quinta-feira, 27 de setembro de 2012
EM TERREIRO QUE SÓ TEM GALINHA, QUALQUER UM CANTA DE GALO
Têm cidadãos que
se julgam ofendidos quando se fala a verdade. Para eles o correto é acobertar
as sujeiras dos elementos do seu grupo, e condenar os que se manifestam de
forma contrária. A instituição a que pertencem é apenas um adereço que vestem
para encobrir as suas mazelas, idiossincrasias, bajulações e pouca vergonha na
cara.
Digo isso quando
vejo que poucos se importam quando assistem um bando de degenerados,
autointitulados vingadores, massacrar militares, como se estes fossem uns nada
na vida.
A cada dia se tem
notícia de mais uma investida contra os agentes do Estado, - militares das
Forças Armadas e policiais civis e militares, - que foram empenhados na
repressão aos militantes da luta armada.
Uma comissão
criada para esclarecer fatos políticos ocorridos no período de 46 a 88; de
repente muda de rumo e, oficialmente, através de uma resolução interna de n.º
2, publicada no DOU, conspurca as diretrizes da lei, passando a enfocar tão e
somente os atos praticados pelos agentes do Estado, a quem chamam de
torturadores e outros títulos menos honrosos. Fazem de uma maneira tão tranquila
e impune, como se estivessem diante de um bando de analfabetos funcionais.
‘Quem cala
consente’, disse um ilustre oficial que combate como poucos essa malta de
desordeiros que se julga dona da verdade. Só peca em uma coisa. Ele quer
comparecer à comissão para mostrar o outro lado da luta armada. A ação dos
militantes que a comissão se nega esclarecer. Os assaltos a bancos, quartéis
para roubar armas e munições, torturas, sequestros e atos de terrorismo. E o
assassinato covarde de 119 inocentes!
Não considero essa
alternativa a mais adequada. Os membros da comissão só se preocupam em colher
subsídios para levar adiante o sonhado desejo de colocar no banco dos réus, em
um tribunal de exceção, os agentes do Estado. Conseguirão se anularem a Lei da
Anistia. E aí que a máxima ‘quem cala consente’ é verdadeira.
Permitir sem
nenhuma reação que os comunas membros da comissão da verdade, procuradores
públicos alinhados com o governo e juízes bandidos que acolhem justificativas
mentirosas de familiares de mortos e desaparecidos, como se esses traidores da
pátria tivessem sido criaturas inocentes, é calar e consentir.
Não posso e nem
devo usar de expressões chulas, embora o desejo aflore em meus lábios. Digo
respeitosamente que as autoridades militares estão agindo como aquelas aves
poedeiras que se vê em galinheiro, trepadas em seus paus, matutando; e, de
repente, aparece outra ave com um par de esporões e passa a mandar no pedaço.
Os chefes militares medram quando surge em seu terreiro uma ave cantando de
galo.
A falta de atitude
dá nisso. Um bando de merdas, no bom sentido, - não confundir com o dejeto
encontrado nas latrinas, - se arvora no direito de fazer justiça com as
próprias mãos, e não encontra resposta. Os chefes militares, subservientes, bem
comportados (confundem covardia com disciplina!), o máximo que conseguem dizer
é: “Pega leve ‘cumpanhero’, tá me machucando!”.
Não reagir é
consentir!
Rio de Janeiro, 26
de setembro de 2012.
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