sexta-feira, 20 de novembro de 2009

O POVOAMENTO DOS CAMPOS DO MOURÃO

O efetivo povoamento da região de Campo Mourão, por expedicionários guarapuavanos, visando à criação de gado bovino para povoar as terras de campo, foi iniciado em 1880/81.

De acordo com as disposições republicanas da Lei nº 68, de 20 de dezembro de 1892, reguladas pelo Decreto nº 1‑A, de 8 de abril de 1893, foi requerida a posse de uma área de 60 mil hectares, conforme registro coletivo, datado de 25 de setembro de 1893, em Guarapuava, constituindo‑se no primeiro documento oficial de posse ou terras particulares nos Campos do Mourão; no qual constam os seguintes nomes: Laurianna de Paula Marcondes, Joaquim Gonçalves da Motta, Alfredo da Silveira, Domingos Moreira Gamalier, Rozendo Moreira Bahls, Pedro Moreira Rubilar, João Ribeiro Soares, Manoel de Jesus e Araújo, José Hilário dos Santos, Manoel Lourenço da Silva Bastos, Antonio de Oliveira Rocha, Hygino Honorato de Bittencourt, Constantino de Souza e Oliveira, Horácio Hilário Pimpão, Domingos Inácio de Araújo Marcondes, Antonio V. S. (Antonio Honorato de Almeida), Pedro Moreira Rubilar Filho, Norberto Mendes Cordeiro, Missel Damásio de Camargo, Charabim Chrispim Ayres, Guilherme de Paula Xavier, José Simões de Oliveira, Antonio José Barbosa e Bento dos Santos Martins.

As declarações do referido registro coletivo, que visava estremar as terras ou sesmaria da posse e as terras devolutas, são os seguintes:

Declaramos nós abaixo assinados, que possuímos por posse mansa e pacífica desde o ano de 1880, uma área de campos de criar no lugar denominado “Campo Mourão” neste Município, onde existem casas de moradia e mais benfeitorias, assim como certo número de cabeças de gado vacum e cavalar, cuja área tem aproximadamente a extensão de 60.000 hectares, sendo 30 quinhões com a área de 2.000 hectares cada um, que tem as seguintes divisas: das cabeceiras do arroio que tem por origem a divisa das águas, onde nasce o Arroio Parichim, que lhe fica fronteiro e por este abaixo até uma barra que fica mais ou menos a meia légua abaixo da Campina do Vitorino e, desta barra rumo oeste até enfrentar com o rio de Faxinal, nas suas cabeceiras cujo rio faz barra no Ivaí passando no NO (N.O.), de campera que demora entre Campo Mourão, onde se fizeram as primeiras casas, e o rio Ivaí; pelo mesmo rio de Faxinal abaixo até a barra de um lageado que nasce no referido campo, e desta barra rumo este até enfrentar com as cabeceiras do arroio onde começou a divisa.

No entanto, do plano primitivo das expedições guarapuavanas, de 1880/81, somente Jorge Walter fixou‑se em Campo Mourão, nele tentando alargar empreendimentos, que afinal feneceram. Jorge Walter fora um russo que se aliara a fazendeiros de Guarapuava, financiado por estes para realizar o trabalho de colonização de Campo Mourão.

Esse pioneiro deixou numerosa família, que através do tempo, manteve a posse da gleba que ainda hoje tem o nome dos Walter.

Primeiras Famílias

Não obstante o registro acima, a primeira ocupação evidente, com moradia habitual, só se concretizou, em Campo Mourão, a partir de 1903, com a chegada dos Irmãos Pereira (José Luiz Pereira, Miguel Luiz Pereira, Ananias Luiz Pereira, Antonio Luiz Pereira e Luiz Pereira da Cruz), os quais, acompanhados de suas famílias, construíram suas casas e demais benfeitorias, dedicando‑se à agricultura e à pecuária.

Até 1910, uma após outras, juntaram‑se aos Pereiras, as famílias de Cesário Manoel dos Santos, Bento Gonçalves Proença, Américo Pereira Pinto, José Custódio de Oliveira, Francisco Mateus Tavares, José Teodoro de Oliveira, Guilherme de Paula Xavier, Luiz Silvério e José Luiz Pereira Sobrinho.

Integração que a Fé Confirma

Essas primeiras famílias, animadas pela fé cristã, traziam entre seus pertences, pequenas imagens de Santos de sua devoção, que adornavam os oratórios, fazendo aquecer a crença que reanimavam os pioneiros na luta constante para vencer o sertão agreste.

Ali, em meio ao campo, onde hoje se situa o Jardim Santa Cruz, fora chantado um cedro para símbolo de suas origens e fanal de suas esperanças. No campo da Cruz o cedro transfigura‑se na Santa Cruz, recebendo, nos idos de 1909 a primeira visita pastoral, realizada pelo Pe. Francisco Vedder, da Congregação do Verbo Divino, coadjutor em Guarapuava.

A comunhão espiritual se alarga e aprofunda, lentamente, à medida que novas levas se arregimentam pelas glebas circunvizinhas, e a presença de padres, ainda que delongada, se faz sentir em diligências de amor cristão.
Clique na imagem para vê-la ampliada
Fonte: "Campo Mourão centro do progresso" (págs 29 a 32), de autoria de Pedro da Veiga.

5 comentários:

Unknown disse...

Valeu Pedro....bom...bom...muito bom!

Unknown disse...

pedro

gostaria de saber de tu tem mas reportagens sobre bento dos santos martins
pois sou filho de uma bisneta dele.

obrigado

felipe
felipe_almeida_6@hotmail.com

Jocely J. disse...

Muito bonito!!! eu sou descendente de Laurianna Ribas e Domingos Marcondes.

Vc conseguiu achar mas fotos deles? Aonde conseguiu achar esse foto para eu poder pesquisar mais?

Grata
Jocely

Pedro da Veiga disse...

Felipe, infelizmente não enho - se você tiver algo mais mande-me, pois estou preparando novo livro-continuação...

Jocely - obrigado pela consideração, essa foto eu consegui, como costa na bibliografia de meu livro, de um volume da história de Guarapuava...
Se você tiver algo mais, mande-me - fotos relatos históricos, para a nova edição do livro...
Continuem visualizando o meu blog, com os meus agradecimentos...
Abraços: PVeiga

Jocely J. disse...

Pedro obrigada pela atencao. Se eu conseguir algo eu te mando. Ainda estou esperando uma prima da minha mae q tem fotos antigas da familia.

Abraço.