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terça-feira, 25 de setembro de 2012
DEMOCRACIA É CHUTAR CAVALETES? PISAR NO TÍTULO ELEITORAL?
Por José Eugênio
Maciel
“Contam-se
votos. Descontam devotos. Tudo é votivo?” (Gudé).
“Uma sociedade só é democrática quando ninguém for tão
rico que possa
comprar alguém e ninguém seja tão pobre que tenha de se
vender”.
Jean-Jacques Rousseau
Assim como os candidatos
verbalizam o que pretendem fazer se forem eleitos, os eleitores poderiam
definir prioridades para o debate político-eleitoral. Uma ordem de importância
concreta é um critério a apontar, para a própria sociedade, os temas que
merecem destaque.
Infelizmente até aqui em Campo Mourão
ganha destaque assuntos menores, pitorescos até mesmo desnecessários, mas que
geram maior repercussão, espelhando em sentido amplo que a política é
desprezada por muitos eleitores que preferem se omitir ou voltar os olhos para
o que é burlesco. É cômodo perceber o crescimento generalizado e destituído de
qualquer conhecimento e responsabilidade, dando a entender – aliás falsamente e
em momentos específicos, pior - que os candidatos são por si sós escórias
sociais.
Não se trata de defender os políticos,
mas de lembrar um fato tão simples quanto menosprezado por parcela
significativa do povo: os governantes são escolhas nossas, cabendo um mínimo da
parcela de responsabilidade inerente ao voto. A política está presente em tudo,
embora se suponha que ela exista apenas no âmbito do que é público e nas hostes
estatais. O nosso cotidiano tem interferências vitais para o bom ou para o
ruim, tudo numa relação de causa e efeito da política como a ciência do poder,
poder emanado em tese pelo próprio cidadão, que aliás só é cidadão em larga
medida conforme a consciência que possui ao exercer direitos e deveres.
Repercute na internet uma campanha para
chutar cavaletes, uma forma de protesto estimulado virtualmente para ser
praticado contra placas da propaganda eleitoral. Antes que se possa pensar
alguma contrariedade ao que é liberdade democrática, é evidente que motivos
existem para tamanho descontentamento em relação à classe política, haja vista
os escândalos como o mensalão. Contudo, a forma de protestar não
contribui para a politização do processo eleitoral, cuja repulsa torna mais
árida e grotesca, assemelhada ao voto em branco e a anulação.
Os candidatos que se apresentam são
fruto do grau de consciência política e social e do nível de conhecimento,
participação e envolvimento populares.
Aliás, descendo ao nível de uma
discussão pobre e tosca, não faltam aqueles que afirmam que os cavaletes são
perigos iminentes, acidentes que poderiam ou teriam ocorrido por causa da obstrução
da calçada e a falta de visibilidade por parte dos motoristas. As pessoas se
sentem à vontade para criticar “tudo que está aí na política”. Não se trata de
negar-lhes o motivo, mas seguramente que o tema não poderia ser o mais
debatido, uma vez que ele não contribui sobejamente para a reflexão sobre as
escolhas que faremos no dia sete de outubro.
Sobre os candidatos é como discutir a
cor dos olhos, da roupa que usam, a religião que têm ou o time pelo qual
torcem, fatores que não podem exclusivamente definirem as razões para escolher
o próximo prefeito e vereadores. Tampouco realizar uma escolha tendo como fator
determinante um interesse individual ou classista.
Enquanto o voto for visto como
obrigatoriedade e não como um direito essencial na qualidade de cidadãos, ser
indiferente a política não impede que ela aconteça. Chutar cavaletes é um modo
tacanho de pisar no próprio título de eleitor, transferindo o papel e a
responsabilidade de escolher para outros, banalizando a liberdade e a
democracia. É não distinguir e ao mesmo tempo relacionar a escolha do poder e o
poder da escolha.
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