tinha nenhuma outra missão agendada.

- Partida do Porto da Hermasa - Porto Velho, RO (22.12.2011)

A TV Globo tinha marcado conosco uma entrevista, antes da largada, para as 06h30 no Porto da Hermasa e arredores. Só conseguimos partir para nossa primeira jornada às 08h30, três horas além de minha programação original. Teríamos, fatalmente, de enfrentar, no primeiro dia, a canícula amazônica no período da tarde. Parti, preocupado, já que era a primeira vez que meu filho surfista me acompanhava em uma jornada desta natureza e este não era seu esporte favorito. A postura no caiaque, a necessidade de se remar em torno de seis a sete horas por dia eram desafios que ele teria de vencer no primeiro dia acrescido do calor vespertino.

Depois da primeira curva à direita, no Rio Madeira, a presença das dragas de garimpeiros, em busca de ouro, se tornou uma constante, alguns conjuntos formavam horrendas Vilas onde a promiscuidade e a falta de cuidado com o meio-ambiente era a tônica. Lembrei-me da preocupação do IBAMA em proteger os microorganismos que, segundo eles, infestam os perigosos troncos que descem o Rio Madeira e ameaçam a vida dos ribeirinhos enquanto o uso indiscriminado do mercúrio nas dragas não sofre qualquer tipo de controle. Paramos em um banco de areia, para descansar depois de remar quinze quilômetros, onde encontramos duas mulheres contratadas pelos garimpeiros, uma delas se encantou com as tatuagens do João Paulo. Durante esta breve parada passou, no talvegue do Rio Madeira, uma garça branca graciosamente surfando um pequeno tronco de madeira.

Talvegue: canal do rio onde a velocidade da correnteza é maior.

Na segunda parada, próximo à Ilha dos Mutuns, já por volta das treze horas, percebi que meu filho começava a sofrer com o calor amazônico. Contatei o pessoal de apoio e disse que deveríamos achar um local de parada antes das quinze horas, o que foi feito. Paramos próximo à Comunidade Aliança, seis quilômetros a montante do local planejado que teria sido alcançado com folga se tivéssemos saído às 5h30. À tarde, já devidamente embarcados, o João Paulo teve seu primeiro contato com os famosos banzeiros amazônicos.

À noite fomos assaltados por um enxame de pequenos percevejos, tivemos que apagar todas as luzes deixando aceso apenas o farolete de popa onde se amontoou uma pululante e disforme massa marrom de centenas desses pequenos insetos que eram varridos periodicamente pelo João Paulo.

- Partida da Comunidade Aliança, RO (23.12.2011)

Pontualmente às 5h30 partimos para nossa nova jornada. Fizemos a primeira parada, estrategicamente, na foz do Jamari para abastecer o Piquiatuba de água limpa para poder lavar nossas roupas e tomar um banho decente. Fizemos a segunda parada próxima à Ilha das Curicacas e informamos ao pessoal de apoio que o local de parada, próximo a Comunidade Boa Hora, seria por volta das 11h30. Foram sessenta quilômetros percorridos e o meu parceiro surfista se portou com muita tranquilidade embora a canoagem não seja a “sua praia”. O João Paulo e a tripulação foram convidados, por jovens da Comunidade, para um jogo de futebol na lama enquanto eu permanecia a bordo digitando o material que seria postado em Humaitá, AM. Ao entardecer enxames de carapanãs nos atacaram esgotando nosso estoque de repelente. Recolhemo-nos cedo para fugir do ataque impiedoso dos mosquitos.

- Partida da Comunidade Boa Hora, RO (24.12.2011)

Partimos à 5h30 para nossa nova jornada e fizemos nossa primeira parada num enorme banco de areia, à jusante da Ilha Botafogo onde os piuns faziam a festa. Como nos dias anteriores nenhum sinal de chuva e um sol causticante.

O Mário e o Marçal vieram até nós com um refrigerante gelado que foi degustado com imensa satisfação. Perguntei ao meu filho se ele estava em condições de alongar o trajeto em mais ou menos dezessete quilômetros para atingirmos a foz do Rio Ji-paraná (também conhecido como Machado), ele aquiesceu. A fotografia aérea, do Google Earth, dava a entender que suas águas eram melhores que as do Madeira, ledo engano. Fizemos uma última parada próximo à Ilha Assunção e partimos num ritmo forte para o novo objetivo. Aportamos pouco depois do meio-dia depois de percorrer setenta quilômetros em sete horas incluindo as paradas. À tarde o João Paulo e a tripulação foram até a Comunidade de Calama adquirir alguns itens para complementar nossa dispensa e a noite participaram dos festejos pagãos na última cidade de Rondônia só retornando às três horas da manhã.

Colonizadora Calama S.A.: a ocupação sistemática do território de Rondônia iniciou-se no final da década de 60, com a colonização particular da Colonizadora Calama S.A.

- Partida para Humaitá, AM (25.12.2011)

Acordei às 4h30 e parti, exatamente às cinco horas, sem meu parceiro tresnoitado. Havia decidido partir cedo para evitar a canícula da tarde já que a jornada seria de mais de sessenta quilômetros. Parece que São Pedro quis fazer uma brincadeirinha e a chuva amazônica se estendeu desde minha saída até a chegada às 11h45. Como ainda era noite coloquei minha lanterna de cabeça e percorri a foz do Ji-paraná com certa cautela. A quantidade de peixes atraídos pela luz que saltava sobre o caiaque batiam no casco, no convés ou em meu corpo me impressionou, se o caiaque fosse aberto a refeição para uns dois dias estaria garantida. Ainda era noite quando adentrei no Estado do Amazonas. Como a chuva fria não dava trégua e decidi não parar e tocar direto até Humaitá, afinal eu já adotara tal procedimento no Rio Solimões navegando, sem parar, 108 quilômetros de Anamã a Manacapuru. Em Humaitá acostei no Piquiatuba que já estava ancorado no Porto Hidroviário de Humaitá. Os fiscais portuários autorizaram nossa permanência temporária naquele local até as 22 horas. A jornada terminara e a chuva amainou e o sol finalmente apareceu.

- Humaitá, AM (25.12.2011)

Disquei o 190 e mais uma vez a valorosa Polícia Militar do Estado do Amazonas se prontificou em nos apoiar. O Tenente PM Daniel Melo nos levou até o Quartel do 54° Batalhão de Infantaria de Selva (54° BIS), Batalhão Cacique Ajuricaba, numa infrutífera tentativa de nos acomodar no Hotel de Trânsito da Guarnição gratuitamente. Ao retornarmos ao Piquiatuba o mesmo já fora transferido para o Porto do Caçote onde encontramos, também, a lancha do amigo José Holanda de Itacoatiara, decidi passar a noite embarcado. O Tenente PM Daniel Melo prometeu realizar uma diligência para tentar achar a pesquisadora Elisabeth Tavares Pimentel cuja tese revolucionária defende a existência do Rio Hamza.

- Livro

O livro “Desafiando o Rio–Mar – Descendo o Solimões” está sendo comercializado, em Porto Alegre, na Livraria EDIPUCRS – PUCRS, na rede da Livraria Cultura (http://www.livrariacultura.com.br) e na Livraria Dinamic – Colégio Militar de Porto Alegre.

Para visualizar, parcialmente, o livro acesse o link:

http://books.google.com.br/books?id=6UV4DpCy_VYC&printsec=frontcover#v=onepage&q&f=false.

Coronel de Engenharia Hiram Reis e Silva

Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA); Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS); Vice- Presidente da Academia de História Militar Terrestre do Brasil - RS (AHIMTB - RS); Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS); Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional.

Site: http://www.amazoniaenossaselva.com.br

E-mail: hiramrs@terra.com.br

Blog: http://www.desafiandooriomar.blogspot.com

sábado, 24 de dezembro de 2011

OS INFAMANTES TRÊS PODERES

*Por Valmir Fonseca

Montesquieu elaborou uma teoria política em sua obra mais famosa, “O Espírito das Leis” (L'Esprit des Lois, 1748), que se tornou a fonte das doutrinas constitucionais liberais.

Num frágil tripé, o filósofo estabeleceu o sonhado equilíbrio baseado na separação dos três Poderes.

O Executivo, responsável pela administração do território; o Legislativo, pela elaboração das leis e representado pelas Câmaras de parlamentares; o Judiciário pela fiscalização do cumprimento das leis e exercido por juízes e magistrados.

Para muitos a fragilidade do periclitante tripé apontava a necessidade de um quarto suporte, seria o Poder Moderador. Como não interessava aos outros três, ficaram apenas eles.

Partiu - se da premissa, que por sua independência, se por ilicitudes dois se juntassem, o terceiro evitaria os abusos e, se um extrapolasse, os outros cortariam as suas asinhas.

Nesta titubeante estabilidade, o Ocidente vai indo, e às vezes tropeça, mas se apruma, e segue em frente, inclusive em nossas plagas, até o PT descobrir o Brasil.

Obviamente, a possibilidade de manipulação e os interesses imediatos que cercam o Executivo e o Legislativo, tornam aqueles poderes mais suscetíveis às injunções e aos interesses nem sempre honestos.

Aqui, preexiste, atualmente, um acordo tácito apoiado na ideologia lulo-petista, com o Executivo pairando sobre os demais, aliciando por maiorias ou por nomeações os outros dois, e prosseguindo impoluto rumo à tiranização do poder, com os seus coirmãos fazendo vista grossa e, por vezes, atuando decisivamente para a sua concretização.

Em troca, nenhum mexe com o outro. O acordo tem dado certo.


Quanto ao Judiciário, pela alta missão dos seus juízes e magistrados, que prescindem de profundos conhecimentos para o exercício de suas funções, tanto intelectuais como morais, e até filosóficos, deveriam ser imparciais, pois estribam - se na aplicação da justiça.

Porem, impossível evitar a contaminação. No reino da patifaria, do levar vantagem, do abocanhar o que é meu, do eu também quero, a proliferação da canalhice é um fato berrante.

Portanto, neste pernicioso contexto, nada a estranhar quando surgem inquestionáveis indícios sobre a corrupção e a parcialidade de diversos agentes do Poder Judiciário.

Durante algum tempo, o Judiciário limitou-se a cumprir ordens, a atender aos mais esdrúxulos pedidos, em especial do Executivo, mas, lentamente, com desenxabidas justificativas foi se desviando do que deveria ser uma conduta ilibada, e de uma imparcialidade que sublinharia a sua obediência aos ditames das leis.

As recentes e estapafúrdias decisões das mais altas cortes de justiça nacionais foram de tal monta que causaram espanto aos letrados no espírito das leis, e nos leigos e iletrados, apoiados no simplório bom senso.

Pelo mau cheiro espalhado pelo País, era evidente que havia algo de podre no reino da justiça.

Eis que, os nobres magistrados, cansados de serem patifes pelos outros e sabedores que eram a própria espada da lei, decidiram por fundamentadas razões, arrancar o seu quinhão, pois o Brasil é de todos e, quem pode, pode, quem não pode se sacode.

Daí, não foi preciso muita chafurdação da imprensa investigativa para aflorar um verdadeiro dilúvio de desmandos, vergonhosos cambalachos e corrupções envolvendo juízes e magistrados.

Parece que o modo petista de ser espalhou - se como um vírus e conspurcou os demais poderes, e o Judiciário como o Legislativo tornou - se mais um paciente terminal. Ou seja, terminou por perder a sua imunização contra o vírus da imoralidade.

Neste ritmo de Sodoma e Gomorra, é fechar o País e jogar a chave fora, ou esperar sentado a ira do Divino.

* Valmir Fonseca Azevedo Pereira, Presidente do Ternuma, é General de Brigada Reformado.

Artigo no AlertaTotal – Imagem do Google – fotoformatação PVeiga

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

SOBERANO SINGULAR

Durante milênios Ele foi aguardado. Falava-se de um soberano poderoso, governador das estrelas. Um Ser, cujo poder abalaria o mundo.

Os homens O idealizaram coberto de riquezas, rodeado de servos.

Imaginaram que Seu nascimento seria noticiado a todos os poderosos da Terra.

Que haveria sons de trombetas e anúncios bombásticos. Então, Ele chegou. Aguardou um dia em que a cidade regurgitava de estrangeiros e todas as mentes estavam voltadas para as questões das suas próprias existências.

Buscou um lugar mais afastado, longe do burburinho das gentes. Um estábulo. Entre o feno foi-Lhe preparado um improvisado berço. E Ele veio à luz, tendo como testemunhas silenciosas um boi e um burro.

Animais que simbolizam o trabalho e a submissão.

Escolheu por pai um carpinteiro, um homem de índole pacífica e rija têmpera. Por mãe, uma jovem mulher, portadora de peregrinas virtudes e invulgar sabedoria.

Como arauto de Sua chegada teve um coro de vozes celestiais segredando a almas simples, no campo, as notícias alvissareiras: chegara o Rei.

E os pastores, deixando suas ovelhas, foram procurar o menino envolto em panos, conforme lhes falara o celeste mensageiro.

Um nascimento na noite/madrugada. Um menino que dividiria a História da Humanidade, que conquistaria o reino mais difícil de ser encontrado: o coração da criatura humana.

Na fragilidade em que Se exilou, de forma temporária, pacientemente

aguardou que o tempo Lhe fosse propício à semeadura para a qual viera.

Quando o tempo se fez, deixou o lar paterno e foi amealhar Seus seguidores.

A nenhum prometeu valores amoedados ou projeção pessoal.

Ao contrário, falou de abnegação, de perseverança e dedicação.

Alertou que nada deviam esperar do mundo porque Ele próprio não era detentor de uma pedra sequer para repousar Sua cabeça.

Alertou do trabalho incansável a que Ele Se devotava, da mesma forma que o Pai que está nos Céus.

Disse das aflições e das perseguições que padeceriam, simplesmente por segui-lO e divulgar a Sua mensagem.

Veio para servir, jamais desejando para Si qualquer honraria ou deferência.

Encontrou o coração dilacerado de uma mãe viúva, conduzindo o corpo do filho ao túmulo e o restituiu ao materno carinho.

Estendeu convite a um jovem rico de ambições, a uma mulher equivocada, a um cobrador de impostos, a uma vendedora de ilusões.

Consolou os aflitos corações das mulheres que por Ele derramavam lágrimas, no caminho do Calvário.

Entregou-Se em sacrifício, sem nenhuma nota dissonante, e dignificou a morte, aceitando-a em preces ao Pai.

Na data em que Seu nascimento é lembrado, entre cânticos de venturas e mimosas trocas de presentes, nossos corações se erguem, em preces, louvando-Lhe a Celeste presença.

E, com sempre inusitada alegria, reunimos a família em torno da mesa, visitamos os amigos, abraçamos os colegas.

Tudo em nome e em homenagem a um menino, Celeste Menino, vindo das estrelas ao nosso ainda pobre e sofrido planeta de provas e expiações.

Rei solar. Rei dos céus. Pastor das almas. Mestre e Senhor. Nosso Senhor Jesus.

Imagens do Google – fotoformatação PVeiga