terça-feira, 11 de agosto de 2009

RESPIRAR OU NÃO?

Fraga

Quem semeia dúvidas, colhe angústias; quem planta hipóteses, hesitações.
Daí a safra, na mídia, de perguntas influenzadas por algum vírus histérico.
As questões que mais espirram na cara da gente são essas:

Lugares públicos: fugir ou não
Se você tem condições de sair do planeta, você vai conseguir ficar longe dos vírus. Senão, acostume-se com a histeria: a Terra é um lugar público, com sérios problemas de ventilação.

Máscaras de proteção: usar ou não
Como as pessoas já são mascaradas na vida pessoal ou profissional, tanto faz um pano na cara. Vital é, na hora de espirrar a menos de um metro de outra pessoa, dar uns passinhos para trás. Está provado: o vírus não sobrevive à boa educação.

Velório de infectado: ir ou não
A rigor, só o vitimado é obrigado a comparecer. Mas é importante usar a inteligência nessa hora: quando alguém morre por gripe, o vírus também ganha seu atestado de óbito.

Carne de porco: comer ou não
Suínos não transmitem o vírus. E se até os gastrônomos já fizeram o teste-drive, por que salivar em vão? Agora, é evidente que porco não come porca gripada.

Chimarrão: suspender ou não
Bobagem. Se o vírus gostasse de água quente estaria nas piscinas térmicas; só nas piscinas não aquecidas os nadadores se gripam.

Janelas: escancarar ou não
Sempre é bom: vai que um vírus nunca tenha ouvido falar no verbo defenestrar e caia do peitoril, intoxicado por ar puro.

Mãos: lavar ou não
Ora, você já viu coisa mais nojenta que apertar mãos pegajosas? De nada adiantam as pesquisas se os imundos continuam atrasando a Ciência. Afogue seus vírus numa pia já!

Álcool: passar ou não
Por dentro, não resolve o risco de contaminação. Por fora, utilize gel, já que uísque e outros produtos etílicos são fatais somente a vírus abstêmios.

Copos: compartilhar ou não
Depende. É muito difícil beber no mesmo copo ao mesmo tempo. Claro, o vírus pode morrer de indecisão sobre qual contaminar. O mais profilático é um rodízio pra ver quem lava a pilha de copos na pia.

Agasalho: vestir ou não
Peraí, se você deixar de se agasalhar sob temperaturas baixas, é capaz de morrer de imbecilidade antes que o vírus perceba a sua semi-nudez.

Hospitais: evitar ou não
Quando até médicos, enfermeiras e autoridades sanitárias evitam esses locais, é porque os vírus administram a situação por lá. Na hora da visita, consulte antes as bactérias de plantão.

Aulas: adiar ou não
O corpo discente propaga mais boatos sobre infecção que o vírus transmite a doença.

Medicação: tomar ou não
Pra não enriquecer o laboratório e não confundir o vírus com produtos ambíguos, seja radical no tratamento: substitua o Tamiflu pelo Tamofu.

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