quarta-feira, 2 de setembro de 2009

BRASIL COVARDE - (GUILHERME FIÚZA)

Foto sem crédito.
Em defesa de José Sarney, Collor mandou Pedro Simon engolir suas palavras. Simon voltou a falar, mas engoliu. Em seco. Depois relatou que teve medo. O olhar vidrado de Collor lembrou ao senador gaúcho o crime cometido pelo pai dele, Arnon de Mello, que matou um colega no plenário. Simon achou que podia ter o mesmo fim trágico. Trágico mesmo nessa história é o medo do valente Pedro Simon. Acabaram-se os homens públicos, acabou-se o espírito público. Se um Collor babando de ódio é suficiente para calar um democrata, a democracia será regida pelos psicopatas. Collor disse a Simon que não se atrevesse a repetir o seu nome, nunca mais.

A intimidação fez efeito, e Simon não mais pronunciou o nome do colega. Se ainda existissem homens públicos, Pedro Simon, ou qualquer outro senador, deveria ter respondido imediatamente a Fernando Collor de Mello (este é o nome dele): o Senado é uma alta representação do povo, os que lá estão têm nomes, e no dia em que algum deles não puder ser pronunciado a democracia terá morrido. Vamos repetir o nome do senador que não quer ser mencionado, e que foi obedecido por Pedro Simon: Fernando Collor de Mello. É muito importante pronunciar este nome, para que ele não seja esquecido jamais.

Fernando Collor de Mello é o ex-presidente da República que acreditou poder governar na marra, com medidas truculentas como o confisco da poupança dos brasileiros, e que julgou poder usar o mandato popular como instrumento privado em benefício próprio. Ao lado de seu famoso tesoureiro, PC Farias, condenado por corrupção, Fernando Collor de Mello foi acusado em vários processos de lesar a administração pública, teve que renunciar, e foi condenado no Senado à perda de seus direitos políticos por oito anos.

Collor foi absolvido na Justiça, cumpriu a pena política e conseguiu voltar a se eleger. Estava no seu pleno direito. Era hora dos incomodados se calarem. Ao entrar no plenário do Senado bufando, tentando intimidar, ameaçando com chantagens e perseguições, este homem está dizendo ao país que ele não quer ser tratado como um democrata, quer ser tratado como bandido. Entre o medo de Pedro Simon e a apatia da opinião pública, Fernando Collor de Mello (este é o seu nome) saiu de cabeça erguida do Senado. O terror venceu. E no dia seguinte, foi recebido discretamente por ninguém menos que sua santidade, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O velho, o desclassificado, o inacreditável Collor canta de galo no Senado Federal, e o Brasil assiste. O Brasil é covarde. É por isso que José Sarney sobe à tribuna e mente à vontade. Não tem problema ele dizer que não tem nada a ver com Agaciel e a farra do tráfico de influência. O Brasil sabe de tudo. Mas a covardia abençoa os cínicos. Se Collor pode fazer discurso de bandido no Senado e ser recebido em seguida por Lula, por que implicar com as molecagens da família Sarney? O melhor é ligar a TV e assistir à marmelada no Conselho de Ética com pipoca e refrigerante.

PS: O nome do senador impronunciável é Fernando Collor de Mello.
publicado por Don Suelda

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