sexta-feira, 22 de abril de 2011

CRISTO ENTENDIA DE AMOR E NÃO DE SOFRIMENTO

Até eu, um descrente, tenho que tirar o chapéu para o texto muito interessante, lógico e oportuno de Raphael Curvo, publicado no blog do Giulio Sanmartini, sobre Jesus Cristo e as formas de admirá-lo.

Retire o Cristo da Cruz

Dentro de 22 anos acontecerá a passagem do 2º milênio da crucificação do Senhor Jesus Cristo. A esta hora, com apenas 10 anos de vida [há 2 mil anos], deveria estar brincando com outras crianças, presumo. Nada se sabe da infância de Jesus e mesmo ele nada fala a respeito aos seus apóstolos sobre o seu passado, da sua infância e juventude.


Sabe-se de alguns comentários registrados na história de que Jesus era um jovem que encantava a todos pela sua fala simples e de muita compreensão. Deixava os grupos que o ouviam surpresos pela sua pregação. O Grande Mestre veio para dar rumo à vida na terra.

Desde que convocou os apóstolos para acompanhá-lo na sua peregrinação, Jesus pautava suas falas no amor entre os homens. Em tudo que falava e pregava o amor, a bondade e o respeito prevaleciam. Não há nenhum único registro em que Jesus tenha desejado o mal. Uma sociedade menos desigualitária norteava os seus discursos e movia o seu grupo de pregadores na tarefa de levar e expandir os princípios de sua mensagem de amor e de confraternização entre os homens. A palavra chave e base de toda sua política de congraçamento, até hoje e sempre, é o amor. De origem agregadora e de aproximação entre os povos, esta palavra, em nossos dias perdeu o sentido lato e transformou-se em mera aproximação física, movida a interesse individual, egocêntrico.

Daí, talvez, a juventude não entender as mensagens que a pregação do cristianismo realiza nas suas mais variantes correntes de Igrejas. Estas por sua vez, buscam por fiéis em discurso misto de amor e ódio. Enfatizam o medo como fonte de angariar pessoas à sua estrutura de pregação religiosa. Pregam pelo sofrimento de Jesus e pelas ameaças contidas em mensagens de que o pecado é mortal à alma dos vivos. Imprimem um terror religioso e de que fora do fundamentalismo tudo o mais não é permitido. Desvirtuam o sentido da mensagem de Jesus de amar uns aos outros, de não olhar os nossos pecados, mas a fé que nos anima a crescer como ser humano, de desenvolver honestidade e um mundo ético e de respeito com o próximo.

Jesus, entendo, veio não para perdoar os pecados até porque não se tinha um parâmetro, mas para dar um sentido de vida e de agregar povos e raças na busca de um bem viver. Não trouxe a mensagem de conflitos entre ricos e pobres, mas a distribuição igualitária de possibilidades aos homens de poderem se construir. Pregou pela construção da família como célula da organização social e a estrutura do desenvolvimento humano. Enfim, deixou regras de convivência que até hoje, dois mil anos depois, ainda servem de base a existência humana, seja lá qual for sua opção religiosa ou não.

Continuar explorando o sofrimento de Jesus Cristo na cruz chega a ser impiedoso com os fiéis do cristianismo. O mundo, quem sabe, seria bem melhor se as Igrejas cristãs pelo mundo o retirassem da cruz e levassem aos homens o Jesus Cristo, filho de DEUS que se fez homem. O discurso das Igrejas cristãs tem que mudar e falar a linguagem da paz e do amor. Arrebanhar fiéis pela fala da irmandade e não do medo, do terror. Chegar aos jovens com mensagens de amizade e companheirismo e não da imposição, do mando. Está na hora de retirar Jesus da cruz. Não prego pela extinção do símbolo em que ela se tornou, mas não é necessário mais tê-lo em imagens agressivas, de violência.

Ao tirá-lo da cruz, é possível que a humanidade o sinta mais próximo e mais carinhoso, sinta o Jesus Cristo vivo, caminhando lado a lado conosco em toda nossa vida. Em minha casa ele jamais ficará pregado a uma cruz, cheio de sangue e sofrimento, que traz a mensagem da violência. Não é essa imagem que me move no seu caminho, mas a imagem de paz e amor que deveria e deve mover o mundo. Retire Jesus Cristo da cruz.
Fonte: Brasil-Liberdade e Democracia - Blog do Ricardo Froes.

Nenhum comentário: