O
ministro Marco Aurélio duvidou, pela imprensa, da capacidade de Joaquim Barbosa
em ser presidente do Supremo Tribunal Federal, o relator do mensalão, respondeu
que Marco Aurélio só é ministro por ser parente de Fernando Collor. Corre
risco, a eleição de Joaquim Barbosa, como novo presidente do Supremo em
novembro.
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Foto: Nelson Jr./SCO/STF
PARTINDO PARA CIMA - Joaquim Barbosa, considerando-se agredido, verbalmente, pelo ministro Marco Aurélio |
Como em qualquer núcleo social, o Supremo Tribunal Federal é palco
de intriga e desentendimentos, às vezes profundos. De um grupo de superegos
discutindo questões subjetivas, por anos seguidos, não se poderia esperar outra
coisa. Mas essas megas-desavenças, não costumavam ser accessível ao grande
público, povoava inexpugnáveis intramuros.
De uns tempos para cá, graças ao Ministro Joaquim Barbosa,
principalmente, as querelas, tem acontecido também durante as sessões. É
celebre sua discussão com o Ministro Gilmar Mendes, então presidente do Supremo
Tribunal Federal, e já virou rotina, agora, no julgamento do mensalão, suas
agressivas observações em cima do revisor do processo o ministro Ricardo
Lewandowski.
Nesta quinta-feira, em mais um episódio da série, o ministro Joaquim Barbosa,
respondeu à crítica do ministro Marco Aurélio Mello de que ele não teria
condições de ser presidente da Corte devido aos constantes bate-bocas
protagonizado com os colegas, em particular, com o ministro revisor do processo
do Mensalão, Ricardo Lewandowski.
Barbosa, normalmente arredio à imprensa, perguntado por
jornalistas, insinuou que Marco Aurélio não tinha estudado o suficiente para
chegar ao cargo, mas se valido do parentesco com o ex-presidente Fernando
Collor, que o nomeou.
- Ao contrário de quem me ofende momentaneamente, devo toda a
minha ascensão profissional a estudos aprofundados, à submissão múltipla a
inúmeros e diversificados métodos de avaliação acadêmica e profissional. Jamais
me vali ou tirei proveito de relações de natureza familiar - afirmou.
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Foto: Nelson Jr./SCO/STF
BRIGA DE CACHORRO GRANDE E TOGADO - O midiatico ministro Marco Aurélio, provocou Joaquim e levou o troco, haverá tréplica? |
O ministro Marco Aurélio Melo havia criticado e lançado dúvidas de
que o ministro Joaquim Barbosa, não teria capacidade para ser presidente da
Corte. Em novembro, com a aposentadoria do atual presidente, ministro Ayres
Britto, Barbosa assumirá o comando do tribunal.
Na última quarta-feira, Barbosa se irritou várias vezes com o
ministro revisor, Ricardo Lewandowski, que divergiu dele em alguns pontos.
Barbosa atacou Lewandowski afirmando que ele estava fazendo “vista grossa”
da prova, que deveria parar com “hipocrisias” e julgar “corretamente”.
Na ocasião, Marco Aurélio e outros ministros saíram em socorro de
Lewandowski.
- Como ele (Joaquim Barbosa) vai coordenar o tribunal (quando se tornar
presidente em novembro)? Como ele vai se relacionar com os demais órgãos, com
os demais poderes. Não sei. Mas vamos esperar. Nada como um dia atrás do outro
- disse Marco Aurélio.
- Eu fico muito preocupado diante do que percebo no plenário. Eu
sempre repito: o presidente é um coordenador. Ele é algodão entre cristais. Ele
não pode ser metal entre cristais - acrescentou mais tarde.
Marco Aurélio citou até mesmo um comentário que ouviu no rádio,
segundo o qual o estilo beligerante de Joaquim Barbosa poderia colocar em risco
sua eleição como presidente. É praxe no STF que o tribunal seja presidido pelo
membro mais antigo que ainda não ocupou o cargo. No momento atual, essa é
justamente a situação do ministro Joaquim Barbosa. Mas, apesar de citar o
comentário e lembrar que a eleição para presidente no STF não é por aclamação,
Marco Aurélio disse acreditar que esse risco não existe no momento.
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Foto: Nelson Jr./SCO/STF
ALVO PREFERENCIAL - Lewandowski, o revisor do mensalão, na alça de mira de Joaquim Barbosa |
Barbosa, por sua vez, disse aos jornalistas que Marco Aurélio
costuma ser um problema para todos os presidentes do STF. E ressaltou que obedece
às regras de convivência aprendidas não apenas nos livros, mas na vida.
- Um dos principais obstáculos a ser enfrentado por qualquer
pessoa que ocupe a Presidência do Supremo Tribunal Federal tem por nome Marco
Aurélio Mello. Para comprová-lo, basta que se consultem alguns dos ocupantes do
cargo nos últimos 10 ou 12 anos.
O apego ferrenho que tenho às regras de convivência democrática e
de justiça me vem não apenas da cultura livresca, mas da experiência concreta
da vida cotidiana, da observância empírica da enorme riqueza que o progresso e
a modernidade trouxeram à sociedade em que vivemos, especialmente nos espaços
verdadeiramente democráticos - disse.
O ministro ainda ressaltou que, quando ocupar a presidência do
STF, a partir de novembro, não tomará decisões ilegais e “chocantes para a
sociedade”, e tampouco fará intervenções inapropriadas, apenas para se exibir,
afirmando que as atitudes eram típicas de seu desafeto.
- Caso venha a ter a honra de ser eleito presidente da mais alta
Corte de Justiça do nosso país nos próximos meses, como está previsto nas
normas regimentais, estou certo de que de mim não se terá a expectativa de
decisões rocambolescas e chocantes para a coletividade, de devassas indevidas
em setores administrativos, de tomadas de posição de claro e deliberado
confronto para com os poderes constituídos, de intervenções manifestamente
‘gauche’, de puro exibicionismo, que parecem ser o forte do meu agressor do
momento - declarou.
Por mais que admiremos Joaquim Barbosa, pela sua capacidade
intelectual, cultura jurídica e destemor como julgador, notadamente nesse
processo do mensalão, temos que reconhecer que ele frequentemente exagera.
Por causa do seu destempero, o ministro Joaquim Barbosa, corre,
sim, o risco de não ser eleito presidente do Supremo, uma possibilidade ainda
remota, mas real.
Deve-se levar em conta que a votação é secreta, e ele notadamente
tem alguns inimigos públicos entre os ministros eleitores. Pode-se contabilizar
a princípio, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski, provavelmente Dias Toffoli e
agora o Marco Aurélio.
Num universo de 11 eleitores, Joaquim disputaria o cargo, com uma
provável rejeição inicial de 36%, sem margem de erro.
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