quarta-feira, 26 de setembro de 2012
OS MILITARES E O PT
Por Juraci
Rocha | Questões Insanas |
As elites
militares brasileiras sempre tiveram papel preponderante na política nacional.
Direta ou indiretamente se envolveram com todos os grandes acontecimentos de
nossa história, desde as guerras de libertação, a Proclamação da República e o
próprio assim chamado regime militar. Quando vigiam governos civis movimentos
militares não foram raros, quase ao ponto da sedição.
Ocorre que
nos últimos dez anos de governo do PT os militares emudeceram e têm guardado um
silêncio cúmplice com as ações do partido governante. Como explicar? Toda a
gente achava que havia um abismo entre a elite militar e os socialistas do PT.
Será?
Os militares
nunca gostaram do Partido Comunista – o Partidão – porque este sempre se
colocou a serviço de governos estrangeiros. Essa subserviência desagradava não
apenas aos militares, mas a toda elite nacional. É inadmissível para dirigentes
brasileiros a hipótese de governantes estrangeiros imperarem por aqui. Mas eles
jamais foram liberais e sempre desposaram as ideias que colocam o Estado como
fonte do desenvolvimento e como expressão do poder nacional. Basta ver que,
embora não apoiassem a revolução de Getúlio Vargas, a ele deram todo apoio para
que instalasse uma longa e dura ditadura.
A inovação
do PT é que ele fundou o Foro de São Paulo, que outra coisa não é que não a
tentativa de fazer do Brasil a sede do movimento revolucionário
latino-americano. Será talvez, o Foro de São Paulo, a manifestação imperialista
‘brasileira’ mais explícita da história. E, ao fazê-lo, o PT seduziu os
militares, pois outra coisa não pensa nossa elite castrense, que não a ideia de
que a América do Sul é o território de sua ascendência. A prova histórica disso
foi a visita que João Figueiredo fez a Ronald Reagan para comunicar que o
Brasil não toleraria o desembarque de tropas inglesas no solo continental, por
ocasião da Guerra das Malvinas, e mais: que o Brasil entraria na guerra tão
logo isso acontecesse, para expulsar os invasores.
O Foro de São
Paulo é hoje o condutor da política externa brasileira, Sul-Sul, que busca dar
plena autonomia à diplomacia, especialmente diante das posições dos Estados
Unidos. Bem sabemos que os militares sempre tiveram suas suspeitas e má vontade
para com a grande nação do Norte. Por muito pouco Geisel rompeu um histórico
tratado militar nos seus tempos de governante.
A diferença
fundamental entre o PC histórico e o PT é essa, que este último pretende
implantar seu reino imperial por aqui, tornando Brasília a capital do novo
Estado soviético renascido. Isso bastou para que a elite castrense não apenas
aceitasse sem ruídos o novo governo, mas viesse a apoiá-lo em suas empreitadas
diplomáticas: Haiti, Zelaya, FARC, Equador, Paraguai. Onde o Brasil teve que
atuar ou ceder para fortalecer parceiro tudo foi feito, sob o silêncio cúmplice
dos militares.
É isso que
explica a relativa calma dos quartéis na última década. O PT deu aos militares
a plataforma imperialista com que tanto sonharam.
Sobre o
Autor: José Nivaldo Gomes Cordeiro é
economista e mestre em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas
(FGV/SP), ocupou vários cargos na administração federal e é hoje Diretor de
Operações do Grupo Nobel de Livrarias.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário