quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

MUNICÍPIO DE BORBA-AM

Hiram Reis e Silva, Nova Olinda do Norte, AM, 15 de janeiro de 2012.

Hino de Borba

Originou-se da aldeia de Trocano

Para o povo brasileiro uma conquista

Pelo Frei João Sampaio foi fundada

Do Rio Madeira o mais célebre Catequista.

Borba a nova pioneira Amazonense

Por Mendonça Furtado instalada

És mãe de Monsenhor Coutinho

Borba és forte resistindo a Cabanagem.

Borba! Borba! Borba!

Salve! Os teus séculos de glória!

Salve! Os teus valentes Muras!

Reluzentes na história! (...)

- A Borba Portuguesa

Fonte: Dicionário Enciclopédico das Freguesias

Borba é povoação antiquíssima cuja fundação alguns autores atribuem aos Galo-Celtas. Esteve sob o domínio romano, godo e árabe, sendo conquistada por D. Afonso II em 1217 e povoada pelo mesmo rei. Em 15 de junho de 1302 D. Dinis concedeu-lhe o primeiro Foral, constituindo-se Borba como Conselho e libertando-se do de Estremoz. Teve novo Foral dado por D. Manuel I em 1 de junho de 1512.

Carta Foral: diploma, também designado por Foral, concedido pelo rei ou por um senhor laico ou eclesiástico, a um determinado local, dotando-o de autoridade legítima na regulação da vida coletiva da população.

Foi também D. Dinis quem promoveu o amuramento acastelado da povoação. O castelo dispunha-se em planta quadrilateral e a sua construção obedeceu ao sistema corrente das fortificações similares da região. De grossa alvenaria, tinha amuramento espesso em altura normal, coroado por merlões (intervalos dentados dos parapeitos que guarnecem as muralhas) góticos e de largo adarve (muro de fortaleza) que corria a muralha. O fosso, pouco profundo, desapareceu com a construção do casario que se foi desenvolvendo na face exterior. Pelos inícios do Séc. XVIII, o governo militar da província determinou envolver a Vila por um campo entrincheirado, com fossos, estacaria e estradas cobertas, obra que foi apenas esboçada e de que ainda existiam vestígios em 1766. Do castelo, edificado ou remodelado do Séc. XIII, conserva-se a torre de menagem e duas portas, a de Estremoz e a do Celeiro.

Torre de Menagem: nos castelos portugueses a torre de menagem é mais alta do que as demais, permitindo uma visão ampla dos arredores e do perímetro da muralha. Desta forma os defensores do castelo podiam utilizar o coroamento de ameias no topo da torre de menagem como base de tiro direto com alcance em todo o perímetro do castelo.

Borba foi lugar de muitos acontecimentos notáveis da nossa história. Um dos principais foi o enforcamento do governador do castelo, Rodrigo da Cunha Ferreira, e de mais dois capitães portugueses da guarnição, no verão de 1662, após a invasão vitoriosa do exército de D. João da Áustria. Este terá mandado cometer o atroz ato como vingança pela morte de três capitães, um sargento e 20 soldados das suas forças, além de 50 feridos. A memória dos povos guardou a efeméride na tradição toponímica, com a “Rua dos Enforcados”, que passou depois a chamar-se Rua Direita. Não contente com a sua represália, D. João da Áustria mandou ainda incendiar os Paços do Conselho e o Cartório Municipal, perdendo-se todos os manuscritos antigos da história de Borba.

Em 1383-1385, também Borba se viu envolvida nas campanhas da Independência, com destaque para os acontecimentos transcorridos durante a ocupação dos aliados ingleses do Duque de Lencastre e a cilada de Vila Viçosa, onde perdeu a vida Fernão Pereira, irmão de D. Nuno Álvares Pereira, que fizera Quartel General em Borba e foi seu primeiro donatário, por mercê de D. João I. Em 1483, D. Afonso Henriques, filho de D. Fernando da Trastâmara, senhor de Barbacena, foi amerceado (favorecido) por D. João II com a Alcaidaria de Borba, então confiscada aos duques de Bragança.

Em 1665, Borba esteve ocupada por três regimentos de infantaria e um terço de cavalaria, e a população sofreu novamente o pânico da terrível invasão, que desmoronou no campo de Montes Claros, com a derrota dos exércitos de Filipe IV. Em 1708, o General de artilharia João Furtado de Mendonça, governador da cidade de Elvas, era Comendador de Borba. Em Junho de 1711, a Vila sofreu os incômodos da ocupação militar do General espanhol D. Domingos de Ceo, que impôs à população um elevado imposto de guerra. Durante a Guerra Peninsular levantou-se em Borba um grupo de milicianos que figurou na defesa de Évora, em 29 de Junho de 1808. Pouco depois, entre 1809 e 1811, na Vila se alojou uma Brigada escocesa do exército anglo-luso de Beresford.

- Missão de Trocano

Fonte: Site da Prefeitura de Borba

A Missão de Trocano foi o Berço da cidade de Borba, AM, fundada pelo Jesuíta Português o Padre João Sampaio membro da Companhia de Jesus, quando inicia sua vida missionária na Amazônia com objetivo de reanimar a fé católica e difundir o catolicismo. João Sampaio começou em Canumã e Abacaxis por volta de 1712, mais tarde subiu o Rio Madeira catequizando índios, erigindo casas, igrejas e formando núcleos de povoações.

Fundou a Aldeia de Santo Antonio das Cachoeiras entre o Rio Jamari e a primeira Cachoeira do Madeira. Os superiores do Pará achavam esta Aldeia demasiada longe e exposta aos ataques dos índios selvagens, ordenou que se retirassem dela para mais perto da sede da Capitania, e se estabeleceram no lugar denominado Trocano. Com a mudança, não se viram, porém, livres dos selvagens, que tiveram algumas vezes o atrevimento de investir contra a Aldeia, e para cautela de semelhantes insultos, viviam os missionários em casas entrincheiradas, para nelas se defenderem de alguma invasão.

A Aldeia de Trocano, que era então a mais alta povoação do Rio Madeira, teve apenas 14 ou 15 anos de vida Jesuítica. O Padre Aleixo Antonio trouxe para Aldeia muitos índios do Rio Negro. Pois já tinham boas casas de residência e angariavam-se fundos para a construção de uma igreja.

Pela Carta Régia, de 3 de março de 1755, cria-se a Capitania de São José do Rio Negro, que originou, o Estado do Amazonas. O Governador e Capitão General do Grão Pará e Maranhão, Francisco Xavier de Mendonça Furtado veio pessoalmente a Trocano e foi recebido por Anselmo Eckart, o último missionário da aldeia.

Em 1° de Janeiro de 1756, convocando os índios ao som das trombetas, fez-lhes um oficial da escolta, perito na linguagem tupi, uma prática insinuando-lhes que, para o futuro, viveriam em outros costumes, outra disciplina e outra lei. Em seguida, entraram os selvagens, ajudados por soldados, para fazer uma grande derrubada, e no meio da clareira, em pouco tempo aberta, elevaram a feição de coluna, um tosco madeiro; o pelourinho símbolo das franquias municipais. O Governador Mendonça Furtado inaugurou a Vila de Trocano que nomeou por Borba a Nova. Essa foi, portanto a primeira Vila da recém-criada Capitania do Rio Negro, hoje o estado do Amazonas. Alguns vivas ao soberano, e os tiros de duas peças de artilharia existente na missão, saudaram o levantamento desta a dignidade de Vila.

- Cronologia Histórica da Borba Brasileira

1785 - Borba cultivava e exportava para Belém, café e tabaco.

1833 - os Muras, insuflados pelos Cabanos, invadem a vila à procura dos portugueses ali residentes. A população, sobressaltada, fugiu ao combate, refugiando-se nos arredores da Vila.

No dia 25 de junho, Borba perde a categoria de Vila, passando a Freguesia com o nome de Santo Antonio de Araretama.

1835 - no período de 1835 a 1839, Borba reage e vence os rebeldes Cabanos.

1856 - a Lei Provincial nº 71, de 04 de setembro, transfere a subordinação da Freguesia de Borba do Termo Judiciário de Maués para o de Manaus.

1857 - com a Lei Provincial n° 73, de 10 de dezembro, Borba volta à condição de Vila e, consequentemente, sede do Município.

1858 - com a Lei Provincial n° 92, de 06 de novembro, Borba perde a condição de Vila.

1877 - com a Lei Provincial n° 362, de 04 de julho, Borba volta à condição de Vila e volta a ser sede do Município.

1878 - a Lei n° 386, de 14 de outubro, cria a Comarca do Rio Madeira formada por Borba e Manicoré.

1886 - com a Lei Provincial n° 715, de 28 de abril, Borba perde, novamente, a condição de Vila e, é extinto o Município.

1888 - a Lei Provincial n° 781, de 26 de setembro, é criado, definitivamente, o Município de Borba desmembrado do de Manaus.

1891 - a Lei Provincial n° 14, de 10 de setembro, cria o Termo Judiciário.

1894 - a Lei Estadual n° 65, de 13 de agosto, cria a Comarca de Borba.

1895 - é instalada a Comarca, no dia 13 de março.

1911 - na divisão administrativa o Município se compõe de seis Distritos, que são: Borba, Araras, Alto Aripuanã, Canumã, Abacaxis e Rosarinha.

1913 - é extinta a Comarca, no dia 30 de outubro, subordinando o Termo Judiciário a Manaus.

1916 - a Lei Estadual n° 844, de 14 de fevereiro, restaura a Comarca de Borba.

1921 - a Lei Estadual n° 1.126, de 05 de novembro, extingue a Comarca e a subordina a Manicoré.

1928 - a Lei Estadual n° 1.327, de 02 de outubro, é restaurada definitivamente a Comarca de Borba.

1928 - o Decreto Estadual n° 68, de 31 de março, eleva a sede do Município à categoria de Cidade.

1929 - é reinstalada a Comarca no dia 04 de janeiro.

1933 - o Município é formado por apenas um Distrito.

1938 - o Decreto-Lei Estadual nº 176, de 1° de dezembro, cria os Distritos de Axinim, Canumã, Foz do Aripuanã e Sumaúma; e perde parte de seu território para o Município de Maués.

1955 - com a Lei Estadual n° 96, de 19 de dezembro, Borba perde os Distritos de Foz do Aripuanã e Sumaúma para o Município de Novo Aripuanã e parte do Distrito Sede para o também novo Município de Autazes, adquirindo a configuração atual.

1990 - é aprovada e promulgada a Lei Orgânica de Borba, no dia 31 de março.

1993 - a Lei Municipal n° 255, de 09 de setembro, cria a Bandeira e o Brasão de Borba.

- Aspectos Físicos e Geográficos

A sede do Município está situada na margem direita do rio Madeira, a 150 km em linha reta e 215 km via fluvial da capital do Estado. Limita-se com os municípios de Autazes, Careiro, Beruri, Manaquiri, Nova Olinda do Norte, Apuí, Maués, Manicoré e Novo Aripuanã. As coordenadas cartesianas de Borba são 4°39’21”S e 59°55’01”O.

Área Territorial: 44.259 Km2.

Clima: Tropical chuvoso e úmido.

Temperatura: as temperaturas oscilam, normalmente, entre a máxima de 38°C e mínima de 20°C e a umidade relativa do ar entre 80% e 85%.

Altitude: 30 m acima do nível do mar.

- Economia

Setor Primário

Agricultura: mandioca, arroz, feijão, juta, milho, abacate, banana, laranja e tangerina. A produção é para o abastecimento local e o excedente para municípios vizinhos.

Pecuária: bovinos, suínos, ovinos e caprinos. Atividade relativamente expressiva para o corte e exportação para municípios do estado e intercâmbio com Mato Grosso.

Pesca: com alguma produtividade pra exportação regional.

Extrativismo Vegetal: borracha, gomas, madeira, castanha-do-pará, óleo de copaíba, seringueira (látex), pau-rosa (essências), além de madeira para a indústria da construção e mobiliária. É uma atividade bastante desenvolvida, constituí-se na principal fonte de renda do município.

Setor Secundário

Indústrias: de alimentos, de mobiliário, de borracha (látex), de química, madeireira, de materiais de transporte e de produtos minerais não metálicos.

Setor Terciário

Comércio: varejista, atacadista, prestação de serviço e revenda de criação doméstica.

- Turismo

O Rio Madeira, é o mais importante afluente do Amazonas, cuja margem direita está situada a cidade de Borba. Era chamado antigamente pelos naturais – Caiary – rio branco, em homenagem as suas águas de cor leitosa. É mais largo e o mais baixo afluente do Amazonas, sendo, portanto, considerado uma atração turística.

- Riquezas Naturais

A flora constitui importante riqueza do município destacando-se a castanha-do-Brasil e a seringueira, além do pau-rosa e a copaíba. O Município é rico em minérios como: ferro, manganês, mica, ouro e mercúrio.

- Eventos Culturais

O mês de junho no município de Borba é dedicado às comemorações tradicionais, do padroeiro da paróquia, Santo Antônio.

- Aniversário do Município (01 de janeiro)

- Carnaval na Avenida (24 a 26 de fevereiro)

- Encontro Cultura com Participação Indígena (19 de abril)

- Festa do Jaraqui (18 a 20 de maio)

- Festejos de Santo Antônio de Borba (01 a 13 de maio)

- Festas Juninas (29 de julho)

- Festejos de Nossa Senhora das Dores (07 a 16 de setembro)

- Festival de Música de Borba – FEMUB (03 a 05 de outubro).

- Festejos de Nossa Senhora Imaculada Conceição (30.11 a 08.12)

- Festejo de Santa Luzia (09 a 13 de dezembro).

- Livro

O livro “Desafiando o Rio-Mar – Descendo o Solimões” está sendo comercializado, em Porto Alegre, na Livraria EDIPUCRS – PUCRS, na rede da Livraria Cultura (http://www.livrariacultura.com.br) e na Livraria Dinamic – Colégio Militar de Porto Alegre.

Para visualizar, parcialmente, o livro acesse o link:

http://books.google.com.br/books?id=6UV4DpCy_VYC&printsec=frontcover#v=onepage&q&f=false.

Coronel de Engenharia Hiram Reis e Silva

Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA); Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS); Vice- Presidente da Academia de História Militar Terrestre do Brasil - RS (AHIMTB - RS); Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS); Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional.

Site: http://www.amazoniaenossaselva.com.br

E-mail: hiramrs@terra.com.br

Blog: http://www.desafiandooriomar.blogspot.com

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