quinta-feira, 22 de maio de 2008

Aluísio Azevedo - Pobre Amor


Pobre Amor

de

Calcula, minha amiga, que tortura!
Amo-te muito e muito, e, todavia,
Preferira morrer a ver-te um dia
Merecer o labéu de esposa impura!

Que te não enterneça esta loucura,
Que te não mova nunca esta agonia,
Que eu muito sofra porque és casta e pura,
Que, se o não foras, quanto eu sofreria!

Ah! Quanto eu sofreria se alegrasses
Com teus beijos de amor, meus lábios tristes,
Com teus beijos de amor, as minhas faces!

Persiste na moral em que persistes.
Ah! Quanto eu sofreria se pecasses,
Mas quanto sofro mais porque resistes!

ALUISIO TANCREDO GONÇALVES DE AZEVEDO

Nascimento: 14/04/1857, São Luis, Maranhão, Brasil
Falecimento: 21/01/1913, Buenos Aires, Argentina
Cônsul e romancista influenciado por Zola, inicia o naturalismo no país; autor de "O Mulato" (1881) e "O Cortiço" (1896).

"As grandes crises podem divinizar ou prostituir uma consciência, do mesmo feitio que um grande amor pode divinizar ou prostituir uma mulher."



Nenhum comentário: