Lula cometeu “crime” ao propor ao ministro Gilmar Mendes, do STF, o adiamento do julgamento do “mensalão” |
sexta-feira, 28 de setembro de 2012
AZARES DO LULA
Por Maria Lucia Victor Barbosa
Durante três
eleições seguidas houve árduas tentativas da parte do PT para chegar à
presidência da República, mas faltava ainda o essencial, um bom marketing capaz
da mágica que faz do feio o bonito, do sórdido o honrado, do mentiroso o
verdadeiro. Afinal, não é com imagens construídas com perfeição que a política
é feita?
Então,
apareceu o mago Duda Mendonça e sua arte suprema de propaganda enganosa como o
é quase toda propaganda, sobretudo, a política. Foi elaborada a Carta do Povo
que apaziguou com êxito os desconfiados. Adesões e coligações inimagináveis
para o PT de outrora foram consumadas. E o mais importante: foi cuidadosamente
fabricada a imagem falsificada do “Lulinha de paz e amor”.
Estas
técnicas e táticas levaram finalmente o PT ao cobiçado cargo na quarta
tentativa. Como normalmente acontece com os revolucionários que alcançando o
poder se esmeram em fazer com mais precisão o que antes criticavam, ao vencer
Lula e companheiros deram alegremente adeus à ética e à ideologia de esquerda
que varia conforme as circunstâncias e possui tendência acentuada para o
desfrute das delícias da burguesia. Ás favas com escrúpulos e transparência. E,
assim, aconteceu entre outros fatos nada edificantes a compra de votos dos
congressistas da enorme base aliada de Sua Excelência Lula da Silva. Foi o
maior escândalo de corrupção nunca antes havido nesse país e alcunhado por
Roberto Jefferson de “mensalão”.
Lula sempre
dizendo como qualquer ladrão de galinha que não sabia de nada que se passava
sob seu nariz. Quer dizer, ou ele é totalmente idiota ou se locupletava com a
corrupção, exercendo seu mandonismo e seus instintos autoritários a todo vapor
para alicerçar um poder cada vez maior no qual o Executivo se avantajava e o
Legislativo se tornava um bando de marionetes manipulado por seus desejos.
Lula não é
idiota. Por isso começam pela primeira vez a surgir várias opiniões afirmando
que é ele e não José Dirceu o poderoso chefão da engrenagem de compra de votos
que teve como “gerente” ou “boy de luxo”, Marcos Valério.
Esta
suposição que enxovalha o mito não está ainda comprovada juridicamente. Contudo
é significativo que Lula tenha feito o possível para evitar o julgamento do
“mensalão”, desde implantar a CPI do Cachoeira para distrair as atenções até
chantagear o ministro Gilmar Mendes para que este adiasse o processo para
depois das eleições.
Dirão alguns
que foram exatamente as eleições que preocuparam Lula. Ele quer ganhar todas as
prefeituras que puder e, mais do que todas, a de São Paulo. Mas, seria só isso
ou intuía que viria à tona a perigosa desconfiança sobre seu envolvimento no
escândalo?
Impressiona
também a fúria de que foram tomados seus adeptos para defendê-lo e ao seu
lugar-tenente, José Dirceu. Partem para ultrajar a instância mais alta da
Justiça no sentido de desqualificar o julgamento que tem tido na figura do
ministro Joaquim Barbosa o exemplo de como se julga estribado na lei e na
justiça.
Surge um
manifesto sem pé nem cabeça de artistas e o presidente do PT, Rui Falcão, afirma
que o julgamento do “mensalão” é golpe das elites sujas e da imprensa.
Golpe em
quem? Lula não é mais presidente, portanto, não pode sofrer um impeachment.
Tudo está sendo julgado com base nos fatos, provas e testemunhas armazenados em
enormes calhamaços de milhares de páginas. Oito ministros foram nomeados por
Lula e Rousseff e é notório que o ministro Lewandowski procura retardar ao
máximo o julgamento, enquanto o ministro Toffoli que deveria ter se considerado
impedido de participar dadas suas ligações com José Dirceu permanece para
votar. Mais ainda, o julgamento ainda levará bom tempo e, apesar da maioria dos
ministros estarem seguindo o voto técnico do ministro Barbosa não se sabe o que
vai acontecer. Por que, então, o desespero dos defensores de Lula?
Golpe é dos
que afrontam o Judiciário. Parecem querer igualar esse Poder independente ao
servil Legislativo. Até a presidente Rousseff, de forma prepotente e imprópria,
mandou recado para o ministro Joaquim Barbosa por ter este citado uma sua
afirmação quando era ministra de Minas e Energia. Ela deve pensar que ele faz
parte de seu ministério onde manda e desmanda.
Note-se que
quando o PT ajudou a derrubar o presidente Collor, tendo sido o então deputado
Lula que propôs o impeachment, ninguém falou em golpe. Muito tempo depois
Collor foi inocentado pelo STF.
Em todo
caso, muitos têm sido os azares do Lula que sem cargo já não dispõe da imensa
sorte que sempre o acompanhou. A doença lhe tira vigor nos palanques. As
campanhas não estão favorecendo os candidatos do PT. O pouco comparecimento aos
comícios em que ele aparece indica que a estrela do PT está decadente.
O julgamento
do “mensalão” e as urnas confirmarão se isso é verdade ou se novos tempos estão
por vir. Como se diz, “a esperança é a última que morre”.
Maria Lucia
Victor Barbosa é socióloga -|Imagens da Internet-PVeiga|-
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