terça-feira, 8 de novembro de 2011

BIG BROTHER BRASIL - UM PROGRAMA IMBECIL

Hiram Reis e Silva, Porto Alegre, RS, 08 de novembro de 2011

Se quiser me conhecer

Nem precisa perguntar!

Baiano lá do sertão

Santa Bárbara é o meu lugar

Sou substantivo próprio

Masculino, singular.

Hoje vivo na cidade

Feito anjo que vagueia

Bebo as gotas do abismo

Mas corre na minha veia

A doçura do cordel

que me encanta e me incendeia.

(Antônio Barreto)

Recebi um e-mail reportando os versos de um grande cordelista baiano que faz considerações importantes sobre um famigerado e nojento programa de TV que faz sucesso entre nossa alienada e ignorante população. Antônio Barreto é corajoso, culto, inteligente e cáustico nos seus versos, não se preocupando em atacar a mídia poderosa mesmo tendo consciência de que ela pode e vai fazer de tudo para obstaculizar sua carreira.

O que esperar de uma nação que em breve deva se tornar a sétima economia do mundo ocupe um vergonhoso 84° lugar no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) em um universo de 187 países. O IDH considera três aspectos fundamentais para o desenvolvimento humano: o conhecimento, medido por indicadores de educação; a saúde, medida pela longevidade; e o padrão de vida digno, medido pela renda. O Brasil ainda está atrás de 15 países da América Latina: Chile (44ª lugar), Argentina (45ª lugar), Uruguai (48° lugar), Cuba (51°), México (57°), Panamá (58°), Antigua e Barbuda (60°), Trinindad e Tobago (62°), Costa Rica (69°), Venezuela (73°) e Jamaica (79°), Peru (80°), Dominica (81°), Santa Lúcia (82°) e Equador (83°), só superando o Haiti que ocupa a 158° posição.

O IDH é um retrato da omissão mórbida dos governos que mantém o povo na ignorância de maneira a poder manejá-lo mais facilmente. Pouco a pouco a massa perde a identidade e é moldada a seu bel prazer pela mídia amestrada.

- Antônio Carlos de Oliveira Barreto

Fonte: Roselí Araujo

Natural de Santa Bárbara, teve na infância contato com os violeiros e repentistas nas feiras por onde passava, observava atento com um olhar sertanejo, sonhava com sua cultura nordestina, “então minha alma já era cordelista” ele diz. Mas, somente em 2004 que Antônio Barreto produz oficialmente por incentivo de amigos cordelistas, como Jotacê Freitas e Antônio Vieira e violeiros, seu primeiro cordel, interagindo com outros cordelistas conhecidos na Bahia.

Pertencente a uma família de 18 irmãos, como muitas outras crianças do interior da Bahia, Barreto só foi alfabetizado aos 10 anos, como por necessidade teve que se mudar para Salvador para continuar os estudos secundários. “Naquela época ou se ia para Feira de Santana ou para Salvador”, “para quem tinha condições de se manter, quem não tinha, parava por onde desse mesmo” ele conclui.

Em Salvador ele se fixa, trabalha no Pólo Petroquímico e cursa a faculdade de letras.

Mas o espírito aventureiro, o espírito da infância te acompanha, ele afirma “o sertão é meu lugar”, o sertão está presente na sua vivência, tudo que ele escreve têm a ver com o menino do sertão e o homem urbano, que lembra o jovem com muita dificuldade de se relacionar com as pessoas e seu primeiro encontro poético com a lua e ela com ele aos 19 anos, no avarandado da casa.

Como um bom cordelista de seu tempo, Barreto escreve sobre temas do seu cotidiano, alerta sobre o HIV, Política (As mentiras que o povo gosta em época de eleição), critica, propõe mudanças, grita com muita poesia e esperteza de cordelista. (...)

Como professor utiliza o cordel como um instrumento pedagógico, atualmente trabalhando com alunos de 2°grau e em oficinas de cordel, já realizadas em Valença, Sr. do Bom Fim, Ilhéus, entre tantas outras cidades.

- Big Brother Brasil um Programa Imbecil

Autor: Antonio Barreto

I

Curtir o Pedro Bial

E sentir tanta alegria

É sinal de que você

O mau-gosto aprecia

Dá valor ao que é banal

É preguiçoso mental

E adora baixaria.

II

Há muito tempo não vejo

Um programa tão 'fuleiro'

Produzido pela Globo

Visando Ibope e dinheiro

Que além de alienar

Vai por certo atrofiar

A mente do brasileiro.

III

Me refiro ao brasileiro

Que está em formação

E precisa evoluir

Através da Educação

Mas se torna um refém

Iletrado, 'zé-ninguém'

Um escravo da ilusão.

IV

Em frente à televisão

Longe da realidade

Onde a bobagem fervilha

Não sabendo essa gente

Desprovida e inocente

Desta enorme 'armadilha'.

V

Cuidado, Pedro Bial

Chega de esculhambação

Respeite o trabalhador

Dessa sofrida Nação

Deixe de chamar de heróis

Essas girls e esses boys

Que têm cara de bundão. (...)

VI

Muitos já se sentem mal

Com seu discurso vazio.

Pessoas inteligentes

Se enchem de calafrio

Porque quando você fala

A sua palavra é bala

A ferir o nosso brio.

VII

Um país como Brasil

Carente de educação

Precisa de gente grande

Para dar boa lição

Mas você na rede Globo

Faz esse papel de bobo

Enganando a Nação. (...)

VIII

Esse programa da Globo

Vem nos mostrar sem engano

Que tudo que ali ocorre

Parece um zoológico humano

Onde impera a esperteza

A malandragem, a baixeza:

Um cenário sub-humano.

IX

A moral e a inteligência

Não são mais valorizadas.

Os "heróis" protagonizam

Um mundo de palhaçadas

Sem critério e sem ética

Em que vaidade e estética

São muito mais que louvadas.

X

Não se vê força poética

Nem projeto educativo.

Um mar de vulgaridade

Já tornou-se imperativo.

O que se vê realmente

É um programa deprimente

Sem nenhum objetivo.

XI

Talvez haja objetivo

"professor", Pedro Bial

O que vocês tão querendo

É injetar o banal

Deseducando o Brasil

Nesse Big Brother vil

De lavagem cerebral.

XII

Isso é um desserviço

Mal exemplo à juventude

Que precisa de esperança

Educação e atitude

Porém a mediocridade

Unida à banalidade

Faz com que ninguém estude.

XIII

É grande o constrangimento

De pessoas confinadas

Num espaço luxuoso

Curtindo todas baladas:

Corpos "belos" na piscina

A gastar adrenalina:

Nesse mar de palhaçadas.

XIV

Se a intenção da Globo

É de nos "emburrecer"

Deixando o povo demente

Refém do seu poder:

Pois saiba que a exceção

(Amantes da educação)

Vai contestar a valer.

XV

A você, Pedro Bial

Um mercador da ilusão

Junto a poderosa Globo

Que conduz nossa Nação

Eu lhe peço esse favor:

Reflita no seu labor

E escute seu coração.

XVI

E vocês caros irmãos

Que estão nessa cegueira

Não façam mais ligações

Apoiando essa besteira.

Não dêem sua grana à Globo

Isso é papel de bobo:

Fujam dessa baboseira.

XVII

E quando chegar ao fim

Desse Big Brother vil

Que em nada contribui

Para o povo varonil

Ninguém vai sentir saudade:

Quem lucra é a sociedade

Do nosso querido Brasil. (...)

XVIII

Porque sai do nosso bolso

Esses milhões desejados

Que são ligações diárias

Bastante desnecessárias

Pra esses desocupados.

XIX

A loja do BBB

Vendendo só porcaria

Enganando muita gente

Que logo se contagia

Com tanta futilidade

Um mar de vulgaridade

Que nunca terá valia.

XX

Chega de vulgaridade

E apelo sexual.

Não somos só futebol,

baixaria e carnaval.

Queremos Educação

E também evolução

No mundo espiritual.

XXI

Cadê a cidadania

Dos nossos educadores

Dos alunos, dos políticos

Poetas, trabalhadores?

Seremos sempre enganados

e vamos ficar calados

diante de enganadores?

XXII

Barreto termina assim

Alertando ao Bial:

Reveja logo esse equívoco

Reaja à força do mal.

Eleve o seu coração

Tomando uma decisão

Ou então: siga, animal.

– Blog e Livro

Os artigos relativos ao “Projeto–Aventura Desafiando o Rio–Mar”, Descendo o Solimões (2008/2009), Descendo o Rio Negro (2009/2010), Descendo o Amazonas I (2010/2011), e das “Travessias da Laguna dos Patos (2011), estão reproduzidos, na íntegra, ricamente ilustrados, no Blog http://desafiandooriomar.blogspot.com.

O livro “Desafiando o Rio–Mar – Descendo o Solimões” está sendo comercializado, em Porto Alegre, na Livraria EDIPUCRS – PUCRS, na rede da Livraria Cultura (http://www.livrariacultura.com.br) e na Livraria Dinamic – Colégio Militar de Porto Alegre. Pode ainda ser adquirido através do e–mail: hiramrsilva@gmail.com.

Para visualizar, parcialmente, o livro acesse o link:
http://books.google.com.br/books?id=6UV4DpCy_VYC&printsec=frontcover#v=onepage&q&f=false
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Coronel de Engenharia Hiram Reis e Silva

Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA); Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS)

Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério Militar (IDMM); Vice Presidente da Academia de História Militar Terrestre do Brasil - RS (AHIMTB); Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS); Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional.

Site: http://www.amazoniaenossaselva.com.br

Blog: http://desafiandooriomar.blogspot.com

E–mail: hiramrs@terra.com.br

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