domingo, 30 de setembro de 2012
AS CRUZADAS
Publicamos abaixo um interessante artigo que trata
sobre as reais e verossimilhantes razões para que fossem empreendidas as
cruzadas contra o oriente muçulmano, discernimento necessário a fim de se
destruir as mentiras trombeteadas por todos os inimigos da Igreja, que fazem
tábua rasa em relação à todas as agressões sofridas pelos
católicos perpetradas pelos maometanos. Sem dúvidas é de teor
histórico fino e penetrante o artigo abaixo.
“Admitido
que alguém, na história, devesse pedir desculpa a outro, deveriam ser os
católicos a pedir perdão por um ato de autodefesa, pela tentativa de ter pelo
menos aberto o caminho da peregrinação aos lugares de Jesus, como foi o ciclo
das cruzadas?”
Agredidos e Agressores
Sempre foi chamada “praça das Cruzadas“. Há pouco
mais de um ano é “praça Paulo VI“. À mudança de nome do largo milanês, junto à
insigne basílica de São Simpliciano, não está alheia a Faculdade Teológica da
Itália Setentrional que se abre para ela. Dizem que houve pressões clericais
para que se mudasse o nome daquele logradouro. Sentiam que era embaraçoso, mais
para certos meios católicos que para as autoridades laicas.
Este acontecimento milanês não é senão uma
confirmação, entre tantas, de um fato desconcertante: depois de dois séculos de
propaganda incessante, a “legenda negra” construída pelos iluministas como arma
da guerra psicológica contra a Igreja Romana, terminou por instilar um
“problema de consciência” na intelligentsia católica, além do imaginário
popular.
Foi, na realidade, no século dezoito europeu que,
completando a obra da Reforma, se firmou o rosário, tornado canônico, das
“infâmias romanas”. No que diz respeito às Cruzadas, a propaganda anticatólica
chegou até a inventar o nome, como o termo “Idade Média”, excogitado pela
historiografia “iluminista”. Os que há novecentos anos tomaram de assalto Jerusalém
considerariam estúpidos os que lhes tivessem dito que davam cumprimento àquilo
que seria chamado de “primeira Cruzada”. Para eles, era iter, peregrinatio,
succursus, passagium .
Os “panfletários”, em suma, inventam um nome e constroem
em torno uma “legenda negra”. Não é só isso: será essa mesma propaganda europeia
que “revelará” ao mundo muçulmano o ter sido ele o “agredido”. No Ocidente, a
obscura invenção “cruzada” terminou por impregnar com sentimento de culpa
certos homens da própria Igreja, ignorantes de como as coisas ocorreram.
Quem foi o agredido e quem é o agressor?
Quando em 638 o califa Omar conquista Jerusalém,
esta era, há mais de três séculos, cristã. Pouco depois, sequazes do Profeta
invadem e destróem as gloriosas igrejas, primeiro do Egito e, depois, de todo o
norte da África, levando à extinção do cristianismo em lugares que tinham tido
bispos como santo Agostinho.
Depois foi a vez da Espanha, da Sicília, da Grécia,
daquela que será chamada Turquia e onde as comunidades fundadas pelo próprio
São Paulo tornaram-se montes de ruínas. Em 1453, depois de sete séculos de
assalto, capitula e é islamizada a própria Constantinopla, a segunda Roma. O
rolo islâmico atinge os Bálcãs, e, como por milagre, é detido e obrigado a
retirar-se das portas de Viena.
Entretanto, até o século XIX, todo o Mediterrâneo e
todas as costas dos países cristãos que ficam em face, são “reservas” de carne
humana: navios e países serão assaltados por incursões islâmicas, que retornam
às covas magrebinas cheios de butins, de mulheres e jovens para os prazeres
sexuais dos ricos e de escravos obrigados a morrerem de cansaço ou para serem
resgatados a preços altíssimos pelos Mercedários e Trinitários. Execre-se, com
justiça, o massacre de Jerusalém em 1099, mas não se esqueçam de Maomé II, em
1480, em Otranto, simples exemplo de um cortejo sanguinolento de sofrimentos.
Ainda hoje: quais países muçulmanos reconhecem aos
outros que não aos seus, os direitos civis ou a liberdade de culto? Quem se
indigna com o genocídio dos armênios, ontem e dos sudaneses cristãos, hoje? O
mundo, segundo os devotos do Corão, não está ainda agora dividido em
“território do Islam” e “território de guerra”, todos os lugares, ainda não
muçulmanos, mas que devem se tornar tais, por bem ou por mal? Não é esta a
ideologia subentendida por muitos na imigração maciça rumo à Europa?
Uma simples revisão da história, mesmo nas suas
linhas gerais, confirma uma verdade evidente: uma Cristandade em contínua
posição de defesa em relação a uma agressão muçulmana, desde o começo até hoje
(na África, por exemplo, está em curso uma ofensiva sanguinolenta para
islamizar as etnias que os sacrifícios heroicos de gerações de missionários
tinham levado ao batismo). Admitido que alguém, na história, devesse pedir
desculpa a outro, deveriam ser os católicos a pedir perdão por um ato de
autodefesa, pela tentativa de ter pelo menos aberto o caminho da peregrinação
aos lugares de Jesus, como foi o ciclo das cruzadas?
Corriere dela Sera – 26 de julho/1999
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