MINHA BIBLIOTECA
Pátria e lar do pensamento,
porto do coração.
Minha loja de sonhos, mercado de emoções
onde faço pelas madrugadas a minha "feira"
para reabastecer meu espírito de realidades e ficções
e sobreviver.
Aí estão as prateleiras sortidas, estoques inesgotáveis
de fantasias a experiências
para a minha fome de conhecimentos, minha sede
de descobertas,
minhas ânsias de beleza.
É só estender a mão e colher o livro
como um fruto maduro que lentamente degusto
e, milagrosamente,
permanece inteiro, íntegro, intacto
entre folhas e flores
e surpreendentemente se renova e multiplica
em inusitados sabores.
Minha biblioteca
parque de papel e palavras
onde me perco em andanças e onde me reencontro
em tantos caminhos desconhecidos,
bosque de tantos livros, como as árvores
com quem Beethoven conversava
em seu bosque de Bonn.
Meus livros, companheiros pacientes e silenciosos
com quem dialogo horas sem conta,
que não discutem, não alteiam a voz
em tantas discordâncias inevitáveis,
e humildemente se fecham e se recolhem
a um simples gesto meu de impaciência, cansaço
ou de sono.
Minha biblioteca,
abrigo certo
oásis de águas e sombras
no imenso deserto,
que me faz decolar de tantas realidades
e planar como uma asa-delta
sozinho, sobre paisagens insuspeitadas.
Minha biblioteca,
pousada no caminho
onde me sento, a pensar,
e onde chego a esquecer que há um mundo
rosnando ameaças ao redor,
e adormeço como um menino
feliz..
(Poema de JG de Araujo Jorge
do livro "Tempo Será" – 1986 )
Um comentário:
Prezado amigo Pedro da Veiga.
Parabéns pelo belo trabalho.
Feliz coincidência a publicação em 18/05/2008 do poema " Minha Biblioteca", dois dias antes do aniversário do Poeta - 20/05/191 - 27/01/1987.
O fato de ter copiado integralmente de nosso site, só nos enche de satisfação, mesmo não tendo sitado a fonte. Para nós, o mais importante é manter viva a Poesia de J. G. de Araujo Jorge.
Abraço cordial
Olga Gomes
webmaster www.jgaraujo.com.br
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