segunda-feira, 3 de setembro de 2012

DEBATE: DÊ OU BATE EM QUEM?

“O nada de um ser humano somado aos seus semelhantes é multiplicação positiva, o tudo” (Gudé)

Por José Eugênio Maciel
“O erro democrático é sempre melhor que o possível acerto autoritário”
Eduardo Portela                                                                       
            É diferente a apresentação dos candidatos no horário eleitoral gratuito quando comparada com os debates. Enquanto na primeira situação pode-se ensaiar, gravar e regravar, enfim produzir um bom conteúdo publicitário, nos debates ao vivo logicamente que é instantâneo, além de todos os candidatos estarem frente a frente, inclusive tendo a oportunidade de realizarem perguntas e questionamentos entre si.
         Ninguém, ao menos publicamente, admitiria ter ido mal e muito menos se considerar derrotado em um debate. É comum uma preocupação das assessorias repercutirem o que considerarem melhor dos seus candidatos.
Se não são pouquíssimos os que acompanham, é certo afirmar que não são muitos os que assistem ou ouvem os debates, a começar pelo notório desinteresse do eleitorado quanto à política.
           Na última quinta-feira os candidatos a prefeito de Campo Mourão estiveram reunidos no debate promovido pela TV Tarobá de Cascavel. José Turozi (PV), Regina Dubay (PR) e Tauillo Tezelli (PPS) compareceram. Aliás, ninguém faltou a nem um dos debates realizados até aqui.
         A participação deixa evidente que os postulantes fazem questão de participar dos debates, revelando o posicionamento democrático de todos eles.
É possível considerar que a disputa eleitoral está equilibrada, avaliação que eles próprios devem ter feito, ao menos em um dado momento.  A ausência em tais encontros acarretaria algum tipo de perda que poderia refletir no resultado das urnas.
É cabível um raciocínio às avessas, se de fato fosse amplamente perceptível por análises ou pesquisas de cunho científico uma ampla (ou boa) vantagem de algum dos candidatos, não seria necessariamente surpresa que ele então não fosse aos debates para não correr riscos, até porque seria sistematicamente atacado pelos demais. Exemplos históricos existem, nas disputas presidenciais, estaduais e mourãoense. Outro aspecto nesta mesma linha de raciocínio, o candidato que tivesse em queda vertiginosa em termos de pesquisas, partiria para o tudo ou nada na reta final. Portanto, comparar o comportamento dos candidatos a cada debate é um termômetro da reação deles mesmos ante ao eleitorado.
         Dispensando pormenores – sem desmerecê-los - do mencionado debate televisivo, narrar fatos ou fazer considerações a respeito do desempenho e mesmo de uma análise das ideias e exposição de motivos pelos concorrentes, o que ficou claro foi o equilíbrio da fala, gesticulação, perguntas entre si.
           Medindo palavras quando delas faziam uso ou atentamente no momento em que o oponente perguntava ou respondia, eles tiveram o cuidado de manter o bom nível, fazendo provocações não tão incisivas. E qual a razão de todo esse cuidado? A precaução. Eles sabem que o debate pode não representar tanto em termos de se amealhar votos e vencer as eleições. Entretanto, um escorregão verbal, uma crítica ácida que fugisse ao controle que pudesse levar a uma resposta contundente, ou ainda uma colocação que gerasse dupla interpretação, poderia comprometer a disputa eleitoral.
         Dispor de uma pesquisa confiável cientificamente elaborada é essencial. Entretanto, não é tudo. Será preciso interpretar com acuidade todos os seus dados e, posteriormente, estabelecer estratégicas para agir política e eleitoralmente dentro de um prazo que já é de um mês. Tão importante quanto acertar é errar o menos possível. Agir de modo a não se deixar contaminar pelo “já ganhou” ou se prostrar visceralmente pelo espírito da derrota. Falar é saber sempre na medida do ouvir, papel do candidato e do eleitor, respectivamente.

Nenhum comentário: