domingo, 16 de setembro de 2012

UMA EXPEDIÇÃO DE AMIGOS

Hiram Reis e Silva, Bagé, RS, 16 de setembro de 2012.

Vosso amigo é a satisfação de vossas necessidades. Ele é o campo que semeais com carinho e ceifais com agradecimento (Gibran Khalil Gibran - Amizade)
A Expedição General Belarmino Mendonça nasce sob a benção de amigos. Reproduzo o e-mail de um deles, meu querido xará, parceiro desde a jornada do Solimões, o caro Cel Hiram Câmara.
E-mail do Cel Cel Hiram Câmara
Vitorioso Xará:
Com que alegria li sua mensagem.
Não é uma vitória apenas sua: é de todo o Brasil.
Em tempos de competições internacionais envolvendo nosso País, esta em que você vinha disputando sozinho, até o presente, e em todas as provas, contra si próprio - mesmo as de revezamento - o fato de a Nação Brasileira, passar, oficialmente, a remar junto, tem o significado de reforçar-lhe o ânimo e assegurar o esforço brasileiro a seu lado, na “Olimpíada” de valorização da Amazônia Brasileira a que se propôs há uma dezena de anos atrás.
Em especial, porque este reforço, de peso, está representado por Chefes Militares Brasileiros com a compreensão do valor geopolítico do Brasil e da posse do quinhão territorial da Amazônia que a competência diplomática e militar de nossos antepassados conquistou e manteve, com tenacidade histórica, sob o manto da moralidade jurídica de Tordesilhas. Militares que hoje ocupam funções de alta responsabilidade na estrutura da Alta Administração da Força Terrestre, sensíveis à importância geoestratégica da missão a que você se impusera. 
Estou vibrando, xará, ao perceber as ondas concêntricas na água depois da batida do remo, ampliam-se e chegará o dia em que todos os brasileiros, e o mundo, despertados pela mídia, ouvirão, no silêncio de suas almas, o ruído de seu remo, batendo na água dos imensos rios da Bacia Amazônica no Território Brasileiro. E, aos poucos, entrarão em sintonia com a sensibilidade de quem vibra batidas ritmadas por seu coração, puro e bom. Não temo apontá-lo, no reconhecimento do futuro, um brasileiro com alma de Rondon, um bandeirante de nossa época, solitário até pouco em seu sonho, adequado há seu tempo, no desenho da missão, com o mesmo sentimento integrador, de brasilidade e pacificação de espíritos.
Poderiam, se contemporâneos, ter sido Mestre e Aluno, ambos, sem qualquer temor do metro a pisar frente. Cândido Mariano, valente pioneiro, em tempos do passo a passo nas trilhas abertas, onde civilizado algum havia pisado. Rigoroso e disciplinado no estender os fios pelos quais, a cada parada, comunicava-se com a retaguarda à crescente distância em quilômetros; e dali, lançava sua mensagem telegráfica à imensa “distância” do ambiente deste início de século XXI. Tempo de impensáveis meios de comunicação que hoje, correm a favor da correnteza.  
Porém, se Cândido Mariano contava, desde o início, com a estrutura do Estado para a missão oficial que cumpria, esse Hiram Reis e Silva, que você é, e de quem tanto me orgulho ser xará, navegou até pouco, por iniciativa própria, sem qualquer estrutura oficial de apoio, impulsionado pelo vigor de seu braço e de seu coração de mestre dessa época. Inicialmente, multiplicando sentimento nacional nas mentes e nos corações de seus jovens alunos do Colégio Militar de Porto Alegre. 
Hiram, até poucos dias, você navegou remando, o tempo todo, contra o fluxo da correnteza da Vida, e muitas vezes, contrapondo-se às corredeiras de um ambiente burocrático que lhe parecia ser de amazônica dimensão. Estou certo de que, em sua modéstia, não concordará com a citação de seu nome ao lado de Rondon. Aguardemos o reconhecimento de sua missão gigantesca quando completada, o que sempre julguei um desafio “amazônico”.
Porém, ao tomar conhecimento que, por meio da sábia decisão de Chefes Militares de consciência geopolítica, sua missão patriótica e voluntária, passará a contar com o apoio oficial de todas as Organizações Militares da Bacia do Juruá/Solimões, reforça-me a esperança de que aqueles que verdadeiramente amam o Brasil - e não a internacionalização ou a dilapidação de qualquer porção de nosso Patrimônio Territorial, - e acompanham sua saga, chamando a atenção para a valorização nacional da Amazônia Brasileira, poderão reconhecer o peso dessa decisão de Estado, representada por homens que pensam o Brasil, por sua verdadeira dimensão geopolítica e geoestratégica.
Com que satisfação li esses nomes, que acompanho e conheço desde suas formações, confirmando, no nível de decisão que hoje ocupam, a grandeza que sempre demonstraram, até atingirem os altos cargos que hoje ocupam: General de Exército Eduardo Dias da Costa Villas Bôas, Comandante Militar da Amazônia; General de Exército Ueliton José Montezano Vaz , Chefe do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEX); General de Divisão Antonio Hamilton Martins Mourão, do seu Vice Chefe, do DECEX e companheiro de Turma (Tu/1975) do Coronel Hiram Reis e Silva, na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), e Coronel de Cavalaria Francis de Oliveira Gonçalves, Comandante CMPA, todos da estrutura militar da Força Terrestre, em suas atuais e importantes funções; e o Diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), autarquia federal vinculada ao Ministério dos Transportes, General de Divisão Jorge Ernesto Pinto Fraxe.
Com o apoio de todos, e sob a chefia do General Villas Bôas, a Nação Brasileira remará junto, conforme consta da Ordem de Serviço n° 012 -E3.IM/CMA, de 1° de agosto de 2012, que versa sobre a EXPEDIÇÃO GENERAL BELARMINO MENDONÇA que passa a englobar diversos e importantes projetos de natureza geopolítica e geoestratégica, na Bacia Amazônica nos limites nacionais, com sua participação ativa. É a vitória de uma vida. 
De meus “pagos” cariocas, vêm-me à mente os tempos de 1963/64, servindo na Amazônia, e depois na década de 90, quando participei de um enorme projeto educacional para populações de muitos municípios ribeirinhos, alcançando as comunidades vizinhas às Organizações Militares na faixa de fronteira.
Vêm-me, então à cabeça, algo que ouvia sempre de um companheiro gaúcho que dizia a cada resultado em Física: “No está muerto quien pelea” e realmente não estava, pois viria a ser um excelente oficial; e, ainda têm forte acento gaúcho a citação do poema de Jayme Caetano Braun “Vento Xucro”:

“Vento xucro do meu Pago
Que nos Andes te originas
Quando escuto nas campinas
O teu bárbaro assobio,
E sinto o golpe bravio
Do teu guascaço selvagem
Eu te bendigo a passagem,
Velho tropeiro do frio. (...)”

Pois, amigo, aí está, com grande alegria e respeito, “eu te bendigo a passagem”, pelas mentes e corações dos que ouviram o bater de seus remos nas águas da Soberania na Amazônia e só me resta felicitar a você, àqueles Chefes Militares com consciência geopolítica, à Amazônia, e ao Brasil.
O que agora ocorre é o reconhecimento por seu trabalho, graças à percepção daqueles Chefes, a estimular sua expansão, pelas gerações de alunos que você educou e educa, passando a dedicar-se, oficialmente, a algo que sempre realizou com acuidade e perícia: a pesquisa. 
Você foi muito preciso na escolha de outra citação, esta de Dalai Lama:
Quando surge um problema, você tem duas alternativas - ou fica se lamentando, ou procura uma solução. Nunca devemos esmorecer diante das dificuldades. Os fracos se intimidam. Os fortes abrem as portas e acendem as luzes. (Dalai Lama) 
Sob essa luz, um forte abraço do xará, Hiram 
Cel Hiram Câmara, AHMTB, IGHMB e Centro de Estudos THEMAS.
Livro do Autor 
O livro “Desafiando o Rio-Mar – Descendo o Solimões” está sendo comercializado, em Porto Alegre, na Livraria EDIPUCRS – PUCRS, na rede da Livraria Cultura (http://www.livrariacultura.com.br) e na Associação dos Amigos do Casarão da Várzea (AACV) – Colégio Militar de Porto Alegre. Para visualizar, parcialmente, o livro acesse o link:
Coronel de Engenharia Hiram Reis e Silva
Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA); Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS); Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil - RS (AHIMTB - RS); Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS); Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional.

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