terça-feira, 20 de maio de 2008

Olegário Mariano - Conselho de Amigo


Conselho de Amigo

de

Cigarra! Levo a ouvir-te o dia inteiro,
Gosto da tua frívola cantiga,
Mas vou dar-te um conselho, rapariga:
Trata de abastecer o teu celeiro.

Trabalha, segue o exemplo da formiga,
Aí vem o inverno, as chuvas, o nevoeiro,
E tu, não tendo um pouso hospitaleiro,
Pedirás… e é bem triste ser mendiga!

E ela, ouvindo os conselhos que eu lhe dava
(Quem dá conselhos sempre se consome…)
Continuava cantando… continuava…

Parece que no canto ela dizia:
- Se eu deixar de cantar morro de fome…
Que a cantiga é o meu pão de cada dia.

Olegário Mariano (O. M. Carneiro da Cunha), poeta, político e diplomata, nasceu em Recife, PE, em 24 de março de 1889, efaleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 28 de novembro de 1958. Era filho de José Mariano Carneiro da Cunha, herói pernambucano da Abolição e da República, e de Olegária Carneiro da Cunha. Fez o primário e o secundário no Colégio Pestalozzi, na cidade natal, e cedo se transferiu para o Rio de Janeiro. Freqüentou a roda literária de Olavo Bilac, Guimarães Passos, Emílio de Meneses, Coelho Neto, Martins Fontes e outros. Estreou na vida literária aos 22 anos com o volume Angelus, em 1911. Sua poesia falava de neblinas, de cismas e de sofrimentos, perfeitamente identificada com os preceitos do Simbolismo, já em declínio. Em concurso promovido pela revista Fon-Fon, em 1938, Olegário Mariano foi eleito, pelos intelectuais de todo o Brasil, Príncipe dos Poetas Brasileiros, em substituição a Alberto de Oliveira, detentor do título depois da morte de Olavo Bilac o primeiro a obtê-lo.
Sua poesia lírica é simples, correntia, de fundo romântico, pertinente à fase do sincretismo parnasiano-simbolista de transição para o Modernismo. Ficou conhecido como o "poeta das cigarras", por causa de um de seus temas prediletos.

2 comentários:

graça lapa disse...

Sou descendente de Olegário Mariano e tenho poesias inéditas escritas por ele num caderno de recordações de uma tia avó de meu pai. como registrá-las para depois tornar públicas?

Pedro da Veiga disse...

Olá Graça. Foi uma prazer enorme receber seu e-mail, em que noticia a publicação de seu comentário na postagem "Olegário Mariano - Conselho de Amigo" em meu blog e informando sobre as poesias inéditas desse grande poeta, para registrá-las você deverá se dirigir a um Cartório de Registro de Títulos e Documentos e para torná-las públicas você deverá procurar uma editora e fazer um contrato caso lhe interesse, outra sugestão seria entrar em contato com a Academia Brasileira de Letras, neste site: http://www.academia.org.br/. mantenha-me informado, quero acompanhar o desenrolar desse seu magnífico trabalho, pois sou um fã de Olegário e por certo essas poesias contidas nesse seu relicário, caderno de recordações, de valor muito precioso trará muitas recordações afetivas do imortal poeta.
Abraços: PVeiga