sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

BIOMBOS IDEOLÓGICOS

Muitos dos atuais governantes e políticos, quando jovens, militavam em organizações políticas de feição marxista-leninista. Alguns, inclusive, participaram de ações e movimentos que tinham por objetivo a tomada do poder pelas armas .Vivíamos o auge da Guerra Fria, moldura que balizava posturas políticas bem definidas em todo mundo. Não havia espaço para indefinições.

Embalados pelo delírio de suas utopias, cometeram crimes, alguns até hoje inexplicáveis, imaginando substituir governos “entreguistas” que julgavam a serviço do Imperialismo Americano, por outros “salvadores” que implantariam a ditadura do proletariado. Não mediram consequências e cumpriram, com disciplina religiosa, os cânones determinados pela matriz sediada em Moscou.

O insucesso de suas inúmeras investidas na América Latina e, em particular no Brasil, os levaram a adotar estratégia menos cruenta. Cooptados por uma militância perseverante e fanática, passaram, através de orquestração bem conduzida, a divulgar os preceitos sugeridos por Antônio Gramsci, filósofo marxista italiano. Pela difusão e colocação em prática dos mencionados princípios dominaram o magistério universitário, os sindicatos e setores expressivos do clero e da imprensa.

Nossos estudantes e trabalhadores, anteriormente massacrados pela propaganda soviética, passaram a conviver e a receber de maneira coordenada e silenciosa os novos ensinamentos da Cartilha Gramscista.

Paralelamente à difusão desses princípios, retirar a participação e a interferência do segmento militar das decisões políticas seria o objetivo seguinte. De forma planejada o Governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso, adepto e arauto em sua juventude do maldito credo, propôs ao Congresso Nacional a criação do Ministério da Defesa, indicando para a nova pasta recém criada, políticos inexpressivos que não possuíam a menor condição de exercer essa nobre tarefa. Não conseguiu, contudo, dissimular sua principal intenção: retirar das mesas de decisão o segmento militar, que nos mais importantes momentos da nacionalidade brasileira sempre esteve presente.

Diante dos resultados desastrosos do sistema que vigorava no Império Soviético e em seus satélites, no mundo todo, e depois da queda do muro de Berlim, esses mesmos políticos, atordoados com o fracasso evidente de suas teses salvadoras, há anos escondem-se, cada um à sua maneira, por trás do mais badalado e conhecido biombo da história: O SOCIALISMO REAL- segundo seus seguidores, o último estágio que antecede a Sociedade ideal e sem pecados- A COMUNISTA.

A realidade, todos sabemos, foi muito diferente do que imaginavam. Sem respostas consistentes para explicar o fracasso, utilizam-se de repetidas justificativas para convencer os incautos da justeza de suas infelizes decisões. Não admitem jamais reconhecer o desacerto de suas escolhas juvenis.

Ao revés do bom senso, continuam trilhando os mesmos caminhos; basta ver o apoio dado às loucuras do vizinho bolivariano e as desastradas decisões de nossa diplomacia, conduzida pelo comissário político de plantão, com o mesmo viés ideológico, ao imiscuir-se em questões sensíveis que dizem respeito à soberania do povo hondurenho ou alinhar-se com a perigosa pretensão iraniana na questão nuclear.

Para o pleito que se avizinha, em 2010, os brasileiros que discordam desse rumo, pelo jeito não terão escolha: ou anulam o voto ou sufragam um entre os políticos até agora anunciados, todos nuances mais ou menos descoloridas da mesma facção.

Sem dúvida, uma tática inteligente que se encaixa perfeitamente com a omissão dos homens honrados; com a concordância alienante de expressivo contingente de indivíduos favorecidos pelas benesses do estado provedor e por uma sociedade apática e desfibrada representada por políticos medíocres e interesseiros.

O pior é que do outro lado do Biombo estamos todos nós.
Carlos Augusto Fernandes dos Santos

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