terça-feira, 25 de setembro de 2012
O SOFRIMENTO DO HIPÓCRITA
Ter mentido é ter sofrido. O hipócrita é um
paciente na dupla acepção da palavra; calcula um triunfo e sofre um suplício. A
premeditação indefinida de uma ação ruim, acompanhada por doses de austeridade,
a infâmia interior temperada de excelente reputação, enganar continuadamente,
não ser jamais quem é, fazer ilusão, é uma fadiga. Compor a candura com todos
os elementos negros que trabalham no cérebro, querer devorar os que o veneram,
acariciar, reter-se, reprimir-se, estar sempre alerta, espiar constantemente,
compor o rosto do crime latente, fazer da deformidade uma beleza, fabricar uma
perfeição com a perversidade, fazer cócegas com o punhal, por açúcar no veneno,
velar na franqueza do gesto e na música da voz, não ter o próprio olhar, nada
mais difícil, nada mais doloroso. O odioso da hipocrisia começa obscuramente no
hipócrita. Causa náuseas beber perpetuamente a impostura. A meiguice com que a
astúcia disfarça a malvadez repugna ao malvado, continuamente obrigado a trazer
essa mistura na boca, e há momentos de enjoo em que o hipócrita vomita quase o
seu pensamento. Engolir essa saliva é coisa horrível. Ajuntai a isto o profundo
orgulho. Existem horas estranhas em que o hipócrita se estima. Há um eu
desmedido no impostor. O verme resvala como o dragão e como ele retesa-se e
levanta-se. O traidor não é mais que um déspota tolhido que não pode fazer a
sua vontade senão resignando-se ao segundo papel. É a mesquinhez capaz da
enormidade. O hipócrita é um titã-anão. –do blog FalcãoPeregrino -
*Victor Hugo, em O Sofrimento do Hipócrita.
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Victor-Marie Hugo nasceu em Besançon a 26 de fevereiro de 1802, faleceu em
Paris a 22 de maio de 1885 foi um
novelista, poeta, dramaturgo, ensaísta, artista, estadista e ativista pelos
direitos humanos francês de grande atuação política em seu país. É autor de Les
Misérables e de Notre-Dame de Paris, entre diversas outras obras.
Victor Hugo foi o terceiro filho de Sophie Trébuchet
e Joseph Hugo (conde de Siguenza), um major que, mais tarde, se tornaria um
general do exército napoleônico.
Seu romance, Notre-Dame de Paris, é lançado em
1831, considerado o maior romance histórico de Victor Hugo, o livro definiu a
forma de exploração ficcional do passado que marcaram o romantismo francês. O
livro narra a história do amor altruísta do deformado sineiro da catedral de
Notre Dame, Quasímodo, pela bailarina cigana Esmeralda. Com um estilo realista,
especialmente nas descrições de Paris medieval e seu submundo, o enredo é
melodramático, com muitas reviravoltas irônicas.[12] O livro foi um sucesso
instantâneo e logo fez de Hugo o mais famoso escritor que vivia na Europa,
tendo o livro se propagado e traduzido por todo o continente.
Criado por sua mãe no espírito da monarquia, acaba
por se convencer, pouco a pouco, do interesse da democracia
("Cresci", escreve num poema onde se justifica). A sua ideia é que
"onde o conhecimento está apenas num
homem, a monarquia se impõe." "Onde está num grupo de homens, deve
fazer lugar à aristocracia. E quando todos têm acesso às luzes do saber, então
vem o tempo da democracia".
Sempre um reformista, envolve-se em política por
toda a sua vida. Mas se critica as misérias sociais, não adota o discurso
socialista da luta de classes. Pelo contrário, ele próprio viveu uma vida
financeiramente confortável, construída com seus próprios esforços, tornando-se
um dos escritores mais bem remunerados de sua época. Acreditava no direito do
homem usufruir dos frutos do seu trabalho, embora reforçasse a responsabilidade
que acompanha o enriquecimento pessoal. Desse modo, sempre buscou prosperar
enquanto doava uma parte significativa de sua renda para diferentes obras de
caridades.
Seu principal romance, os Miseráveis, narra a história
de um self made-man, Jean Valjean, um sujeito que foge da prisão e reconstrói
sua vida através do trabalho. Valjean monta uma empresa e, através dela, traz
prosperidade para a sua região; além disso, usa sua fortuna em obras de
caridade para ajudar os pobres. Suas boas obras são interrompidas apenas quando
um policial - um agente do Estado - decide interferir arbitrariamente nas
atividades privadas da sociedade civil.
Os Miseráveis, portanto, traz claramente a
filosofia política de Victor Hugo. É um mundo onde há cooperação - e não luta -
entre as classes; onde o empreendedor desempenha uma função essencialmente
benéfica para todos; onde o trabalho é a via principal de aprimoramento pessoal
e social; onde a intervenção estatal por motivos moralistas - seja do policial
ou do revolucionário obcecado pela justiça terrena - é um dos principais riscos
para o bem de todos que será gerado espontaneamente pelos indivíduos privados.
Coerente, Hugo não podia ser comunista: "O significado da Comuna é imenso, ela
poderia fazer grandes coisas, mas na verdade faz somente pequenas coisas. E
pequenas coisas que são odiosas, é lamentável. Compreendam-me: sou um homem de
revolução. Aceito, assim, as grandes necessidades, mas somente sob uma
condição: que sejam a confirmação dos princípios e não o seu desrespeito. Todo
o meu pensamento oscila entre dois polos: civilização-revolução "."
A construção de uma sociedade igualitária só será possível se for consequência
de uma recomposição da sociedade liberal."
Denunciando até o fim a segregação social, Hugo
declara durante a última reunião pública que preside: "A questão social perdura. Ela é terrível, mas é simples: é a
questão dos que têm e dos que não têm!". Tratava-se precisamente de
recolher fundos para permitir a 126 delegados operários a viagem ao primeiro
Congresso socialista da França, em Marselha.
Victor Hugo, no entanto, nunca aceitou o discurso
socialista. Ele acreditava que uma sociedade aberta encontraria soluções para
seus problemas. Mais que isso, ele era contra políticas de redistribuição de
riquezas, pois o efeito dessas seria de não incentivar a produção, fazendo com
que toda a sociedade caminhasse para trás. Caso fosse permitida a liberdade de
comércio, por outro lado, e caso se tolerasse algum grau de desigualdade
social, o resultado seria o progresso geral de todos, beneficiando inclusive os
membros mais pobres da sociedade.
"O comunismo e o agrarianismo acreditam que resolveram este segundo
problema [da distribuição de renda], mas estão enganados: a distribuição
destrói a produtividade. A repartição em partes iguais mata a ambição e, por
consequência, o trabalho. É uma distribuição de açougueiros, que mata aquilo
que reparte. Portanto, é impossível tomar essas pretensas soluções como
princípio. Destruir riqueza não é distribuí-la". –Veja Mais em Wikipédia.-
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